O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) criticou o presidente da República, Jair Bolsonaro, pelos ataques constantes a integrantes da CPI da covid.
No sábado (26), em Chapecó (SC), Bolsonaro subiu o tom contra integrantes da comissão chamando os parlamentares de pilantras.
“Por que o presidente, ao invés de atacar membros da CPI, simplesmente não negou que tenha dito que o seu líder era o responsável por operações suspeitas na compra da vacina Covaxin? Na verdade, por que ele não negou isso até agora? Ricardo Barros deveria cobrar essa negativa”, criticou Ramos.
O deputado amazonense fez referência aos depoimentos na CPI, na última sexta-feira (25), do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e o seu irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde.
Eles disseram aos senadores que denunciaram ao presidente em encontro dia 20 de março, às 16 horas, no Palácio do Alvorada, supostas irregularidades no processo da compra da vacina indiana.
Bolsonaro teria se comprometido a acionar o delegado-geral da Polícia Federal e, ainda, disse que o rolo era “coisa do Ricardo Barros”, o líder do seu governo na Câmara dos Deputados.
Até o momento, o presidente não desmentiu os irmãos Miranda.
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Pressão atípica
Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, relatou ter recebido pressão atípica para autorizar uma invoice (nota fiscal internacional) a fim de liberar o pagamento de R$ 45 milhões à empresa Madison Biotech, com sede em Cingapura, pela remessa de 300 mil doses da vacina.
Um detalhe: a empresa não estava no contrato e nem o número de doses correspondia ao acordo.
O Ministério da Saúde assinou um contrato de R$ 1,5 bilhão pela compra de 20 milhões de doses da vacina com a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o negócio entre o governo brasileiro e a fabricante indiana Bharat Biotech.
Há indícios de superfaturamento na negociação. O custo da dose saiu por R$ 80,70, um preço 1.000% maior do que o anunciado seis meses antes pela fabricante.
Contrato
O Ministério da Saúde fechou o contrato em 25 de fevereiro. Tanto o Ministério Público Federal (MPF) quanto o Tribunal de Contas da União (TCU), logo após o contrato, solicitaram a suspensão da compra, alegando que o negócio era arriscado.
Os órgãos alertaram que o imunizante não tinha comprovação de eficácia nem avaliação sobre sua segurança. Um despacho da procuradora da República Luciana Loureiro apontou haver indícios de crimes, o que justificaria uma investigação criminal.
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados