Governo Bolsonaro já sabe que crianças ianomâmis morrem de covid

O vírus está causando tragédia entre os indígenas da reserva dos ianomâmis no estado de Roraima. Ministério da Saúde diz que vai ver se isso é verdade

Ferreira Gabriel

Publicado em: 28/01/2021 às 18:04 | Atualizado em: 28/01/2021 às 18:24

Um ofício do Conselho de Saúde Indígena Yanomâmi e Ye’kuanna (Condisi-YY) aponta que nove crianças morreram com sintomas de Covid-19 em duas comunidades na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

O documento, assinado pelo presidente do órgão, Júnior Hekurari Yanomami, pede ajuda para o envio de profissionais de saúde à região.

Em nota, o governo Bolsonaro, por meio do Ministério da Saúde informou que recebeu do Condisi-YY a comunicação das mortes.

A pasta informa que “está verificando junto ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami a veracidade das informações”. Conforme diz a nota, “o Dsei encaminhou uma equipe aos locais para averiguar a situação, mas ressalta que, até o momento, os óbitos não foram confirmados para Covid-19”.

Segundo o presidente do Condisi-YY, foram registradas quatro mortes na comunidade Waphuta. Portanto, foram duas delas no último dia 25, e outras cinco em Kataroa, região do Surucucu, em Alto Alegre, Norte de Roraima.

Os postos de saúde da região estão fechados há cerca de dois meses, ainda de acordo com o presidente.

No mesmo ofício em que ele solicitou providências à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Dsei-Y sobre as mortes, Hekurari também cobrou, com urgência, o envio de profissionais de saúde para a região.

A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil e também a mais vulnerável à Covid-19 na Amazônia.

Em três meses, o vírus avançou 250% nas comunidades, segundo relatório produzido por uma rede de pesquisadores e líderes Yanomami e Ye’kwana. De acordo com Herkurari, as crianças tinham entre um e cinco anos e não há como precisar a data exata de todas as mortes. Ele diz, contudo, que todas ocorreram no mês de janeiro.

Leia mais no G1

Leia mais

Foto: Júnior Hekurari Yanomami/Condisi-YY/Divulgação