Planilhas mostram que PCC paga até o ‘leite das crianças’ para presos

Os documentos mostram que gastos diversos das casas de apoio a famílias de integrantes da facção nas proximidades de presídios eram bancados pelo caixa do grupo.

Planilhas mostram que PCC paga até o 'leite das crianças' para presos

Diamantino Junior

Publicado em: 06/09/2020 às 08:06 | Atualizado em: 06/09/2020 às 08:07

Planilhas analisadas pela Polícia Federal em um inquérito contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) revelam minuciosa organização contábil interna.

Os documentos mostram que gastos diversos das casas de apoio a famílias de integrantes da facção nas proximidades de presídios eram bancados pelo caixa do grupo.

Na tabela que o Painel teve acesso aparecem:

  • açougue
  • manutenção e instalação de chuveiro
  • táxi
  • frutas
  • verduras
  • “leite para as crianças”

A investigação aponta que as mesadas variam de acordo com os serviços prestados ao comando.

Segundo o inquérito policial, existem três escalas de valores de repasses mensais:

  • R$ 1.500 para os presos por envolvimento em situações particulares
  • R$ 3.000 para quem entrou no presídio por relação direta com a organização
  • R$ 4.000 para detidos em razão de missão determinada pelo PCC, como o assassinato de agentes públicos.

A investigação culminou na deflagração da segunda fase da operação Caixa Forte, na segunda-feira (31) passada.

Segundo a PF.  a maior ação da história da corporação no combate a facções criminosas, segundo o delegado Cairo Duarte, superintendente em Minas Gerais.

 

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A missão envolveu o cumprimento de 623 ordens judicias, sendo 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão.

O dinheiro utilizado pelo PCC, sugere a investigação, é proveniente do narcotráfico. Segundo a polícia, as movimentações bancárias dos investigados são incompatíveis com a renda e patrimônio.

Coordenador geral de repressão a drogas e facções criminosas da PF, o delegado Elvis Secco, tem dito que o foco do órgão é o de sufocar financeiramente as facções.

Como mostrou a Folha, o ex-guerrilheiro chileno Maurício Hernández Norambuena, 62, um dos sequestradores do publicitário Washington Olivetto em 2001, está na lista das pessoas ligadas ao PCC que tiveram a prisão decretada pela Justiça de Minas.

 

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Foto: Reprodução