Falta de oxigênio em Manaus pode ser primeiro alvo da CPI da covid
Teor do pedido de CPI aponta omissão do governo federal na crise do coronavírus, em especial a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 14/04/2021 às 10:47 | Atualizado em: 14/04/2021 às 11:58
A falta de oxigênio em Manaus, que causou diversas mortes na primeira quinzena de janeiro, pode ser o pontapé inicial das investigações da CPI da covid-19 (coronavírus) do Senado.
Pela falta de oxigênio na cidade, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já está sendo investigado num inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF).
No requerimento, de autoria do senador do Rede-AP Randolfe Rodrigues (foto), lido nesta terça-feira (13) pelo presidente da casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), está explícito o caráter de urgência da investigação em Manaus.
“É preciso analisar com urgência a grave omissão do governo federal, que foi alertado de que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus quatro dias antes da crise, mas nada fez para prevenir o colapso do SUS”, diz o pedido.
Como alvo especifico da investigação, a situação em Manaus é relatada no documento como caos no sistema público de saúde de 2020, com centenas de mortes pela covid-19.
“Notícias dos principais veículos de comunicação escancaram cenas de terror, com doentes morrendo por falta de condições mínimas para o correto tratamento”, diz o requerimento.
Destacou-se ainda a falta de itens essenciais para a sobrevivência dos pacientes, chegando ao “cúmulo de se deixar acabar as reservas de oxigênio medicinal de hospitais.”
No pedido, destacou-se ainda que Manaus vivenciou caos semelhante no passado recente.
“O governo federal não teve condições de se preparar com a devida antecedência para que esse cenário não se repetisse, evitando mortes de diversos manauaras?”, indagou o documento.
Leia mais
Governadores dizem que Bolsonaro quer “desfocar trabalho” da CPI da covid
Bolsonaro e o ‘tratamento precoce’
De acordo com o requerimento, o presidente Bolsonaro demonstrou falta de respeito pelos profissionais locais de saúde após afirmar que Manaus estaria o caos porque lá não se fazia o tratamento precoce.
“O próprio procurador da República no Amazonas, Igor da Silva Spíndola, classificou a crise como falta de coordenação do governo Bolsonaro e de militares que atuam no ministério, que desconhecem o funcionamento do SUS.”
Por fim, o documento aponta que a situação de Manaus necessita de ampla investigação por parte do parlamento.
“A sociedade precisa tomar conhecimento das reais razões por trás desse verdadeiro descontrole pandêmico que está promovendo um genocídio em nosso país”, justificou.
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado