Acusação de uso da máquina e milagre aparecem em debate

Wilson Lima afirma que Amazonino faz armações e montagens contra ele

Neuto Segundo

Publicado em: 26/10/2018 às 00:18 | Atualizado em: 26/10/2018 às 00:18

O debate organizado pela Rede Amazônica entre governador Amazonino Mendes (PDT), candidato à reeleição, e Wilson Lima (PSC), na noite de quinta-feira, 25, teve no terceiro segmento, com perguntas diretas entre os dois, acusações sérias e mais que isto, aqueles momentos em que o candidato sai pela tangente e até milagres acontecem.

Wilson Lima pediu a Amazonino que falasse mais sobre os limites de gastos, já que o governador dissera antes que o candidato do PSC não dizia coisa com coisa sobre o tema. Instado, Amazonino explicou, didaticamente, usando a imagem do semáforo, que “existe na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) uma luz amarela e uma luz vermelha”, sendo a amarela para o limite prudencial, para “avisar que você está prestes a ultrapassar o que a lei permite” em gastos.

A vermelha, disse Amazonino, “é quando você ultrapassa. O pecado é a luz vermelha. A amarela é apenas prudência. É atenção.”  Amazonino continuou a explicar a mecânica de gastos do governo, inclusive a tendência de as despesas com pessoal tenderem a crescer no fim do ano.

Wilson Lima não nega demissão

O governador e candidato à reeleição questionou Wilson Lima sobre a afirmação deste de que nunca trabalhara em órgão público, tendo, informou Amazonino, trabalhado na Prefeitura de Manaus, em sua gestão, além de acusar Lima de ter perdido o emprego por desídia, pois não comparecia ao trabalho.

Wilson Lima se defendeu admitindo ter trabalhado na Prefeitura de Manaus e alegando que exercia sua função normalmente, como deveria ser, mas não contradisse Amazonino acerca de sua forma de demissão.

Amazonino foi acusado por Lima de usar a Polícia Militar, a máquina pública para fazer “armações, pra fazer montagens”. Ele lembrou um recente acontecimento de Codajás, envolvendo traficante e uma delegada. Lima disse que Amazonino usou um “ator tão fajuto, que nem no município de Codajás eu tive” e enfatizou ser importante esclarecer o fato.

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Amazonino respondeu dizendo que “você passa dos limites”, e afirmou que o caso de Codajás é muito sério e está sob a alçada de investigação da Polícia Federal, com depoimentos na presença de advogados, além de a mãe [do traficante envolvido] ter corroborado a história. “Não é montagem, não”, afirmou Amazonino.

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Wilson Lima questionou o governador sobre onde foram aplicados os R$ 300 milhões economizados na área de saúde com pagamentos que deixaram de ser realizados por Amazonino por irregularidades na contratação. Ele quis saber como Amazonino iria diminuir as filas de atendimento.

Amazonino explicou que as filas deixaram de ser físicas, são virtuais e isso reduziu o tempo de atendimento “e melhorou muito”. Disse que abriu mais de 300 leitos nos hospitais, além de ter entregue cerca de 200 máquinas de hemodiálise ao sistema de saúde. Ao dizer “que a coisa tá mudando”, o governador afirmou que as dívidas do interior foram todas resolvidas. “A coisa tá andando bem” disse Amazonino, para acrescentar que quanto à falta de remédios, questionada em outro debate por Lima, “Tá tudo perfeito, como eu deixei em 2002, conseguimos recuperar. O Amazonas está cheio de obras”. Ele aproveitou para alfinetar Lima que o havia acusado de aumentar impostos, ao dizer que não, mas aumentara a arrecadação cobrando impostos de quem não os pagava. “Isto é obrigação do governante”, afirmou.

Questionado sobre os controles implantados na secretaria de Saúde, cujas unidades não se comunicam, conforme Lima, Amazonino disse que o candidato era muito superficial e não se aprofundava em nada. Acrescentando que não era responsável pelas mazelas herdadas de quatro governadores. “Mas eu tenho certeza, candidato, que seu despreparo, se você estivesse em meu lugar, o desastre era maior.” E acrescentou que, no caso dos remédios, a situação está quase normalizada. “É um milagre”, afirmou.

Fotos: Reprodução TV