O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reafirmou, nesta segunda-feira (17), não ter acreditado, de maneira imediata, no que ouviu das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, proprietário do frigorífico JBS.
Referindo-se às gravações feitas pelo empresário que fazem parte da delação premiada, Janot disse que sua primeira reação foi pensar que “era mentira e que aquilo não podia estar acontecendo”.
A gravação envolveu pela primeira vez o nome do presidente da República, Michel Temer, e serviu como base para a denúncia apresentada por Janot contra o presidente por crime de corrupção passiva.
“Depois de três anos e meio de Lava Jato, com todos os números alcançados, era inacreditável que a prática de crime continuasse de maneira aberta”, disse.
“Aí nos foram apresentadas partes de uma gravação em que se comprovava envolvimento desses altos dignitários da República. Foi a primeira colaboração para cessar prática delituosa e não delitos acontecidos no passado. E delitos gravíssimos”, afirmou o procurador durante a apresentação, em Washington, do painel O papel da barganha premiada na luta contra a corrupção (em livre tradução).
Imunidade
Janot defendeu a imunidade concedida a Joesley Batista como “necessária” para que o acordo (de delação premiada) fosse feito, e disse acreditar que a mesma garantia dada pelo Ministério Público Federal (MPF) também teria sido dada nos Estados Unidos, caso houvesse uma investigação semelhante.
No acordo com o MPF, está previsto que Joesley não será preso e poderá morar fora do Brasil.
O procurador disse que faria o acordo novamente se fossem apresentadas as mesmas condições. E defendeu a ação controlada (o empresário gravou conversa com o presidente com aval e orientação do MPF).
“Antes de elaborado o acordo, esses criminosos concordaram em participar de outro meio de obtenção de prova que é previsto na lei, que é a ação controlada”, explicou.
Collor
Rodrigo Janot pediu para que o Supremo Tribunal Federal (STF) retire do âmbito da Operação Lava Jato um dos seis inquéritos abertos contra o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) após a operação.
Trata-de da investigação instaurada em razão das delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Segundo o processo, Collor pediu vantagens indevidas disfarçadas de doação de campanha para ajudar os interesses da Odebrecht Ambiental. Collor é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Fonte: Agência Brasil e G1
Foto: MPF