Por Neuton Corrêa e Israel Conte
O senador e candidato ao Governo do Amazonas pelo PSD, Omar Aziz, disse na entrevista ao programa BNC Sabatina nesta terça, dia 14, que, se for eleito, a partir do dia 1º de janeiro de 2019 vai fazer mudanças no comando da segurança pública para que a pasta fique diretamente ligada ao governador.
“Hoje o bandido vive tranquilo. Quem não vive tranquilo são famílias de bem. Nós vamos ter que inverter. Bandido não vai viver tranquilo com o Omar. As famílias de bem irão viver tranquila comigo. Essa aqui é a diferença”, disse o candidato.
A declaração foi uma das que o candidato fez sobre segurança pública, setor que prometeu dedicar atenção especial, considerando que o Amazonas assiste nos últimos anos crescimento dos índices de violência e criminalidade.
Jovem no mercado de trabalho
Na sabatina desta terça, o candidato prometeu criar o programa chamado “Primeiro Passo”, cuja proposta consiste na concessão de incentivos para que empresas possam contratar jovens para primeiro emprego.
A ideia, segundo ele, é o estado entrar com R$ 500 e a empresa com mais R$ 500 para ter a possibilidade de contratar a mão de obra de um jovem e dar a ele experiência para uma contratação formal em seguida.
Relação com Marcos Rotta
Sobre o licenciado vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta (sem partido), que rompeu relação política com seu principal aliado, o prefeito Arthur Neto (PSDB), Omar disse que ele não atendeu suas ligações no período em que estava definindo a chapa para a disputa do governo.
Omar relembrou do início da sua relação com Rotta na chegada ao Amazonas, e que foi por suas mãos que começou a trabalhar como apresentador de seu programa de TV “Exija seus direitos”.
Lava Jato, Melo, David e Maus Caminhos
O candidato não se furtou de comentar temas espinhosos, como a citação de seu nome por delator nas obras da Arena da Amazônia e da ponte sobre o rio Negro. Esclareceu que não está sendo investigado na operação Lava Jato, como erroneamente parte da imprensa publicou, e que o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou arquivar investigação sobre seu nome por não ter encontrado indícios em diligências da Polícia Federal.
Omar também falou de sua relação com o ex-governador José Melo, da amizade com o ex-correligionário David Almeida, hoje adversário na campanha eleitoral deste ano, e que quanto à operação Maus Caminhos, que apura desvio de recursos estaduais na saúde, está 100% tranquilo.
Sobre a declaração de bens de sua esposa à Justiça Eleitoral, como candidata a deputada estadual, Omar disse que a avaliação cabe aos órgãos específicos.
Ideia da sabatina com candidatos
O BNC Sabatina é uma rodada de entrevistas que o BNC Amazonas está realizando com cinco dos seis candidatos a governador do estado que aceitaram o convite do site para apresentar seus planos de governo e responder a questionamentos de jornalistas e internautas.
São transmissões ao vivo geradas diretamente do auditório Vânia Pimentel, da Universidade Nilton Lins, parceira do projeto juntamente com o provedor de internet LogicPro, operadora de saúde Samel e restaurante Toreador.
Leia e assista a seguir a segunda entrevista do BNC Sabatina , que contou com a participação dos jornalistas Neuton Corrêa, Israel Conte, Rosiene Carvalho e o convidado Lúcio Pinheiro, do site Estado Político.
Neuton Corrêa – Senador, qual a razão da sua candidatura? Por que o senhor se candidata ao Governo do Estado do Amazonas?
Omar Aziz – Nós chegamos ao limite, a sociedade está no seu limite. Hoje, ela, de uma forma bastante coerente e correta, crucifica os políticos de modo geral. Não tem político bom, como também não tem político que preste. Neste momento, todos são iguais perante a sociedade.
É normal. São erros e mais erros que foram sendo cometidos. Amazonas, neste momento, passa por uma crise institucional muito séria. Eu falo institucional porque falta autoridade hoje para se combater o narcotráfico na nossa cidade. Manaus, eu falo isso por conhecimento de causa, até digo isso para os meus amigos: “As pessoas podem até não gostar do Omar. Olha, eu não gosto do Omar. Ele é isso, ele aquilo”. Têm pessoas que não gostam de mim, têm pessoas que gostam de mim. Mas, uma coisa as pessoas não podem dizer de mim: que eu não conheço os problemas da insegurança no nosso estado, porque eu já provei mais de uma vez que eu sou capaz de resolver esses problemas, de trazer soluções para se resolver.
Eu tenho certeza absoluta que hoje, com o desemprego acima de 20%, na cidade de Manaus e no estado do Amazonas um pouco acima disso, nós temos um problema muito sério de distorções sociais que têm levado os nossos jovens a ser cooptados pelas ações criminosas, onde ele vê com mais facilidade ter um dinheiro, um trocado, no bolso.
Então, um garoto que se envolve com o narcotráfico, hoje, tem possibilidade, de no final de semana, sair com a namorada, tomar sorvete, ir para o cinema. Uma pessoa do bem, que o pai é trabalhador, está desempregado neste momento, não tem mais esse direito.
Então, é muito fácil você pegar e cooptar esses jovens. E, se o estado, a Prefeitura de Manaus e do interior, instituições, igrejas, principalmente, não ocuparmos esses espaços, iremos perder os nossos jovens para o narcotráfico. Essa é uma questão.
A segunda: questão de geração de emprego. É importante ressaltar a nossa luta constante em manter a Zona Franca [de Manaus] e sua competitividade. E, sem demagogia, sem achar que você é o salvador da pátria. O problema que nós enfrentamos hoje com mais de 20% de pessoas desempregadas é porque não está se gerando alternativas.
Nós teremos em nosso programa de governo e, se governador eleito eu for, a partir do dia 1º de janeiro do ano que vem começaremos a implantar programas que vão gerar emprego na cidade de Manaus. Vai dar oportunidade para o primeiro emprego, vai dar oportunidade para o jovem e, principalmente, para pais que neste momento estão desempregados.
Na questão da saúde, o caos é total. Falta tudo dentro dos hospitais. Não tem químico-cirúrgico, as filas são enormes, o atendimento não é bom e se culpa os médicos.
Eu tive uma reunião neste fim de semana com trinta profissionais de saúde e me colocaram a situação caótica em que se encontram os prontos-socorros. O pronto-socorro João Lúcio e o hospital pronto-socorro 28 de Agosto não têm tomografia funcionando. Não funciona a tomografia, sem dizer, veja bem, que isso é a emergência do estado, que era uma das melhores emergências do Brasil.
Então, a entrada do sistema hoje está caótica. E aí, quando você sair da entrada para a resolutividade, piora a situação, porque uma pessoa quando entrar no hospital desse com braço quebrado, uma perna quebrada, ela está estabilizada; depois, ela tem que ser mandada para um hospital especialista para que você possa fazer a cirurgia necessária para que essa pessoa não possa perder a mobilidade para o resto da vida. Então, nós encontramos isso de uma forma muito clara. A sociedade está vendo.
Falei um pouco da segurança, vamos falar um pouco mais sobre isso. Mas, o mais importante é servir.
Eu fui um governador que olhei as pessoas do lado delas. Não foi na frente delas. Eu me coloquei ao lado de uma mãe que tinha uma criança deficiente dentro de casa, eu me coloquei ao lado de uma mãe que tinha um jovem dependente químico dentro de casa, eu me coloquei o lado de uma mãe desesperada que estava perdendo filho para a droga, e eu consegui fazer com que o Ronda no Bairro amenizasse o sofrimento de muitas mães.
Fui o governador que em quatro anos, em apenas quatro anos, construiu e entregou mais casas na história do Amazonas.
Hoje, se você conversar aqui com a direção da Nilton Lins, ou qualquer outra universidade, a inadimplência é grande. A evasão nas faculdades particulares é grande porque as pessoas não têm dinheiro para pagar mensalidade no final do mês.
Isso acarreta o quê? Desesperança. Isso acarreta falta de perspectiva, isso acarreta coisa que o Amazonino está perdendo e eu quero fazer com que o Amazonas volte a ter expectativa, perspectiva de crescimento.
É possível, com autoridade, com vontade e, principalmente, com experiência, fazer as coisas acontecer. Se eu for governador, isso vai acontecer, se Deus quiser.
Neuton Corrêa – Para deixar bem claro, o que mesmo que o governador Amazonino Mendes perdeu, está perdendo?
Omar Aziz – Eu disse que o governo, eu não vou citar nomes, até porque eu quero citar na hora que nós estivermos num confronto direto. Não sou eu que estou dizendo. São as reportagens que você fez como jornalista diariamente. Final de semana 10, 15, 20 mortos. Nos últimos oito meses, quase 800 pessoas assassinadas. Se você for num pronto-socorro agora, tem gente entrando baleada, esfaqueada pela violência que está na cidade de Manaus.
Nós estamos perdendo a guerra para o narcotráfico, sim; por falta de autoridade, sim; por falta de um programa.
Fui o único governador, você que está me vendo neste momento, não precisa gostar de mim, mas você tem que admitir que eu fui o único governador que fez um programa de segurança pública para o estado do Amazonas. Não tem na história. Ninguém fez. Eu sai de 17 delegacias para 30 delegacias funcionando vinte e quatro horas.
Delegacia na cidade de Manaus virou repartição pública. Fecham às cinco horas da tarde. Aí está lá um aviso: a partir de cinco horas não deixe ser assaltado, não deixa ser roubado, porque está fechada a delegacia.
Então, à noite, nós temos uma incidência. A violência maior e as delegacias fecham. Não é para mim. É para você, para sua família, que eu estou falando. Não é o Omar. O Omar é um cidadão que, com mandato ou sem mandato, vai continuar morando em Manaus, que é uma cidade segura para mim e para minha família, assim como qualquer pessoa quer.
Então, eu volto a dizer: goste de mim ou não goste, mas eu tenho propostas e tenho soluções para o caso, e a solução é a ocupação da cidade de Manaus e das cidades do interior através do Ronda Total. É uma revolução. Da mesma forma que eu fiz o Ronda no Bairro, tenho certeza, absoluta, irei fazer o Ronda Total.
Rosiene Carvalho – Há no seu programa de governo nomes de dois novos programas que fala de inovação. Com o senhor pretende fazer uma nova mentalidade para administração? O Ronda Total e o Primeiro Passo. É isso?
Omar Aziz – O que é o Ronda Total? Nós temos problemas na cidade de Manaus que o estado precisa ocupar, mas não é ocupar com a repressão, com a polícia armada, com viatura, com motos, não. Isso é necessário para que a gente possa fazer o trabalho social e de resgate desse jovem. E como é que se faz esse trabalho? Parceria com a prefeitura. Aqui, seria parceria com prefeito Arthur Neto, com os prefeitos do interior. Se ocupam espaço desse, onde nós temos jovens envolvidos com drogas, alguns viciados, com o CAPS (centro de atendimento psicossocial), psiquiatra e psicólogo passam a acompanhar esses jovens.
Como nós não temos condições de internar todos, nós temos condições de fazer esse atendimento dentro de casa, recuperando praças, recuperando quadras, criando alternativas e, ao mesmo tempo, dando a esse jovem o Primeiro Passo.
E qual seria o Primeiro Passo? O estado iria dispor de vagas para o primeiro emprego, de mil vagas por ano, e fazer parceria com a iniciativa privada. E se você, Neuton, quiser contratar um jovem para o primeiro emprego, dentro de sua empresa, o estado entra com a metade do salário e você entra com outra metade do salário. É um salário mínimo, mil reais por mês. O estado entrar com quinhentos reais e a empresa entra com quinhentos reais para estimular. A partir de um ano depois a gente tem esse compromisso, de um ano.
Rosiene Carvalho – É primeiro emprego ou estágio?
Omar Aziz – É primeiro emprego, seria o estágio. Nós não podemos remunerar as pessoas, mas o que acontece? Se aquele jovem se der bem dentro da sua empresa, depois que terminar essa parceria, você vê que aquele cara tem futuro, você mesmo vai absorver aquela mão de obra, porque o grande problema hoje é a falta de experiência das pessoas.
Então, você se forma numa universidade e você não tem experiência nenhuma e ninguém te quer. Você vai para uma escola técnica, se forma numa escola técnica e você não tem experiência nenhuma, e ninguém quer.
Nos últimos três anos, com a diminuição de emprego no Distrito Industrial [da ZFM], queda de arrecadação acarretou uma série de problemas sociais no estado do Amazonas. Nós temos que resgatar.
Fiz grandes obras. Só naquelas dez mil casas que eu fiz no Viver Melhor, com seis mil pessoas trabalhando diariamente… Eram seis mil pessoas trabalhando diariamente. Essas grandes obras acabaram. O estado não produz mais, não gera emprego direto e não ajuda a gerar empregos indiretos. Nós temos que retomar o crescimento da cidade de Manaus e do estado do Amazonas.
Rosiene Carvalho – Como evitar que esse programa seja mais um investimento do dinheiro público no setor privado. Que garantias vai ter que o mercado vai absorver ou vai fazer só aproveitar mais um benefício de recursos públicos?
Omar Aziz — Tudo bem, ele pode não absorver, você tem razão, mas ele, depois de um ano, esse jovem sai com uma experiência de trabalho. Tem uma perspectiva, já tem um currículo. Hoje, você chegar ao primeiro emprego, primeiro emprego não é o programa Primeiro Emprego. O primeiro emprego que a pessoa se forma, para ter o primeiro emprego.
Geralmente, a pessoa entregou currículo. Correto? Currículo não tem nada: sou formado na universidade tal, fez estágio em tal lugar e aí seu currículo, na prática, ele pouco ou quase nada apresenta.
Com isso, com a gente fazendo com que esse jovem… e aí o estado tem que, não com recurso público à toa, … esse recurso público está sendo investido na perspectiva de crescimento desse cidadão. Ele vai ter uma perspectiva de cidadão. Nós não vamos estar dando esse dinheiro. Não é doação de dinheiro. É a pessoa estar prestando um serviço para a sociedade.
Eu vou precisar de muitos jovens no Ronda Total. Eu quero reativar um programa que não foi feito por mim, mas eu dei continuidade, que foi do Eduardo Braga, um programa que dentro das delegacias tinha e eu dei continuidade no meu governo. Infelizmente, acabaram com o programa.
Nas delegacias, tinham assistentes sociais para acompanhar os problemas que as famílias levavam para dentro das delegacias. Nós íamos à casa desses jovens. Então, o jovem cometeu um furto e alguma coisa. A gente ia acompanhar isso. Acabaram. E era um programa muito belo. Hoje, não dá para você manter uma delegacia aberta e não ter acompanhamento de algumas pessoas de algum tipo de crime que não se possa recuperar esse jovem. Mas isso, tenha certeza absoluta, que é o primeiro passo muito importante.
Você, como jornalista que é, o teu primeiro passo foi difícil, como foi o dele, o dele, e o seu, e como é o de muitas pessoas.
Então nós queremos facilitar o primeiro passo dessa pessoa que se formou ou se graduou numa universidade ou se graduou numa escola técnica para que ele possa ter uma expectativa de trabalho. Esse é o pensamento que nós temos no Primeiro Passo.
Israel Conte – Dentro desse tema, ainda talvez até ampliando um pouco mais, o senhor se colocou no lugar de mães que têm filhos drogados. A gente sabe que a violência, grande parte, vem mesmo do tráfico de drogas. Queria saber qual sua ideia para as fronteiras?
Omar Aziz – Nós aprovamos o sistema único para a segurança pública e a gente espera que os recursos sejam alocados e que seja de obrigatoriedade do governo federal passar esses recursos para os estados, como é o Fundeb, da educação, e como é o SUS, na saúde. Hoje nós temos o Sistema Único da Segurança Pública.
Com esses recursos é possível, em parceria com o Exército, a Aeronáutica e a Marinha, você ter um controle das fronteiras, que hoje nós não temos. Hoje, exemplo, eu discutia com técnicos. Eu não preciso buscar técnico nenhum. Nós temos técnicos especialistas em segurança pública muito bons, que passaram a vida toda trabalhando, fazendo curso, conhecendo a nossa realidade.
É possível hoje você estar no Vieiralves, por exemplo, numa área comercial e ou em qualquer área comercial e onde o trânsito seja muito engarrafado e você pegar uma viatura para perseguir uma pessoa que assaltou, ou furtou uma pessoa numa moto.
O cara vai, furta, pula na moto, sai na moto fazendo ziguezague e ninguém acha mais a pessoa.
Nós vamos ter drones com motos, com pessoas armadas nessas motos e não é armamento pequeno, não, armamento pesado para enfrentar o crime organizado, sim.
A presença da polícia armada e bem equipada vai fazer um diferencial muito grande. E se eu tenho drones em áreas onde temos engarrafamentos, a gente, com drones, e hoje tem drones que vão a três quilômetros, você tem como controlar. Você, às vezes, coloca um helicóptero, mas o helicóptero ele não tem como mais. drones, um drone desse custa em torno de R$ 40 mil, por exemplo, um drone usado pelo Exército americano.
Aí, eu pego esse jovem, como lhe falei agora, a gente prepara essas pessoas para que a gente possa ter um controle, uma parceria importante.
Nós temos um centro de comando que fica no Aleixo, construído por mim, para a Copa do Mundo, subutilizado. Hoje nós podemos fazer parcerias com a iniciativa privada, usando as câmeras deles para termos o controle de tudo o que está se passando na cidade.
Quando eu digo, quando eu falo em inovação, é uma nova mentalidade, é isso que eu estou me colocando, Rosiene. Você tem que enxergar as coisas no macro, inovando o tempo todo, se reciclando. Não dá para cometer e praticar as velhas práticas. Não basta. Tem que usar tecnologia. É preciso se modernizar.
Aí, volta o seguinte: nós podemos controlar as fronteiras com drones e helicópteros. Podemos. Você tem ali uma fronteira… você conhece o alto Solimões? Já esteve lá?
Olha, se você pegar de Benjamin Constant a Tabatinga, aquilo é um mar, você não enxerga o outro lado da margem, quer dizer, uma embarcação pequena dali entra pela Colômbia, pelo Peru, e passa com aquelas drogas com a facilidade que você não sabe. É um pescador utilizado para fazer esse transporte. Não há controle nenhum. As nossas fronteiras não têm controle.
Tem controle onde? Tem ali uma guarita, ninguém é parado entre Letícia e o Brasil. Letícia e Tabatinga, passa quem quer, entra quem quer. Existe ali uma interlocução sem nenhum tipo de controle. O que tem um pouco de controle é pela Polícia Federal, dentro do aeroporto de Tabatinga. E a base Anzol que tinha lá, inclusive, foi no meu governo que eu reativei a base Anzol, quando o Sérgio [Fontes] era superintendente da Polícia Federal, mas era uma base com poucas pessoas, com poucos recursos, sem tecnologia, tanto o é que houve enfrentamento no Solimões e policiais da Polícia Federal que vieram a óbito num confronto com quem? Com traficantes armados com AR-15, e os nossos policiais brasileiros com “.40” [pistola ponto quarenta] e eles com AR-15, que perfura blindado. Impossível. Você não pode fazer esse confronto, se você não tiver conhecimento. Você precisa ter conhecimento.
Sobre as fronteiras, se você for procurar no meu Facebook, eu faço discursos no Senado… desde o primeiro dia em que eu assumi o meu mandato eu falo desse problema que há.
O que acontece? As Farc [guerrilheiros colombianos] foram jogadas para a fronteira do Brasil. Agora, não. Fizeram acordo lá com governo colombiano, mas eles trocavam remédio, comida, com os brasileiros por arma. O Brasil não fabrica armas pesadas, como metralhadoras AR-15. Essas armas que entram no Brasil entram através do narcotráfico.
Lúcio Pinheiro – Essa ação do controle das fronteiras só é possível fazer com orçamento do governo federal?
Omar Aziz – Veja bem, se houver uma decisão do governo federal de fazer parcerias com os governos estaduais, prefeituras e Forças Armadas, é possível, cada um entra com o seu quinhão.
Lúcio Pinheiro – Isso foi tentado no seu governo?
Eu tentei várias vezes, mas o que tinha era o seguinte: a falta de sensibilidade era tamanha que as pessoas entendiam que quando se colocava a insegurança no Rio de Janeiro, numa velocidade muito grande, se fez uma intervenção lá. Resolveu alguma coisa? Não, Absolutamente. Sem políticas públicas, sem políticas sociais, sem intervenção do estado nessas questões, nós não vamos resolver e aí não dá nem para cobrar o Exército Brasileiro por não resolver o problema do Rio de Janeiro. Houve uma intervenção no Rio de Janeiro. O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que é um general, não deve nenhuma satisfação ao governador, e todo mundo aplaudiu naquele momento achando que ia resolver. Era uma ação populista, oportunista e sem resultado nenhum.
O Amazonas tem que tomar posições enérgicas e com autoridade, valorizando o policial. No meu governo, policial militar teve reajuste de quarenta e oito por cento. Data-base, aliás, eu não fiz data-base só para os policiais, foi para todos os servidores do estado. Professor sabia no dia 1º de maio quando saía o reajuste dele e ele recebia aquele reajuste sem procurar o governador, sem fazer nenhum tipo de manifestação. Fiz isso, sim, no meu governo, e me orgulho muito disso, porque era uma responsabilidade nossa e fizemos isso.
Policial valorizado, treinado, com tecnologia e com autoridade para se comandar, nós teremos uma segurança.
Tanto o é que eu vou modificar o comando da segurança pública, que vai estar diretamente ligada ao governador a partir do dia 1º de janeiro.
Neuton Corrêa – O governador vai ser secretário?
Omar Aziz – É quem vai comandar o combate à insegurança da bandidagem. Hoje, o bandido vive tranquilo, Neuton. O bandido vive tranquilo. Quem não vive tranquilo são famílias de bem. Nós vamos ter que inverter.
Bandido não vai viver tranquilo com o Omar. As famílias de bem irão viver tranquila comigo. Essa aqui é a diferença.
Eu conheço o que eu estou falando.
Rosiene Carvalho – Candidato, aproveitando o seu gancho… o senhor falou hoje e também no discurso desde que foi assumindo sua pré-candidatura, o senhor tem muitas clarezas dos problemas da segurança pública, até pela sua experiência e se apresenta como o candidato que pode, de fato, solucionar o problema que atormenta toda a população em Manaus e no interior também. Mas o senhor foi vice-governador por duas vezes, foi governador, o senhor articulou e participou de outros grupos políticos que colocou José Melo e Amazonino Mendes. O senhor se exclui da responsabilidade e da situação da segurança pública no atual momento? O senhor se arrepende do estado da segurança pública? O senhor acha que errou em alguma medida?
Omar Aziz – Todo mundo tem direito de pensar de uma forma e agir da forma que quiser. Acima de dezoito anos, aos dezoito anos de idade, todo cidadão tem o livre arbítrio. Eu falo sobre mim. Se tivessem dado continuidade ao Ronda no Bairro, nós não estaríamos na situação que estamos. Não deram continuidade.
“Ah, isso é do Omar, vamos acabar”. Eu não posso falar pelos outros, tanto é que eu sou candidato porque compromisso assumido em relação à segurança, saúde, não está sendo feito nada. Na educação, falta merenda escolar nas escolas, não tem fardamento. Quanto tempo vocês não veem o estado fazer farda?
Lúcio Pinheiro – Candidato, mas os últimos governos que assumiram na sua sequência eram aliados seus. Ao entrarem no governo eles já tomaram essa postura de eliminar qualquer digital do programa do seu governo?
Omar Aziz – Vamos lá. Os programas que nós tínhamos aqui, que eram importantes não pra mim, mas para a sociedade: Ronda no Bairro era importante ou não era para sociedade? Era ou não era? Era. O programa para deficientes físicos era ou não era para mais de vinte e um por cento da população que tem deficiência física? Aliás, vinte e três por cento da população do Amazonas é deficiente física, tem algum tipo de deficiência, dos quais quinze por cento eram, antigamente. Aumentou para vinte e três por cento porque agora também as pessoas que têm diabetes são incluídas como pessoas que tem potencial para deficiência. Eu não sabia, fiquei sabendo outro dia. Importante, não era? Aquela clínica que eu construí para recuperação de dependentes químicos? Era importante também. Fechado. E as mamografias? As que eu comprei? Sessenta e um mamógrafos. Estão encaixotados aí no interior. Será que não eram importantes? E vários outros programas que nós criamos e acabaram. Simplesmente, acabou.
Eu quero retomar esses programas e quero avançar. Eu quero deixar muito claro aqui para você que está me vendo. Se você for contar as pessoas que estão, quais são os partidos que apoiam o atual governador, você vai ver que a cooptação foi muito grande. Qual aliado do atual governador esteve com ele um ano atrás? Qual é? Nenhum. Então, se nós divergimos da conduta, nós divergimos em cima de programas e não pessoal. Pessoal não tenho nada contra ninguém. Cada um cuida da sua vida. Eu cuido da minha, mas em relação aos programas, os compromissos assumidos para que a gente pudesse realmente melhorar as condições da população do estado Amazonas.
Neuton Corrêa – Em sua aliança com o prefeito de Manaus, Arthur Neto [PSDB], a gente ouve novamente falar de “ação conjunta”. Que diferença o seu governo acrescentaria, caso ganhe a eleição? Ação conjunta com a Prefeitura de Manaus e as do interior do estado?
Omar Aziz – Eu vou te falar sobre duas ações que eu e o prefeito Arthur Neto tivemos a oportunidade de fazer. Em pouco tempo. Porque, quando ele assumiu, eu estava saindo. Um assunto que era corriqueiro em todas as eleições, tanto da prefeitura quanto para governo, desde a década de oitenta. Veja bem: eu me lembro. Em 1985, quando Manuel Ribeiro foi candidato, a Cosama, às pressas, rasgou a Constantino Nery para colocar água na Cidade Nova. Você não estava aqui. Ainda acho que vocês não eram nascidos, mas quem é da minha idade sabe que eu estou falando a verdade, problema de água, falta de água na cidade Manaus.
Era tema ou não era das campanhas? Eu terminei o problema. Chamei o prefeito, nós sentamos bem antes dele assumir, criamos uma parceria. E está aí, hoje, mais de quinhentas mil pessoas atendidas com abastecimento de água normalmente.
Então não é mais tema de campanha. Antigamente, em toda campanha aquele pessoal puxando água com balde nas costas, carrinho, carro-pipa. Isso vocês se lembram. Isso foi uma parceria que eu e o Arthur fizemos e deu certo, porque houve entendimento macro. Não quero puxar para mim nem pra você uma disputa de dizer “ah, o estado está fazendo, a prefeitura não faz”. Não. Não é o estado e a prefeitura. O recurso é oriundo de uma única fonte certa. É da população, não é estado e prefeitura.
Outra parceria que fizemos e que deu certo foi em relação ao movimento de estudantes em 2013, cem mil jovens nas ruas.
O Amazonas foi um dos poucos estados em que não tivemos nenhum tipo de problema porque sentamos à mesa, eu, o prefeito, os representantes e resolvemos o problema, assim como resolvemos vários problemas na área de segurança pública, problema no transporte coletivo e assalto.
Se você chega numa reunião no bairro hoje, de dez pessoas que eu pergunto “quem já teve seu celular roubado?”, doze levantam o braço, porque tem gente que já foi roubada mais de uma vez. E fala com medo porque tem medo que alguém esteja ouvindo e vai contar para o chefe da organização criminosa daquele bairro. Nós passamos por isso neste momento.
Então, quando eu falei e fiz aquela convocação ao Arthur, eu relembrei o momento em que estive com o governo, do respeito absoluto à autoridade do prefeito e do prefeito o respeito absoluto à autoridade do governador, para que possamos, juntos, e não dá para fazer só. O que eu estou propondo na segurança pública é importante que o prefeito esteja do lado, acreditando nessa proposta, porque quando eu falo em CAPS, que é centro de apoio psicossocial, é prefeitura, e eu vou colocar pessoal, nós vamos construir juntos. Quando eu falo em quadras, são recursos que eu vou passar pra prefeitura pra gente recuperar quadras, campos, áreas de lazer; quando eu falo sobre uma série de coisas de prevenção na área de segurança pública, é importante a parceria com a prefeitura, é importante a parceria com a sociedade organizada, é importante a parceria com as igrejas e com os poderes.
Lógico que eu vou conversar com Ministério Público, vou conversar com Tribunal de Justiça, porque isso não é uma decisão do governador. Tem que ser uma decisão de todos nós para a gente tentar amenizar.
Então, são várias parcerias que nós vamos fazer com a prefeitura que poderão dar certo num entendimento político. Foi isso que eu fiz ao prefeito ao convocá-lo e é isso que ele se ressente hoje, de não ter uma interlocução com o governador, apesar de ter apoiado o atual governador do estado e o atual governador do estado ter se comprometido a fazer isso ano passado, e não fez.
Lúcio Pinheiro – Essa aliança do senhor com o prefeito para esta campanha, ela terminou com o fato do vice-prefeito Marcos Rotta se desfiliando do PSDB e declarando publicamente que saiu magoado porque em nenhum momento foi consultado ou participou das conversas que resultaram na definição do deputado federal Arthur Bisneto como seu vice. Eu lhe pergunto: o senhor em algum momento considerou o vice-prefeito Marcos Rotta como parceiro de chapa?
Omar Aziz – Deixa dizer. De todos vocês aqui, de Amazonino, de Arthur, de Eduardo Braga, por onde passou, o cara que mais teve relações com o Marco Rotta foi o Omar Aziz.
O Omar Aziz era dono do programa “Exija seus direitos”, quando eu saí do “Exija seus direitos” e botei ele para apresentar o programa. Naquele momento, ele estava sem fazer absolutamente nada e ofereci essa oportunidade para ele.
Então, a primeira pessoa que deu oportunidade para o Marcos Rotta na vida, em Manaus, fui eu. Ele veio trabalhar na campanha de 1992, terminou a campanha ele ficou por aqui. Ele foi, veio pra cá, numa equipe de produtora apresentar o programa. Apresentava ele e a Liliane Maia. Se vocês forem pegar a campanha de 92, vocês vão ver lá o Marcos Rotta e a Liliane Maia apresentando programa do Amazonino, e o Eduardo era vice, ele ficou por aqui e eu dei essa oportunidade ao Marcos Rotta.
O Marcos Rotta é meu compadre. Eu sou padrinho do filho dele. A minha mãe que faleceu 30 dias atrás é madrinha do filho do Marcos Rotta, para você ver a relação.
Ele não me permitiu que eu conversasse com ele. Eu liguei várias vezes e ele não atendeu meu telefone. Eu tentei várias vezes falar com Marcos Rotta e ele não atendeu telefone.
Rosiene Carvalho – O senhor acha que ele já estava conversando com o grupo do Amazonino Mendes?
Omar Aziz – Não, eu não faço esse tipo de coisa. Eu estou falando da minha relação com o Marcos Rotta. As conversas que eu tive com o Marcos Rotta foram muito tempo atrás. Eu liguei várias vezes, mandei mensagem, ele viu as mensagens, ele viu que eu liguei, mas não quis me atender. É um direito que ele tem. Que Deus o abençoe.
Agora, de todos vocês aqui, a pessoa que viveu dentro da minha casa, comia na minha casa, bebia na minha casa é o Marcos Rotta.
Eu sou a pessoa que estou sendo crucificada neste momento porque o partido escolheu o PSDB, agora, ele era o vice-prefeito. Era secretário de obras, tinha toda a liberdade com o prefeito Arthur Neto. O prefeito sempre respeitou muito o Marcos Rotta. Mas, faz parte da política, faz parte da vida, vamos tocar, que Deus abençoe o Marcos Rotta e que Deus abençoe a gente nessa caminhada.
Israel Conte – Falando em processo político, eu queria tocar no tema José Melo. Foi o seu vice-governador, assumiu o governador depois do senhor e certamente vai ser uma munição pesada que os seus adversários vão usar durante a campanha…
Omar Aziz – Será?
Israel Conte – Quero saber como o senhor trata esse assunto?
Omar Aziz – O José Melo foi secretário do Amazonino. Quem colocou o Melo na atividade pública foi o Amazonino. Foi secretário de Educação, secretário de Produção do Amazonino, depois foi secretário de Eduardo Braga. Ele era do PMDB, numa composição do meu partido com o PMDB, o PMDB indicou o José Melo. O José Melo era governador e foi candidato à reeleição. Agora, todo mundo que eu tinha no governo, a grande maioria das pessoas que eu tinha no governo saiu.
É isso. Zé Melo trabalhou com todo mundo. O David [Almeida] era líder do Melo e foi escolhido presidente da Assembleia [Legislativa do Estado] pelo Melo, porque aqui, até hoje, ninguém conseguiu eleger um presidente da Assembleia se o governador não quiser. Não tem na história um governador não ter feito o presidente da Assembleia. É presidente da Assembleia quem o governador quer.
Acho que o professor José Melo tem aí uma série de coisas a explicar e eu espero que ele consiga explicar. Acho que o processo político não vai passar por ele não.
Rosiene Carvalho – Qual a sua relação com o ex-governador José Melo? O senhor fala com ele?
Omar Aziz – Não, não. Nunca mais eu falei com José Melo. Para não dizer que não falei, o Zé Melo me deu um telefonema no dia em que minha mãe faleceu, para externar o sentimento. Foi a única vez que eu falei com professor José Melo foi essa vez.
Lúcio Pinheiro – Mas, o afastamento foi natural ou aconteceu algo na relação de vocês de 2014 pra cá?
Omar Aziz – O afastamento foi natural. Já vinha. Ele fazia o governo dele e eu estava mais tempo em Brasília, nós não tínhamos uma relação mais… Até na campanha de 2016 eu me envolvi fortemente na eleição do Marcelo Ramos e ele não se envolveu na eleição. Vocês lembram disso.
Rosiene Carvalho – O David Almeida tem sido questionado a respeito do José Melo, como o senhor mesmo falou…
Omar Aziz – O David Almeida foi líder do meu partido. O David Almeida é meu amigo. Eu era do PMN, ele era do PMN. Eu fui pro PSD, e ele foi pro PSD. Ele foi líder do PSD na Assembleia. Ele viajou esse estado todo da minha companhia. Quando foi para ele ser presidente da Assembleia, ele foi à minha casa para me pedir apoio. Eles estavam com dificuldade para eleger o David e o David foi me pedir apoio. Não deixa de ser meu amigo.
Rosiene Carvalho – Eu ia perguntar sobre o Melo, mas agora vou perguntar sobre o Melo e o David. O David, quando fala sobre o Melo, ele diz que algumas pessoas renegam, ele chama de professor, ele é meu amigo. Eu não vou renegar o passado de amizade que eu tinha com ele. O senhor acha que se encaixa nesse grupo que ele diz que renega? Essa é a pergunta do Melo. Mas como o senhor falou a respeito do David, também vou colocar uma pergunta a respeito do David Almeida sobre essa postura agora na Assembleia Legislativa de oposição ao governo. E há alguns políticos do PSD e de partidos que estão no seu grupo político que tem votado a favor do governo. Há alguma orientação do PSD em relação a isso?
Omar Aziz – Eu sempre dei muita liberdade aos deputados escolherem seu voto. Não é porque a pessoa se elege no meu partido, que vai voltar do jeito que eu quero. Eu sou um democrata. Nunca fiz isso. Eu acho que se tem matérias importantes para população que se vote a favor, se tem matérias que não são importantes, que vote contra.
Uma que o PSD ia fechar questão e que não votaria era a reforma tributária que o governo atual queria. Era uma brincadeirinha de mau gosto, feita aí por aquelas mentes que só pensam em tirar proveito. Essa ele não teve coragem de colocar porque ia perder a votação. Essa o PSD ia votar contra, porque quem tem conhecimento da matéria sabe muito bem que não ia beneficiar o estado em coisa nenhuma.
Neuton Correa – Não veio à tona ainda isso?
Omar Aziz – Não. Eles mandaram e retiraram. Foi feito um acordo e eles retiraram de lá, nem para discutir.
Rosiene Carvalho – Mas, a pergunta do Zé Melo em relação à colocação do David, de quem renega ele hoje. O senhor acha que se enquadra?
Omar Aziz – Não é questão de renegar. O Melo teve relações com Amazonino, com Eduardo Braga, com David, com Eron Bezerra, com a Vanessa Grazziotin, vem dizer que não conhece o cara agora? Você teve relações com o Melo, como profissional…
Rosiene Carvalho – Não iguais às dos políticos.
Omar Aziz – Você teve sim, participava de entrevistas com ele, isso. Quer dizer que você tinha respeito pelo governador na época.
Rosiene Carvalho – E nem tenho o desrespeito agora também…
Omar Aziz – Não é renegar. Dizer que não conhece a pessoa… você não precisa mais sair para jantar, pra almoçar, não é isso. Conhecer o professor, é verdade, eu conheço Zé Melo, como é que não vou conhecer Zé Melo? Como é que eu vou dizer que eu não conheço?
Neuton Correa – Senador, dois assuntos…
Omar Aziz – Tem umas coisas, ô Neuton, que a gente tem que explicar direito, não é renegar. É fácil essa palavra renegar. Renegar o que, por exemplo? Renegar o Melo em quê? Me dê um exemplo.
Rosiene Carvalho – Eu lhe dei uma frase que é colocada por um pré-candidato ao governo, quando ele é questionado a respeito do José Melo. E aí há uma carga muito negativa que já derrubou, candidato, em eleição e o senhor sabe disso, porque apoiava o Marcelo Ramos. Mesmo sem o Melo apoiar o Marcelo Ramos, naquele momento em que não havia prisão, houve uma carga negativa. Então há uma interpretação de que essa aproximação dele na Assembleia Legislativa, a briga entre vários deputados que estavam na base do Melo, às vezes, atiravam o Melo para um lado e pro outro. Então, o David Almeida, quando questionado a esse respeito, diz que ele é amigo do Melo, que ele respeita e coloca que alguns políticos estão tentando esquecer o passado com ele. E eu lhe questionei se o senhor faz parte desse grupo.
Omar Aziz – A minha relação com Melo não era como deputado. Eu era senador, ele era governador. A relação minha era institucional com governo.
Lúcio Pinheiro – Mas, antes, ele era seu vice-governador. Era uma relação bem mais próxima, de dividir responsabilidades…
Omar Aziz – É verdade, é verdade. Ele era meu vice-governador, como foi secretário do Amazonino, como foi secretário do Eduardo. Como vem há muito tempo na vida pública. O Melo não nasceu no meu governo, não foi uma coisa que eu tirei do meu colete: “Eu quero esse candidato”. Não é bem assim. Foi um processo natural. Ele era governador e foi candidato à reeleição. É isso.
Agora, você tem que esperar as coisas acontecerem para saber realmente se o Melo é culpado de tudo isso. Quem sou para pré-julgar alguém? A pergunta de renegar está parecendo que é coisa de Judas, né? Renegou Jesus três vezes. Não é bem assim. Todo cidadão tem direito de provar se é inocente ou culpado.
Muitas vezes você passa pelo escrachamento público, você é pré-julgado e depois você vai ver que nem tudo… não tô fazendo aqui julgamento prévio. Tomara que o Melo consiga se explicar. Não é questão de renegar, não estou renegando. A última vez que eu falei com o Melo foi no dia que a minha mãe faleceu, que ele ligou para mim, eu atendi o telefone, era o José Melo: “Omar, tô te ligando, meus sentimentos pela perda de sua mãe”. E falei: “Muito obrigado”. Só foi isso.
Agora de relação pessoal e política, nós não temos mais.
Neuton Correa – Lava Jato e Maus Caminhos. Queria que o senhor falasse a respeito desses dois assuntos, dos quais certamente o senhor já se referiu anteriormente, fazendo uma defesa de ataques dos seus adversários.
Rosiene Carvalho – Só para acrescentar na pergunta do Neuton: o senhor é investigado em quantas ações?
Omar Aziz – Um processo que eu era investigado a Polícia Federal pediu arquivamento, que era a ponte [sobre o rio Negro]. E, ou por falta de informação ou por maldade, algumas pessoas, tentam falar que é Lava Jato. Há uma diferença muito grande entre processo e Lava Jato.
Se fosse Lava Jato, meu processo estaria na mão do [ministro Edson] Facchin [do STF]. Não sou investigado na Lava Jato. Em momento algum. Não tenho uma menção na Lava Jato. Mas, como todos os processos viraram Lava Jato, lá vai o Omar na Lava Jato também. Então, não há nenhum processo.
Há um outro processo de investigação sobre a arena [da Amazônia]. A arena é a arena mais bonita do Brasil, a mais barata do Brasil, há três anos sendo investigada e até hoje não acharam nada.
Estão esperando cair do céu alguma prova contra mim, mas vão esperar cinquenta anos e não vão achar. Porque eu não fiz absolutamente nada que desonrasse minha conduta dentro do governo ou envergonhasse pessoas que acreditam em mim. Isso venho repetindo sistematicamente sobre isso.
E a questão da Maus Caminhos não tem absolutamente nada. Estou cem por cento despreocupado. Não tenho nada a ver com isso.
Quando aconteceram esses pagamentos eu não era mais governador. Já falei isso dez vezes. É só pegar as datas. Citar o meu nome, citam. Citaram o nome de várias pessoas. Mas, até hoje eu tenho tranquilidade absoluta no que estou dizendo para vocês. Se foi nessa questão, eu estou tranquilo.
Agora, se tiver outros processos, eu não tenho conhecimento. Tinha um que era do Gilberto de Deus [ex-secretário no governo Melo], e esse eu estou esperando o momento certo para explicar. Onde foi feita essa denúncia? Foi num hotel em Brasília, no Meliá. Com dois deputados presentes, com câmera, foi um negócio bacana feito lá, e no momento certo nós vamos apresentar isso.
Mas, vamos lá. Questão de Lava Jato, eu não sou investigado e não tenho nenhum processo da Lava Jato. A ponte não é Lava Jato e já foi arquivada.
Rosiene Carvalho – O Ministério Público recorreu…
Omar Aziz – O Ministério Público faz isso por ofício. Recorre de tudo. Mas, não recorreu da decisão do juiz. Recorreu dizendo que não era o fórum, que não era mais lá com ele.
Investigação, nós somos investigados diariamente. Isso é normal. E tem que ter transparência mesmo. A vida de uma pessoa pública tem que ter transparência. E eu espero ser investigado. Quanto mais investigado eu for e nada acontecer, mais prova que eu sou inocente. Não tem nada aqui que eu posso dizer que tenho influência. Qual a minha influência na Policia Federal para dizer que não achou nada na minha investigação? Se a Polícia Federal diz que não achou, eu não sei quem é pode dizer que tem alguma coisa contra.
Lúcio Pinheiro – Falando em Maus Caminhos, o cerne dos supostos crimes apontados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, ele aconteceu em uma OS [organização social] que administrava algumas unidades de saúde. E o processo de seleção iniciou ainda no final de 2013, ainda no seu governo, de habilitar uma OS para futuramente ganhar algum contrato aqui. Isso aconteceu. E é algo que se tornou meio que natural. O sistema de saúde tá meio que refém da terceirização. Eu lhe pergunto. É possível administrar a saúde sem terceirizar serviços? E se é, porque não aconteceu no seu governo?
Omar Aziz – Pela necessidade e pela urgência. Porque você tenta fazer o concurso público para médicos, para colocar médicos do interior e unidades hospitalares. Eles estão em associações e cooperativas, eles não querem participar dos concursos. Então, você não tem especialistas. Você não consegue um neurocirurgião, não consegue um anestesista através do concurso público. E isso vem desde a década de 80.
As OS são criadas pelo Fernando Henrique Cardoso, que cria para dar mais agilidade. Você controla isso e você tem mais agilidade. E tem várias organizações sociais trabalhando hoje pro estado, para as prefeituras, governo Federal, mas isso não quer dizer nada. Tem que ser fiscalizada.
Mas, quando fala na Maus Caminhos, é bom porque agora é o momento que eu posso falar sobre a Maus Caminhos. Antes eu não podia falar nada porque tudo se virava contra mim. Disseram que o cara era meu primo, escreveram em vários lugares: “O cara é primo do Omar, virou primo do Omar”. O pai dele não é parente, a avó dele não é parente da minha avó. E virou meu primo.
Quando se quer fazer mal a uma pessoa é só contar uma mentira cem vezes que ela vira verdade. E hoje a responsabilidade das redes sociais é essa. Hoje saiu uma nota e se espalhar e viralizar, vira verdade. É impressionante como as pessoas compartilham maldade.
E a hipocrisia maior está naquelas pessoas que colocam uma frase de Jesus Cristo no Face, no Instagram, e lá embaixo diz: “Morra”. Não dá para entender uma pessoa dizer que é cristã, querer a morte da outra. Essas coisas nos preocupam porque se perde a sensibilidade de falar das pessoas, sem se respeitar filhos, que não tem nada a ver com isso.
Os erros ou acertos, se forem meus, eu é que tenho que ser crucificado. Não terceiros. É isso que nós temos que resgatar, um pouco de amor ao próximo. O cara pode ser uma pessoa que você não goste, mas, você não precisa odiá-lo.
E, às vezes, a desinformação leva a isso. Eu mesmo, aqui, têm perguntas que são feitas pra mim, eu respondo com maior respeito, mas discordo da forma como é colocada. Mas, como vivemos numa democracia, é uma oportunidade que eu tenho para esclarecer. Então, eu vou tratar sobre a ponte, sobre a arena, sobre Maus Caminhos, sobre bons caminhos, sobre os problemas com a mesma serenidade que eu irei tratar o governo quando eu assumir, no ano que vem, se Deus quiser, para a gente transformar o estado do Amazonas.
Rosiene Carvalho – Um assunto muito comentado ontem foi a respeito da declaração de bens de sua esposa, que é candidata a deputada estadual. É muito grande a distância entre a declaração dela e a sua. O senhor quer comentar a respeito?
Omar Aziz – Quando eu conheci minha esposa, ela já tinha patrimônio. Todo mundo achava que ela tinha dado golpe em mim, mas quem deu golpe foi eu. E ela declarou. Eu fico espantado com essas declarações que aparecem, hipócritas. Então, ela pelo menos está declarando. Se ela declarou é porque está na Receita Federal, em todos os órgãos.
Agora, não dá para pré-julgar. Que é isso que você está fazendo, é pré-julgamento. Você está insinuando porque ela é minha esposa e ela tem bens. Isso aí foi que aconteceu ontem. A maldade é que está nesse lugar, e aí eu não vou permitir isso, e sabe por quê? Porque ela declarou.
Se ela declarou, não é você que vai julgar. Ninguém aqui tem o direito de julgar. Tem órgãos competentes para fazer esse julgamento, que é a Receita Federal. Quando eu conheci a Nejmi, ela já morava no Jardim das Américas, ela já tinha uma vida muito estabilizada, ok? E ela tem as suas coisas, que não são minhas, são dela. E eu posso dizer o seguinte: ela pelo menos declarou. Eu vejo algumas declarações aí que você realmente perde o prumo.
Pergunta do internauta Júnior Crispim – Por que o senhor vai abandonar um mandato de oito anos pra um outro mandato?
Omar Aziz – Não são oito. Tem mais quatro anos. O meu suplente é um médico renomado, uma pessoa do bem. O estado estará bem servido, caso eu seja governador. E a minha proposta é governar o estado. Servir a população da melhor forma possível, principalmente em que nós estamos vivendo uma total falta de autoridade e segurança no Amazonas. Caso eu seja eleito, não se preocupem que não é nenhum familiar meu, não é nenhum amiguinho meu, é uma pessoa de bem, que é o doutor Hélder, renomado médico que vai servir o estado do Amazonas muito bem no Senado Federal.
A entrevista em vídeo
BNC SABATINA |Episódio com Omar Aziz (PSD)
Posted by BNC on Tuesday, August 14, 2018
Foto: BNC Amazonas