Conselho de medicina libera ‘kit covid’ e é chamado de Pilatos
Em reunião foram debatidos protocolos de tratamento da covid-19

Ferreira Gabriel
Publicado em: 19/04/2021 às 15:42 | Atualizado em: 19/04/2021 às 15:42
O Conselho Federal de Medicina (CFM) foi criticado por senadores nesta segunda-feira (19).
Isso, portanto, ocorreu devido o conselho ter dado autonomia aos médicos brasileiros para receitar o kit covid para combate ao coronavírus.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO) chamou o conselho de Pôncio Pilatos. A princípio, na história antiga, o imperador romano lavou as mãos para condenar Jesus Cristo à morte.
“Vocês [do CFM] lavaram as mãos. Poderiam ter dado uma grande contribuição ao país, e não deram. Preferiram obedecer a burocracia. Enquanto isso, morrem quase 400 mil pessoas no Brasil”.
A médica Zenaide Maia (Pros-RN), questionou se o órgão permanece com a mesma posição, “mesmo depois de um ano de pandemia e vários estudos científicos terem comprovado a ineficácia dos medicamentos”, como a ivermectina e o hidroxicloroquina.
Além do CFM, participaram do debate virtual representantes do Instituto Questão de Ciência (IQC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dos médicos intensivistas.
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Autonomia
Vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino negou que o conselho seja favorável ao kit covid. Ele disse, no entanto, que os médicos têm autonomia na prescrição de medicamentos. Dessa forma, garantiu que o CFM alerta esses profissionais a não se excederem na indicação de exames e remédios excepcionais.
Além disso,o debatedor afirmou ainda que a medicina caminha ao lado de evidências científicas. Portanto, disse que a indicação inadequada de tratamentos pode levar os clínicos a responderem judicialmente.
“O médico tem capacidade e deve decidir, em dose e tempo corretos. E isso se refere a qualquer medicação. Mas essa autonomia é limitada ao benefício, e quem ultrapassar responde por isso”, alertou.
Na opinião de Zenaide, mais grave que efeitos colaterais comprovados cientificamente, como a insuficiência hepática pelo uso dos medicamentos, é a falsa impressão de segurança que a liberação dada pelo CFM promoveu junto aos cidadãos.
“Isso levou as pessoas a irem às ruas e deixarem de usar máscaras. Eu sou médica, mas não posso achar que um medicamento é bom e prescrevê-lo aos meus pacientes. Medicina não é achismo”, observou.
Fonte: Agência Senado
Foto: Reprodução/ TV Senado