Iram Alfaia , do BNC Amazonas em Brasília
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, responda criminalmente por difundir, em Manaus, o tratamento precoce como forma de reduzir as internações hospitalares na cidade.
Nesta sexta-feira (5), reportagem de O Globo revelou que equipes do Ministério da Saúde fizeram rondas pelas unidades da capital amazonense, nos dias 11 e 12 de janeiro, para falar sobre o tratamento precoce .
“Uma diretriz do ministério informava que os medicamentos orientados pelo órgão para o tratamento precoce de pacientes com a doença eram a cloroquina e a hidroxicloroquina, além do antibiótico azitromicina”, diz a reportagem.
Na ocasião, a cidade enfrentava o colapso com a falta de oxigênio para os pacientes com coronavírus (covid-19).
“Enquanto os moradores de Manaus sufocavam sem oxigênio nos hospitais, equipes do Ministério da Saúde passaram dois dias percorrendo postos de saúde para pressionar médicos a receitarem cloroquina”, protestou Freixo (foto ).
Para ele, a atitude é mais um crime para a ficha de Pazuello. “Já acionei o MPF para que ele responda por isso”, disse.
Na ação, o deputado diz que no recente e gravíssimo caso de Manaus, com o ápice da falta de oxigênio, o ministro “retardou a compra de oxigênio, mesmo sabendo da escassez do insumo dias antes, e submeteu a população manauara a risco de morte ao reiterar orientação do “tratamento precoce”.
Bolsonaro
No documento, o parlamentar diz que Pazuello tem retardado e, até mesmo, deixado de praticar condutas efetivas para diminuir a exposição da saúde da população brasileira ao risco de contaminação de covid-19, o que tem resultado no aumento do número de mortes pela doença.
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De acordo com ele, o ministro e o presidente Jair Bolsonaro reforçam a crença pessoal de que cloroquina/hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina são “cientificamente comprovados no tratamento da Covid-19” e, por esta razão, retardou a adoção de outras medidas.
“Não há comprovação científica sobre a eficácia da vacina, portanto, todos os procedimentos para aquisição da própria vacina e seus insumos estão atrasados e não há plano de vacinação para a população brasileira”, criticou o deputado.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/arquivo