O epidemiologista Jessem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, demonstrou preocupação com aumento do número de casos do coronavírus em Manaus. Para ele, uma segunda onda da doença estaria em vigor.
“Parintins, por exemplo, está mandando pacientes graves de avião para Manaus, via determinação judicial, só para piorar a já grave situação de Manaus”, disse o pesquisador ao BNC Amazonas.
Sob pena de perder credibilidade, ele aconselhou a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) a ser mais transparentes e exata nas informações fornecidas nos boletins diários sobre a doença.
“Tanto o estado do Amazonas como o governo federal deveriam, com certeza, estar cobrando mais agilidade e transparência”, afirmou.
Orellana também criticou a FVS-AM e o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, por atribuírem a um possível efeito sazonal o agravamento da epidemia em Manaus.
“Esclareço que, historicamente, jamais a sazonalidade foi responsável por um aumento grande o suficiente para elevar a níveis críticos a incidência de síndrome respiratória aguda grave (Srag) e, menos ainda, de mortes por Srag em Manaus”, afirmou.
Segundo ele, essa situação deixa claro o quanto “estamos distantes de um corpo técnico à altura do povo do Amazonas para lidar com a epidemia.”
Dessa maneira, complementa:
“Não é por acaso que Manaus está novamente afundada na segunda onda de contágio e de mortalidade do novo coronavírus”, disse.
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Sem segunda onda
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira, dia 28, o secretário Campelo disse que o governo ainda não considera que Manaus viva uma segunda onda da covid-19.
Por sua vez, reconheceu que a rede hospitalar se encontra pressionada, sobretudo o hospital e pronto-socorro Delphina Aziz. Essa é a unidade de referência no tratamento de pacientes com covid-19, cuja taxa de ocupação dos leitos estava neste dia 28 acima de 90%.
No caso de Parintins, o secretário disse que 50% dos leitos destinados a pacientes com covid-19 estão livres.
De acordo com ele, o aumento de casos em Manaus se deve à movimentação da população no feriado de 7 de Setembro e na campanha eleitoral.
Campelo anunciou que, na próxima semana, mais 42 leitos de UTI serão instalados na rede estadual.
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Foto: Chico Batata