Pazuello: de sonho frustrado ao comando do MinistĂ©rio da SaĂºde

Ocorre que, quando jovem, o que Pazuello queria era ser da Cavalaria, uma das divisões, ou "armas", que definem a especializaĂ§Ă£o dos oficiais da Força

General Pazuello seria o responsĂ¡vel pela "fritada" de Nelson Teich

Publicado em: 05/05/2021 Ă s 07:16 | Atualizado em: 05/05/2021 Ă s 09:55

O general Eduardo Pazuello se orgulha de ser um “Comandos”, ou “Gorro Preto”.

Significa que fez os prestigiados Cursos de Ações de Comandos (CAC) e Forças Especiais, voltados para missões de captura, resgate ou eliminaĂ§Ă£o de alvos em conflitos armados, e ao fim dos quais menos de um terço dos alunos consegue se formar.

Pazuello Ă© tambĂ©m um “guerreiro de selva”, como no jargĂ£o do ExĂ©rcito se chamam os militares que passaram pelo sofrido curso ministrado pelo Centro de InstruĂ§Ă£o de Guerra na Selva, o Cigs, em Manaus, reputado internacionalmente por sua qualidade e rigor.

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O general Pazuello ainda atingiu o que Ă©, em sua categoria de oficial de intendĂªncia, o Ă¡pice da carreira: carrega trĂªs estrelas nos ombros.

Em suma, ao menos no ExĂ©rcito, Eduardo Pazuello nĂ£o Ă© pouca porcaria.

Ocorre que, quando jovem, o que Pazuello queria era ser da Cavalaria, uma das divisões, ou “armas”, que definem a especializaĂ§Ă£o dos oficiais da Força.

A Cavalaria esteve muito prestigiada no ExĂ©rcito entre as dĂ©cadas de 70 e 90 (Pazuello Ă© da turma de 1984), em grande parte por influĂªncia de generais como o ex-presidente JoĂ£o Baptista Figueiredo, que ostentava com orgulho o distintivo das duas lanças cruzadas, sĂ­mbolo da arma.

Mas na Academia das Agulhas Negras (Aman), onde se formam os oficiais do ExĂ©rcito, sĂ£o os melhores alunos os que tĂªm o direito de escolher primeiro a arma Ă  que querem pertencer.

E Pazuello nĂ£o era um aluno exatamente brilhante.

Quando chegou sua vez de optar, a Cavalaria jĂ¡ estava “fechada”, e foi apenas por isso que ele abraçou o serviço de intendĂªncia, voltado para tarefas administrativas ou logĂ­sticas.

Esperava dessa forma poder servir num quartel de Cavalaria, ainda que fosse na qualidade de responsĂ¡vel pela administraĂ§Ă£o de insumos e mantimentos, por exemplo.

Em outras palavras, Pazuello nunca foi apaixonado pelo exercĂ­cio de atividades de apoio, nas quais se encaixa a logĂ­stica.

E se isso explica alguma coisa, nĂ£o exime e nem desculpa o ex-ministro pela ruinosa gestĂ£o Ă  frente do MinistĂ©rio da SaĂºde, sobre a qual agora se furta de responder presencialmente à CPI da covid.

Leia mais na coluna da ThaĂ­s Oyama no UOL

Foto: VĂ¡lter Campanato/AgĂªncia Brasil