Tucanos Arthur Neto e Plínio não se bicam no caso envolvendo Lula

Para defensores da suspeição de Sérgio Moro, a atuação dele violou o processo legal. Para Plínio, entretanto, a anulação de condenações enterra de vez a Lava Jato e o SF desmoraliza tribunais

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Publicado em: 09/03/2021 às 18:46 | Atualizado em: 10/03/2021 às 10:43

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) está entre as 400 personalidades políticas e artísticas que pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que julgasse a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.  

Para os signatários, há provas de “reiteradas violações do devido processo legal” nas condenações proferidas por Moro contra o ex-presidente Lula. 

O manifesto começou a ser organizado antes da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou todas as condenações de Lula pela Lava Jato: o caso do tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia. 

“Os diálogos trazidos a conhecimento público em resposta a petições da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal, nas últimas semanas, demonstram haver reiteradas violações ao devido processo legal”, diz o documento. 

Assim sendo, as personalidades pedem ao STF que reconheça as violações e, consequentemente, acolha plenamente o habeas corpus e anule todos os processos relativos a Lula nos quais houve participação dos procuradores da Lava Jato e do então juiz Moro. 

Portanto, “garantindo-lhe o direito a um julgamento justo conduzido por procuradores efetivamente públicos e por um juiz imparcial.”

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O texto foi assinado também pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), Ciro Gomes (PDT-CE), ex-candidato a presidente, e artistas como Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Wagner Moura e Gilberto Gil.

Cavalo de pau 

O senador Plínio Valério, outro tucano de alta plumagem no Amazonas, não coaduna com o pensamento do ex-prefeito de Manaus.  

Para ele, a anulação das condenações de Lula foi um “cavalo de pau jurídico”. “No primeiro cavalo de pau jurídico para acabar com a prisão após condenação em segunda instância, o STF botou na rua assassinos e estupradores de alta periculosidade”, protestou. 

“Agora nesse novo cavalo de pau para enterrar de vez a Lava Jato, o STF desmoraliza tribunais superiores, pode beneficiar outros corruptos confessos e jogar a Justiça brasileira no descrédito perante a população e o mundo”, completou.

Fotomontagem: BNC Amazonas