No Amazonas, mulheres resistem por seus nomes na corrida eleitoral

Pesquisa pré-eleitoral mostra configuração da presença feminina em um ambiente dominado por homens

08/03/2024 14:01

Mariane Veiga, da Redação do BNC Amazonas

Embora seja a maioria do eleitorado (51%) no Amazonas, a presença feminina na cabeça das candidaturas ainda é desproporcional em relação ao homem.

De 61 municípios do interior do estado, por exemplo, apenas 28 cidades devem ter chapas encabeçadas por mulheres para concorrer pelas prefeituras em 2024, conforme levantamento pré-eleitoral da ‘Perspectiva‘. Ainda segundo o estudo, pouco mais de 10 municípios tem até 50% do perfil eleitoral feminino.

Na capital, Manaus, onde o eleitorado feminino alcança 53%, os nomes de Alessandra Campelo (2,0%), Carol Braz (1,3%) e Anne Moura (0,8%) aparecem na terceira pesquisa estimulada, de 2 de novembro de 2023, realizada pela empresa de sondagem.

Já na cidade de Parintins, Brenna Dianá e Michele Valadares compõe a ponta das pesquisas.

Em Anamã, a situação foge da curva e mostra alta representação feminina. Dessa forma, apenas nomes de mulheres aparecem em pré-pesquisa para concorrer à prefeitura local.

Jéssica Conegundes, Kátia Dantas, Ana do Jandenco e Yamile Viana devem configurar o pleito eleitoral deste ano no município.

Primeira prefeita

Eleita a primeira prefeita de Presidente Figueiredo, Patrícia Lopes, é uma das candidatas que tentam se manter no poder.

Ela busca reeleição e aparece na liderança da corrida eleitoral com 20,5% das intenções de votos, em pesquisa espontânea, e 32,2% na estimulada, quando os nomes são apresentados aos entrevistados.

Em entrevista ao BNC Amazonas, Lopes conta que ainda não parou para falar de eleições, embora, seja uma consequência ao trabalho que desenvolve atualmente na cidade.

“Nesse momento estamos trabalhando apenas a questão partidária e até 5 de abril nós teremos de fechar os partidos e assim, lançar os vereadores”.

Sobre ser a primeira mulher eleita para chefiar o município, ela detalha sobre o processo de romper esse histórico.

“Foi esse desejo de servir que me trouxe para política. Um sentimento de responsabilidade, que está diretamente ligado ao compromisso com a população, está também em abrir precedente histórico para a participação do público feminino, especialmente na atuação do Executivo, que tem sua primeira gestão feminina e quatro décadas de criação do município. Sou a primeira mulher prefeita de Presidente Figueiredo e, certamente, não serei a última”, destacou.

Além disso, ela aponta que o julgamento com a expectativa de gênero tem sido um dos aspectos que “mais incomoda nessa trajetória à frente da prefeitura”.

“Por isso, muitas vezes temos que ser muito mais firmes, e a gente sente que a cobrança da mulher é maior do que a dos homens. Então a gente luta para acabar com um preconceito em relação ao gênero, todos os dias”.

Para Patrícia, a sociedade amazonense precisa refletir sobre a necessidade de estimular a participação de um maior contingente de mulheres na política.

“A inclusão de mais mulheres é uma questão não só de justiça, mas de interesse público”, concluiu.

Prefeita Nhamundá

Mariana Pandolfo também tenta se manter na prefeitura de Nhamundá e lidera a pesquisa da Perspectiva de julho de 2023 de intenção de voto, com 39,2% de estimativa de votos espontâneos e 60,0% no quadro estimulado. Ela também é a primeira mulher eleita para chefiar o município.

Ela contou ao BNC sobre as dificuldades que enfrenta a respeito da sua gestão, como o preconceito que mulheres ainda sofrem no meio político.

“Ser mulher ainda é difícil, mesmo nos dias atuais ainda encontramos problemas estruturais, ainda enfrentamos preconceitos e na política não é diferente. Por isso busquei através do meu trabalho mostrar que nós mulheres temos capacidade tal qual os homens e com o diferencial de termos o olhar feminino, o amor de mãe, que cuida, que zela e que busca dias melhores, que batalha arduamente”, disse.

Mariana salientou que espera que mais mulheres entrem na política, “deixem o medo de lado, enfrentem o preconceito e tomem seu lugar que é de direito”.

Ponte nacional

Na espectativa de que o PT avalie seu nome para concorrer nas eleições 2024, Anne Moura tem como projeto o desejo de atuar como um elo junto ao governo federal.

No entanto, o partido ainda está na fase de discussão nacional. Ela fala sobre as pesquisas pré-eleitorais. “Já saí em seis pesquisas, eu sou a única mulher que apareço nas pesquisas em Manaus, então eu vejo isso com muito entusiasmo, muito orgulho, porque o povo de Manaus quer votar em mulher e quem sabe a gente pode ter a primeira prefeita de Manaus”, declarou Anne ao BNC.

Ela ressaltou ainda o papel feminino na luta de mulheres que têm se mostrado corajosas e encaram um mundo dominado pelos homens.

“Não tem como dizer que a gente faz política de maneira igual, a gente enfrenta muitos desafios que só nós mulheres sabemos, além da própria violência política de gênero, que agora está muito mais conhecida”.