TSE lança documentário sobre instalação de urna no Vale do Javari

Instalação de seção eleitoral na aldeia Maronal virou documentário, disponível no canal do TSE no YouTube

09/08/2022 14:23

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília*

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou nesta terça-feira (9), quando se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas, o documentário “Seção 37: a urna chega ao povo marubo”, que já está disponível no canal do órgão no YouTube.

A equipe de comunicação do TSE fez as filmagens entre os dias 21 e 23 de setembro de 2021, durante instalação de uma seção eleitoral na aldeia Maronal, que fica na terra indígena do Vale do Javari, na fronteira do Brasil com o Peru, a 1.000 quilômetros de Manaus.

De acordo com assessoria de comunicação, a equipe de reportagem do TSE foi a última a visitar o Vale do Javari antes do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.

“Eu me senti muito feliz e privilegiado em participar dessa missão. Ver a felicidade e a vontade dos indígenas em poder tirar o título de eleitor pela primeira vez foi simplesmente incrível e maravilhoso”, relatou Antônio Augusto, repórter-fotográfico do TSE e integrante da equipe que fez o documentário.

“O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena demarcada do país e abriga diversos povos. A área tem 85.445 km2, e o deslocamento dos indígenas da aldeia Maronal, habitada por 425 integrantes do povo marubo, para seções em outras aldeias no dia da eleição pode levar muitas horas, o que compromete o exercício do voto, principalmente para as mulheres. Daí a importância de instalar novas seções na região”, diz o tribunal.

Justiça Eleitoral

A juíza eleitoral Andréa Medeiros, designada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) para presidir as eleições municipais de 2020 em Atalaia do Norte, foi quem atendeu a reivindicação feita pelo povo marubo.

“Na eleição, eu verifiquei toda a preocupação não só dos indigenistas, como da Univaja [União dos Povos Indígenas do Vale do Javari] e do próprio TSE de proteger essas comunidades da covid-19 e, ao mesmo tempo, a gente tinha que proporcionar o direito deles ao voto”, afirmou a juíza.

Além de longo, o trajeto até municípios vizinhos é difícil e perigoso, fato que impedia a maior parte dos indígenas de participar da eleição.

“Aqui, até chegar onde tem seção é muito difícil: rio seco, que não dá para descer em uma embarcação maior”, disse Paulo Marubo, um dos moradores da comunidade.

A luta pelo direito ao voto era uma reivindicação antiga da aldeia, que assistiu incrédula à chegada da Justiça eleitoral na localidade.

“Quando eu passei essa informação para a comunidade, ninguém acreditava”, lembrou Marubo.