Na cidade da facada, mulher chega perto de Bolsonaro e tasca: ‘Corrupto!’

O ato ocorreu durante a primeira visita de Bolsonaro Ă  cidade, em que ele foi alvo de um atentado a faca, durante a campanha presidencial de 2018

DĂ³ria rejeita pedido de Bolsonaro e multa da covid Ă© mantida

Publicado em: 15/07/2022 Ă s 11:58 | Atualizado em: 15/07/2022 Ă s 11:58

Uma mulher foi retirada da motociata em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na manhĂ£ desta sexta-feira (15) com apoiadores em Juiz de Fora (MG). Um vĂ­deo divulgado mostra que a manifestante, ainda nĂ£o identificada, chama o mandatĂ¡rio de “corrupto” enquanto Ă© contida por homens no local. O ato ocorreu durante a primeira visita de Bolsonaro Ă  cidade, em que ele foi alvo de um atentado a faca, durante a campanha presidencial de 2018.

Com segurança reforçada, durante a passagem, o prĂ©-candidato Ă  reeleiĂ§Ă£o visitarĂ¡ o Hospital Santa Casa de MisericĂ³rdia, onde recebeu atendimento de emergĂªncia logo depois de sofrer o ataque hĂ¡ quatro anos. Diferentemente de motociatas anteriores, todos os adeptos do ato realizado hoje em Juiz de Fora foram revistados e passaram por detecĂ§Ă£o de metais. Fontes da segurança presidencial confirmaram que houve reforço das medidas de segurança. Os apoiadores que aguardavam o presidente no aeroporto da cidade tambĂ©m foram submetidos a revistas e passagem por detector de metais.

Questionado pelo UOL sobre a motivaĂ§Ă£o da retirada da mulher do ato, o Planalto nĂ£o se manifestou.

Visita ocorre em meio a polĂªmica no ParanĂ¡

AlĂ©m da motociata e visita ao Hospital Santa Casa de MisericĂ³rdia, Bolsonaro participa de um culto evangĂ©lico por ocasiĂ£o da 43ª ConvenĂ§Ă£o Estadual das Assembleias de Deus. Ele deve retornar para BrasĂ­lia ainda hoje, conforme previsto na agenda oficial. A viagem ocorre num momento em que o presidente vĂª seu nome associado a crimes por parte de apoiadores contra adversĂ¡rios polĂ­ticos.

Hoje, a PolĂ­cia Civil do ParanĂ¡ indiciou o policial penal Jorge JosĂ© da Rocha Guaranho por homicĂ­dio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas, mas descartou a motivaĂ§Ă£o polĂ­tica do crime. Ele matou o guarda municipal Marcelo Arruda. Filiado ao PT, ele foi assassinado a tiros por Guaranho enquanto comemorava o aniversĂ¡rio de 50 anos na noite de sĂ¡bado (9)

Pressionado por congressistas que fazem oposiĂ§Ă£o ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o procurador-geral da RepĂºblica, Augusto Aras, recebeu no inĂ­cio desta semana um pedido para que a investigaĂ§Ă£o sobre a morte do guarda municipal Marcelo Arruda fosse deslocada da Justiça Estadual para a esfera federal. O PGR afirmou que ia esperar que as apurações feitas pela PolĂ­cia Civil do ParanĂ¡ fossem concluĂ­das antes de tomar alguma medida.

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“Precisamos obter a conclusĂ£o do inquĂ©rito para analisar se hĂ¡, ou nĂ£o, possibilidade tĂ©cnica de fazer requerimento de federalizaĂ§Ă£o”, afirmou Aras ao UOL. “É preciso compreender a motivaĂ§Ă£o e as circunstĂ¢ncias para analisar se os fatos atraem a competĂªncia da Justiça Federal. Se o crime for eleitoral, nĂ£o hĂ¡ homicĂ­dio eleitoral. EntĂ£o, excluĂ­mos imediatamente a possibilidade de acionar a Justiça Eleitoral… Ou o fato tem interesse da Justiça Estadual ou da Justiça Federal. Certamente nĂ£o existe homicĂ­dio eleitoral. NĂ£o podemos antecipar situações que nĂ£o podem, em tese, ser apreciadas agora. Qualquer apreciaĂ§Ă£o minha seria temerĂ¡ria neste momento.”

A declaraĂ§Ă£o foi dada apĂ³s reuniĂ£o em que dirigentes de PT, PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede e Solidariedade pediram o deslocamento das apurações para a esfera federal. Ao UOL, a equipe jurĂ­dica do PT afirmou que avalia quais medidas jurĂ­dicas podem ser tomadas.

O envio de casos como o que envolve Jorge Guaranho e Marcelo Arruda para a esfera federal Ă© incomum, e eventuais representações junto Ă  PGR nĂ£o devem prosperar. Atualmente, o crime Ă© investigado pela PolĂ­cia Civil do ParanĂ¡ e acompanhado pelo Gaeco (Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial de Combate ao Crime Organizado) do Estado.

Crime foi motivado por polĂ­tica, diz mĂ£e de atirador

crime ocorreu dentro da Aresf (AssociaĂ§Ă£o Recreativa Esportiva Segurança FĂ­sica), clube em que Arruda comemorava o aniversĂ¡rio de 50 anos numa festa temĂ¡tica com sĂ­mbolos do PT e imagens do ex-presidente Lula. Ao UOL, testemunhas dizem que Guaranho se deslocou ao local apĂ³s um jantar com a esposa e um bebĂª de cerca de 3 meses.

A mĂ£e do policial penal afirma que o filho tocou mĂºsicas de apoio ao presidente Bolsonaro enquanto fazia uma ronda de carro pelo clube. Segundo registros da PolĂ­cia Civil, Guaranho fez ainda ameaças de morte a pessoas que participavam da festa de Arruda.

Do banco de trĂ¡s, a mulher do bolsonarista teria pedido ao marido para que parasse com as provocações e fosse embora. Eles deixaram o local apĂ³s Arruda jogar pedras no veĂ­culo de Guaranho, que reagiu apontando uma arma em direĂ§Ă£o ao guarda municipal petista.

Segundo imagens de cĂ¢meras de segurança, cerca de 20 minutos depois, o policial bolsonarista retornou sozinho Ă  Aresf.

Nesse momento, a mulher de Arruda, PĂ¢mela Suellen Silva, se identificou como policial civil. Foi quando Guaranho começou a atirar no petista.

“Se eu estivesse lĂ¡, teria tentado impedir que isso acontecesse. Mal consigo imaginar a dor da outra famĂ­lia. NĂ£o se discute sobre religiĂ£o, futebol, e politica… NinguĂ©m ganhou nada com essa provocaĂ§Ă£o, sĂ³ houve perdedores”, afirmou a mĂ£e do bolsonarista.

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Foto: Allan Santos/PR