CPI na pressão, Bolsonaro tenta, após um ano de caos, se achegar à OMS

Segundo fontes em Brasília, o governo brasileiro já deu uma sinalização positiva ao evento e a ideia é de que Queiroga seja o convidado da conferência na próxima sexta-feira

OMS admite que vacinados possam relaxar medidas de restrição

Publicado em: 26/04/2021 às 11:09 | Atualizado em: 26/04/2021 às 11:09

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deverá participar nesta semana da tradicional coletiva de imprensa global da OMS, organizada para jornalistas de todo o mundo.

O brasileiro foi convidado pelo diretor-geral da entidade, Tedros Ghebreysus.

Segundo fontes em Brasília, o governo brasileiro já deu uma sinalização positiva ao evento e a ideia é de que Queiroga seja o convidado da conferência na próxima sexta-feira.

O formato de sua participação ainda está sendo avaliado. A coletiva de imprensa sobre a covid-19 é realizada duas vezes por semana pela OMS e acompanhada por centenas de jornalistas e observadores em todo o mundo.

Se confirmada, a participação será considerada como um sinal da disposição do governo do Brasil em sintonizar seu discurso com a OMS, pela primeira vez em mais de um ano de pandemia.

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Pressionado e diante de uma CPI, o governo foi alvo de recomendações internas para que adotasse um novo tom e uma relação positiva com as agências internacionais.

Além disso, negociadores acreditam que uma melhor relação com a agência poderá ajudar o país a obter mais vacinas.

Com a crise na qual mergulha a Índia, as exportações de vacinas do país para o mecanismo de distribuição de doses foram suspensas no início do mês, afetando o cronograma de entregas pelo mundo.

As doses para o Brasil são garantidas a partir de uma fabricação na Coreia do Sul.

Mas uma interrupção de doses indianas pode afetar o mercado global e também gerar um atraso nas entregas para o país.

Em março, Queiroga já se reuniu com Tedros, estabelecendo uma cooperação para que a OMS auxilie o Brasil a aumentar a produção de vacinas.

Na semana passada foi a vez de o chefe da agência manter um encontro com o chanceler Carlos França.

Os encontros ocorreram depois de meses de ataques do presidente Jair Bolsonaro contra a OMS e contra seu próprio diretor.

O brasileiro chegou a dizer que não seguiria as recomendações da agência, apontando que Tedros “sequer era médico”.

As recomendações da entidade, porém, não são produzidas pelo diretor, e sim por equipes de cientistas e com base em pesquisas.

Desde a semana passada, o tom da OMS também mudou. Em público, a agência “agradeceu” as medidas que estão sendo tomadas no Brasil, sem explicar quais seriam.

Na agência, porém, a brecha aberta pelo governo brasileiro para um diálogo é considerada como uma oportunidade que deve ser usada para ampliar a cooperação com o país e permitir que medidas sejam tomadas para frear o vírus.

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Foto: Divulgação