Povo ianomâmi, na Amazônia, vive sob ataques e terror há três meses

Garimpeiros e invasores usam forte maquinário, aeronaves, carotes e quadriciclos

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Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 27/07/2021 às 09:40 | Atualizado em: 27/07/2021 às 17:25

Líderes indígenas do povo ianomâmi em Roraima relataram com detalhes à Hutukara Associação Yanomami a rotina de terror na região, assolada por ataques de garimpeiros e invasores desde maio.

As agressões, segundo o documento elaborado pela organização, demonstram o agravamento das tensões na terra indígena. As lideranças buscam apoio para que seja feita a total retirada dos invasores.

Segundo os relatos, houve uma forte mudança na dinâmica do garimpo no rio Uraricoera nos últimos anos.

Sobretudo, se antes a pressão dos garimpeiros era menor, hoje “percebem que a presença dos invasores saiu do controle”.

Ainda de acordo com os indígenas, “agora todos eles [garimpeiros] circulam fortemente armados pelo rio [Uraricoera]”.

Nas declarações feitas à Hutukara, as lideranças sublinharam um grande aumento no trânsito de embarcações no rio Uraricoera. Há presença de forte maquinário e o uso de aeronaves, carotes e quadriciclos.

Dessa forma, o fato de que as balsas hoje são de ferro, não mais de madeira, e que existem grandes dragas são, para eles, indicadores de mudança na escala da atividade garimpeira.

Além disso, nos últimos meses passaram a ver helicópteros carregando grandes mangueiras penduradas.

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Sem controle

“Há também um aumento de currutelas, acampamentos e pontos de abastecimento dos garimpeiros ao longo do rio, com maior número de pessoas em circulação. Nestes lugares, a presença dos não indígenas ali é tão intensa que os ianomâmis sentem que perderam o controle sobre a sua própria terra”.

Outro indicador da expansão da atividade garimpeira relatado pelas lideranças é a abertura de estradas ao longo do garimpo Tatuzão e na região do rio Aracaçá.

Conforme disseram, aumentou o uso de quadriciclos, que são transportados até essas áreas por via fluvial.

Por exemplo, o serviço de um piloto de quadriciclo rende cinco gramas de ouro por dia e é organizado em dois turnos, de dia e noite.

Portanto, a abertura dessas estradas para quadriciclos na região do Tatuzão, no interior da terra indígena, já havia sido denunciada em 2020 por lideranças Ye’kwana.

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