Amazonas tem aumento de 3,8% em mortes violentas em 2020
O Amazonas está no Anuário Brasileiro de Segurança Pública com seus números mapeados até junho deste ano.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 20/10/2020 às 06:38 | Atualizado em: 20/10/2020 às 10:37
O Amazonas registrou mais 544 vidas perdidas pela violência, neste ano, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Esse número representa crescimento de 3,8% até junho. No mesmo período de 2019 ocorreram 514 mortes violentas.
Os dados se confirmam mesmo com a população enfrentando a pandemia da covid-19 e maior distanciamento social.
O Amazonas ficou, por sua vez, entre os seis estados que apresentaram crescimento abaixo da média nacional.
A taxa é resultado da soma dos homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais. A seguir, vem também as mortes decorrentes de intervenções policiais em cada estado.
Os dados divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020 foram divulgados nesta segunda-feira, dia 19.
Com a epidemia, a expectativa dos especialistas em segurança, no entanto, era uma baixa no número de casos.
Dessa forma, no caso do homicídio doloso, quando há a intenção de matar, foram 456 casos contra 450 do ano passado.
Os registros de latrocínio (roubo seguido de morte) chegaram a 22 neste primeiro semestre. Enquanto isso, no mesmo período do ano passado foram 25. Já a lesão corporal, seguido de morte, foram 12 casos e outros 13 no primeiro semestre de 2019.
Morte de policial
O anuário revela também que apenas um policial foi vítima de morte, este ano, contra quatro no mesmo período de 2019.
As intervenções policiais, entretanto, que resultaram em mortes chegaram a 54 contra 36 do ano passado. Observa-se aí uma tendência de alta.
Conforme ainda o anuário, o número de as mulheres vítimas de homicídio doloso cresceu 3%. Ou seja, foram 34 vítimas contra 33 do ano passado.
Ainda de acordo com o relatório, cinco mulheres morreram vítimas do feminicídio contra sete no ano passado.
Por seu lado, o roubo e furto de veículos teve uma leve queda. Foram 1.950 no primeiro semestre deste ano contra 2.020 do mesmo período do ano passado, ou seja, menos 9,9%.
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Violência sexual e doméstica
Em relação a violência sexual e doméstica contra as mulheres houve um recuo de 17,7%. Assim sendo, foram 905 no primeiro semestre contra 1.099 de janeiro a junho de 2019.
As ameaças às mulheres no estado também diminuíram. Enquanto no ano passado foram registrados 7.163 casos, no primeiro semestre deste ano foram 5.609, ou seja, uma redução de 21,7%.
O número de estupro em mulheres também caiu de 361 casos no primeiro semestre de 2019 para 264 casos de janeiro a junho deste ano.
Abaixo da média
Apesar do crescimento, o Amazonas com Piauí, Mato Grosso do Sul, Acre, Amapá, e Minas Gerais apresentaram taxas abaixo da média nacional.
O maior crescimento do período, portanto, foi verificado no Ceará. O estado quase viu dobrar o número de mortes violentas no primeiro semestre de 2020. O crescimento foi de 96,6%, muito acima do cenário verificado nos demais estados.
“O Ceará viveu uma crise de segurança pública no início de 2020, com a greve da Polícia Militar que durou 13 dias no mês de fevereiro. Essa crise teve impactos importantes nos indicadores da segurança pública estadual no primeiro semestre.”
Além do Ceará, outros 13 estados apresentaram crescimento de mortes violentas intencionais acima da média nacional no primeiro semestre de 2020. São eles: Paraíba, Maranhão, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Tocantins, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo.
Apenas seis apresentaram redução no período. Pará (-25,1%), Roraima (-23,4%), Goiás, que não disponibilizou o número de mortes decorrentes de intervenção policial para o 1º semestre de 2020 (-17%), Rio de Janeiro (-10,9%) e Rio Grande do Sul (-7,2%) e o Distrito Federal (-2,1).
Foto: Fórum Permanente das Mulheres de Manaus – julho 2020