Bolsonaro não tem obra em Manaus para merecer boas-vindas
Ele vem para tentar fermentar a pré-campanha do Capitão Alberto Neto, de seu partido, a prefeito da cidade

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/04/2024 às 07:27 | Atualizado em: 29/04/2024 às 08:14
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara malas para embarcar para Manaus. Ele chega dia 3 e se demora até dia 4, sexta e sábado.
Ele vem para tentar fermentar a pré-campanha do Capitão Alberto Neto, de seu partido, a prefeito da cidade.
Mas o ex-mandatário não tem obras aqui que lhe assegurem boas-vindas.
Apesar da base fanática que lhe deu 61% dos votos em 2022, Bolsonaro não ergueu um tijolo na cidade.
Seu governo passou quatro implacáveis anos fazendo terrorismo contra a Zona Franca de Manaus (ZFM).
Convém lembrar a redução dos incentivos ao polo de concentrados, a abertura do mercado aos importados e as constantes entrevistas e portarias do ex-ministro Paulo Guedes, cortando e ameaçando cortar benefícios fiscais da indústria local.
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Empregos
Só na indústria, hoje, a ZFM emprega 120 mil trabalhadores. Para se ter ideia, multiplique 120 mil por 4. Basta imaginar que a riqueza da indústria se alastra pelo comércio, serviços e agricultura, por exemplo.
Então, veja que o fim da ZFM, simplesmente, representaria o desemprego de meio milhão de pessoas na cidade que agora Bolsonaro quer voltar.
O ex-presidente negou oxigênio aos pacientes que sofriam com covid-19 naquele janeiro de 2021. Ao invés de oxigênio, mandou remédio para verme (ivermectina) e pra malária (cloroquina).
Não há em Manaus um prédio com a assinatura do ex-presidente.
Bolsonaro teve oportunidade de ajudar a cidade.
Não foram poucas as ocasiões que David Almeida, prefeito da capital, esteve em Brasília pedindo verbas do governo dele.
Elas não vieram por questões políticas. Alfredo Menezes, aliado de Bolsonaro em Manaus, não se entendia com David.
Motoqueiros e grande parte dos evangélicos terão o prazer de recebê-lo.
Mas, ainda que não mereça bom tratamento, o ex-presidente merece ser recebido com todo respeito. A Lei de Talião já foi revogada pela humanidade.
Contudo, que seu aliados passeiem apresentando-lhe a cidade, assim:
Este novo aeroporto de Manaus foi obra da Dilma;
Na saída do aeroporto, apontando para o Censipam (antigo Sipam) e lhe digam: esta obra é do FHC.
Que passassem por um Ifam e comentem: este instituto de educação foi obra do Lula;
Que fossem ao novo Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e lhe contassem: aqui, até o Michel Temer ajudou;
E, se forem à zona rural, que Bolsonaro fique sabendo que a luz elétrica que transformou a vida de milhares de pessoas na Amazônia é do Luz pra Todos, do Lula.
Talvez isso possa lhe mostrar o tempo que ele perdeu ao ter vindo pra Manaus passear de moto.
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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil