O Amazonas, se Lula estiver livre para disputar a Presidência da República, passa a ser um problema para as pretensões de reeleição de Bolsonaro em 2022.
Comparativamente, entre o atual e o ex-presidente há um fosso em realização de obras e programas voltados para o estado.
Por exemplo, com mais da metade de seu mandato concluído, Bolsonaro não tem nenhuma obra no Amazonas para chamar de sua.
Ao contrário, proporcionou até agora prejuízos e fortes ameaças ao futuro da Zona Franca de Manaus (ZFM).
O modelo de desenvolvimento é principal esteio da economia do estado e da região, na Amazônia Ocidental.
Apesar disso, Bolsonaro deu aval à equipe econômica de Paulo Guedes para ferir o polo de concentrado de bebidas da ZFM com redução de incentivos fiscais.
Igualmente, atacou o setor de duas rodas, o maior parque industrial da América Latina. Enfraqueceu bastante esse polo com a redução do Imposto de Importação de bicicletas, de 35% para 20% neste ano.
Com isso, Bolsonaro criou desestímulo aos fabricantes de bicicletas, não só do polo industrial do Amazonas, mas de todo o Brasil. Na contramão do interesse nacional, seu governo vai gerar emprego e renda no sudeste asiático, em prejuízo dos brasileiros da região Norte, sobretudo.
No que diz respeito a obras, Bolsonaro ainda não ergueu nenhuma no Amazonas com sua assinatura.
Nem mesmo o asfaltamento de 52 quilômetros de uma rodovia de mais de 800 conseguiu executar em dois anos e dois meses de mandato. Frustrou, dessa maneira, a expectativa de milhares de brasileiros da Amazônia que acreditaram que Bolsonaro pudesse tirar a BR-319 da lama e o Amazonas do isolamento.
Além de excluir a estrada das prioridades do governo, nem para os remendos Bolsonaro tem licença ambiental.
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PT, Lula e Dilma
Já os 13 anos de governo do PT (Partido dos Trabalhadores), com Lula e Dilma Rousseff, os resultados para o Amazonas ocorreram a olho nu.
Por exemplo, a expansão dos programas Luz para Todos e Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa-Família, a ponte sobre o Rio Negro, a implantação de 16 unidades dos institutos de tecnologia (Ifam) no estado.
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Garantias à ZFM
Diferentemente de Bolsonaro, Lula e Dilma ampliaram a segurança jurídica de existência do modelo Zona Franca de Manaus.
De decisões atentas do governo federal com o único programa que beneficia a região Norte, a ZFM ganhou 60 anos de sobrevida.
Além disso, a direção do modelo pela Superintendência da ZFM (Suframa) tinha peso, autoridade e autonomia.
Logo que assumiu o mandato, em 2019, Bolsonaro emitiu sinais cristalinos de que trabalharia para enfraquecer e matar a ZFM, se pudesse.
Uma de suas primeiras providências foi tirar um coronel aposentado do pijama e chinelo e plantar na Suframa. Dessa forma, o resultado não poderia ter sido mais pífio, com retrocessos retratados desde os buracos das ruas do Distrito Industrial que não conseguiu tapar durante toda sua apagada passagem pela autarquia.
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Cenário 2022
Assim sendo, o cenário que se desenha, com Lula elegível, é terrível para Bolsonaro. O Amazonas, principalmente, vai cobrar o que ele prometeu e não entregou: a esperança.
E, por enquanto, não se falará ainda da pandemia do coronavírus (covid), que sufocou o Amazonas com falta de oxigênio, vacina e apoio. Esse é um assunto que merece longo e exclusivo capítulo.
Foto: Divulgação