O Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) emitiram, nesta terça-feira (22), nota conjunta sobre o relatório do governo francês a respeito do Acordo Mercosul-União Europeia .
O documento faz uma série de críticas aos aspectos ambientais, relacionados à atividade agropecuária, sobretudo à produção de carne bovina e ao desmatamento.
Em suas redes sociais, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que o desmatamento ameaça a biodiversidade e perturba o clima.
E que o relatório apresentado por Stefan Ambec [pesquisador da escola de economia de Toulouse e responsável pelo departamento de energia e clima] reforça a posição da França de se opor ao proposto acordo UE-Mercosul.
“A consistência dos compromissos ambientais do nosso país e da Europa depende disso”, declarou o primeiro-ministro francês.
A França, assim como outros países do bloco europeu, quer impor condições ambientais para que as negociações tenham seguimento.
Brasil dá exemplo, afirma governo
Para o MRE e Mapa, o Brasil já mostrou que é capaz de aumentar sua produção de carne, soja e milho ao passo em que diminui o desmatamento.
Informam que, de 2004 a 2012 [nos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff], o desmatamento da região chamada de Amazônia Legal caiu 83%, enquanto que a produção agrícola subiu 61%.
Nesse mesmo período, o rebanho bovino cresceu em mais de 8 milhões de cabeças, chegando a 212 milhões em 2012.
“Esses dados inserem-se em tendência histórica de intensificação da agropecuária brasileira e dos decorrentes ganhos de produtividade, em sintonia com a preservação ambiental”, diz a longa nota dos dois Ministérios.
Implicações e socioeconômicas e ambientais
Na visão do governo do Brasil, a não entrada em vigor do Acordo Mercosul-UE passaria mensagem negativa e estabeleceria claro desincentivo aos esforços do país para fortalecer ainda mais sua legislação ambiental.
“O governo brasileiro refuta qualquer afirmação de que o acordo aumentaria a destruição da floresta amazônica. Reafirma, no entanto, que traz compromissos adicionais aos direitos ambiental e comercial multilateral para regular os fluxos comerciais atuais e futuros a bem da garantia da sustentabilidade ambiental”, diz o comunicado.
Além disso, a não assinatura teria implicações sociais e econômicas negativas, que poderiam agravar ainda mais os problemas ambientais da região.
“Não ratificá-lo implicará lacuna importante no fortalecimento da relação entre as partes e na reiteração de um livre comércio sustentável e responsável, que proporcionará prosperidade com preservação da natureza, resultante da melhoria das condições econômicas”, diz a nota dos Ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura.
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