Cientista aponta subnotificação de mortos e contaminados no Amazonas

Entre as capitais brasileiras, diz Jessem Orellana, Manaus é a que apresenta o maior número de subnotificação de covid-19.

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Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 23/11/2020 às 19:28 | Atualizado em: 24/11/2020 às 13:46

O cientista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, disse, nesta segunda-feira (23), que os números oficiais de mortos e contaminados por coronavírus (covid-19) no Amazonas não são reais. Ele se referiu aos dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

Entre as capitais brasileiras, Manaus é a que apresenta o maior número de subnotificação de covid-19.

Morreram, portanto, na cidade, muito mais pessoas do que os mais de mil óbitos registrados entre junho e 19 de novembro passado. 

É o que afirma o pesquisador (foto) para quem os números divulgados pela FVS-AM não representam o quadro real de contaminados e mortos. 

“Esse é um número claramente mascarado”, afirma. Na sequência, arremata: “Pois Manaus, como diversos estudos científicos já mostraram, é uma das capitais com mais subnotificações de covid-19 do país”. 

De acordo com ele, o número é certamente maior. Em seguida, afirma que nesse mesmo período morreram mais 359 vítimas, supostamente, por Srag “não especificada”. A Srag, portanto, nada mais é do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave.

“Em português mais claro, possíveis mortes por covid-19, pois jamais foram notificadas mais que 30 mortes por Srag não especificada, em Manaus”, explicou.

Ele citou como exemplo o mês passado quando as mortes confirmadas por covid-19 quase dobraram em comparação com agosto. Passaram, portanto, de 122 para aproximadamente 250, um aumento de aproximadamente 100%. 

“Nos primeiros 10 dias de novembro, a mortandade continua a todo vapor, com média de aproximadamente 6 mortes diárias por covid-19, reafirmando e consolidando a segunda de contágio e mortalidade em Manaus”, lamentou. 

  

Rastreamento 

O cientista voltou a defender o rastreamento de contatos, a busca ativa de doentes e o rigoroso monitoramento desses indivíduos.  

Contudo, é preciso testar em massa a população ou adotar medidas que limitam a circulação do coronavírus. 

“Infelizmente, jamais implantamos, a contento, nenhuma dessas estratégias em Manaus”, diz Jesem. Em seguida, complementa: “Ao contrário, falhamos gravemente na primeira onda e estamos repetindo quase tudo novamente na segunda onda”. 

  

Foto: Reprodução/Globo News