Ser feliz é cirandar na Matizada
Uma das marcas da Flor Matizada é a sua popularidade musical. As cirandadas da lilás e branco são as mais conhecidas para além do festival

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas
Publicado em: 01/09/2023 às 11:33 | Atualizado em: 01/09/2023 às 13:48
A Flor Matizada é a ciranda mais velha entre as três. Sua história se confunde com a da formação da cultura cirandeira no município. Ela foi fundada há 43 anos na escola Nossa Senhora de Nazaré, no centro da cidade, onde é o seu reduto.
O seu nome é a tradução para o português de Manacapuru, uma palavra em nheengatu, língua intertribal amazônica. Manacá quer dizer flor e puru, matizada, colorida, enfeitada.
Manacapuru teria sido uma importante líder Mura, povo que se instalou na região vindo do rio Madeira, já no século 18.
A ciranda adotou lilás e branco porque essas são as cores da flor que se chama Manacá.
O Grêmio Recreativo Folclórico Ciranda Flor Matizada tem sua sede na avenida Manoel Urbano há poucos metros do parque do Ingá.
Em Manacapuru, as sedes são chamadas de galpão. Mas possuem uma estrutura arquitetônica semelhante à das quadras de esportes, com cobertura em meia lua e sem paredes. Contudo, possuem um palco.
No galpão da Matizada, como é abreviada, ocorre o maior evento anual da agremiação.

A feijoada da Matizada começa no almoço e não tem hora para acabar.
Além das atrações da própria ciranda, como o cordão de cirandeiros e itens oficiais, são chamados artistas de outros gêneros musicais, como samba, pagode, sertanejo e toada.
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Cirandadas marcantes
Uma das marcas da Flor Matizada é a sua popularidade musical. As cirandadas da lilás e branco são as mais conhecidas para além do festival.
Palco de Cirandeiro, composição de Paulo Roberto “Zinho”, Gamaniel Pinheiro e Sidney Seixas, é uma das mais famosas do gênero.
O saudoso Zezinho Correa foi um dos primeiros a incorporar as cirandadas em seu repertório.
No álbum do grupo Carrapicho, Baticundum, de 1993, Zezinho gravou a música tradicional, que está nomeada como Ciranda.
Ele gravou o primeiro álbum independente da Flor Matizada, Raízes de um povo milenar, de 2000. Nele, dividiu algumas cirandadas com Dermilson Andrade, expoente do gênero como compositor e cantador de cirandada.

Márcia Siqueira, Mara Lima, Davi Assayag, Edilson Santana e Joba (banda Warilou) são alguns dos nomes que gravaram cirandadas da Flor Matizada em álbuns autorais.
Adriano Furtado, 36 anos, maestro da tocata da Flor Matizada, é um dos mais celebrados compositores da nova geração.

É de sua autoria a cirandada Cordão de Alegria, hit do festival de 2023.
Com apenas uma semana após o lançamento do álbum Muricariuas, Cordão de alegria atingiu o #top10 no Amazonas Viral Manaus BR no Spotify.
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De geração a geração
As cirandas estão em atividade desde a década de 1980. Assim, já estão na segunda e terceira geração de cirandeiros e torcedores.
A Fama, Família Matizada, é a torcida organizada da lilás e branco.
Talissa Maiandra, 29 anos, entrou no cordão de cirandeiros da agremiação aos 9 anos, “é um amor de infância”, ela diz.
Depois que deixou o cordão, passou a fazer parte da torcida organizada, preparando os materiais e adereços.
Luan Mataus, 23 anos, diz que esse é um amor que passa de geração a geração.
Seus pais e suas tias dançaram na Flor Matizada.
Para ele, a lilás e branco “é a primeira ciranda de Manacupuru e leva consigo toda a história dessa cultura”.
Ele está há oito anos na Fama.
“A gente deixa de ser amigos e colegas para sermos uma grande família, a Família Matizada. A gente ri, se diverte, perde o sono, se estressa, mas se pudesse, vivia isso o ano todo. É um amor incondicional”.
A Flor Matizada abrirá o 25º Festival de Cirandas de Manacapuru hoje (dia 1°), às 21:30h. A ciranda dez vezes campeã competirá pelo seu 11º campeonato.
Fotos: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas