Por Rosiene Carvalho , da Redação
Inicia nesta sexta-feira, dia 20, uma das principais fases do jogo eleitoral deste ano: o período de convenções partidárias, que definirá as alianças para a disputa local e nacional e cujo prazo termina no dia 5 de agosto.
Quatro pré-candidatos ao Governo do Amazonas vão experimentar a etapa das fraturas expostas no vale-tudo da disputa por alianças e no jogo para enfraquecer e estrangular adversários. A votação será no dia 7 de outubro.
Até aqui são quatro os nomes que se apresentam como postulantes ao cargo de governador, que, para se candidatar, precisam passar pela oficialização das convenções: o governador Amazonino Mendes (PDT), que disputará a reeleição e a possibilidade de se tornar pela quinta vez governador do Amazonas; o senador Omar Aziz (PSD), que quer exercer o mandato pela terceira vez.
O presidente da ALE-AM, David Almeida (PSB), que experimentou o gosto da caneta de governador por cinco meses após a cassação do ex-aliado José Melo e quer exercer o cargo pela via do voto; e o apresentador de TV do grupo de comunicação A Crítica, Wilson Lima (PSC), que nunca exerceu nenhum cargo eletivo e apresenta um programa policial que explora as mazelas sociais de Manaus.
Muitos nomes que se apresentam como terceira via aos caciques políticos morrem na praia do período de convenções, quando as alianças nacionais se fecham.
O próprio governador cassado José Melo quase fica sem partido e fora da disputa em 2014 em função do estrangulamento tentado via articulação nacional pelo adversário Eduardo Braga.
É nesta fase do jogo também que se confirmam candidaturas que disputam o mesmo eleitorado do adversário com o objetivo de enfraquecê-lo nas urnas, os chamados “candidatos laranjas”.
Há ainda os partidos nanicos de esquerda, que ainda não lançaram nenhuma pré-candidatura, mas costumam colocar nomes na disputa, sem densidade eleitoral, para demarcar posicionamentos políticos.
Uma dessas pré-candidaturas morreu ainda em alto mar: Júnior Brasil (Rede).
Alianças nacionais
Numa eleição em que há quase 20 pré-candidatos à presidência até este momento, o Amazonas chega ao período de convenções com apenas quatro pré-candidaturas ao cargo de governador e pelo menos 12 pré-candidatos ao Senado. O jogo, ainda embolado em cima, vai influenciar na definição de alianças no Estado.
Os partidos dos caciques políticos do estado e os que têm pré-candidato ao governo estão jogando as convenções para o final do prazo. E historicamente no final do prazo das convenções “até boi voa” no Amazonas.
Exemplos não faltam: José Melo, sacado fora da vaga de vice de Braga nas Eleições de 2002; Rebecca teve o palanque à Prefeitura de Manaus desmontado por Braga nas eleições de 2012; Marcos Rotta (PSDB), que virou vice de Arthur em 2016, selando paz entre o tucano e Braga; e Marcelo Ramos, que virou vice de Braga nas eleições 2017.
As disputas nacionais por aliança muito indefinidas até este período ajudaram a embolar as alianças regionais.
Com os maiores tempos de TV, PSDB e PT, que não lançaram pré-candidatura ao Governo do Amazonas, são partidos ainda disputados por Amazonino, David e Omar. Mas que, além das negociações locais, dependem da definição nacional.
O PSD indicou aliança fechada com PSDB no apoio ao presidenciável Geraldo Alckmin.
Mas no Amazonas, Arthur Virgílio do PSDB, ainda segurando a mão de Omar Aziz do PSD, passou a flertar com Amazonino, do PDT.
A direção estadual do PDT emitiu nota esta semana vetando aliança com PSDB no Amazonas e executiva nacional foi acionada para destravar possíveis empecilhos caso o namoro vire casamento.
Até agora não está fechado com quem, nacionalmente, ficará o PSB de David Almeida: com o PDT de Ciro Gomes Amazonino Mendes, com o PSDB de Alckmin e Arthur Virgílio ou com o PT de Lula.
O PT nacionalmente tenta atrair o PSB, mas no plano regional há conversas para todo lado. Parte do PT quer candidatura própria, outra aliança com Amazonino e outra quer coligar com David.
A definição das alianças nacionais farão toda diferença para a construção do tempo de TV e fundo partidário de David, que vem bem nas pesquisas pré-eleitorais e cuja pré-candidatura, dentro do PSB, é tratada como irrevogável independente da aliança nacional.
Os demais candidatos também precisam desta definição porque, embora, em tese, estejam mais fortalecidos nas bases do interior do Estado por terem sido ex-governadores, as siglas em que estão filiados não assegura a eles tempo de TV e militância suficiente para uma disputa com a robustez a qual estão acostumados.
Menos pré-candidatos em 2018
O número de pré-candidaturas ao governo em 2018 surpreende, sobretudo quando comparado ao número de candidaturas do último pleito. Em 2010, foram seis candidatos ao governo. Em 2014, o número dos que disputavam a gestão do Estado foi sete. E, na Eleição Suplementar de 2017, a quantidade de candidatos ao cargo chegou a nove.
No ano passado, praticamente todos os candidatos ao governo não tinham nada a perder. Todos os derrotados saíram ganhando naquele pleito, em alguma medida, em função da visibilidade trampolim para as Eleições de 2018.
Amazonino vivia em um ostracismo político e venceu o pleito; Eduardo Braga (MDB) era senador e manteve o cargo; Rebecca Garcia (PP) era outro nome que estava há muito tempo se visibilidade, ganhou o apoio da máquina comandada por David Almeida (PSB), na ocasião, e reviveu politicamente em todo o estado, saindo em terceiro lugar na disputa.
José Ricardo e Luiz Castro mantiveram o cargo de deputado estadual e se projetaram para disputas mais complexas em 2018, respectivamente, Câmara dos Deputados e Senado. Marcelo Serafim (PSB) e Wilker Barreto (PHS) também não precisaram abrir mão do cargo de vereador e aproveitaram a projeção do pleito.
Assim como a jornalista Liliane Araújo, que sequer tinha condições de elegibilidade e saiu do pleito com cerca de 50 mil votos o que a credenciou a uma vaga de segundo escalão no Governo Amazonino Mendes e filiação ao partido do senador Omar Aziz por onde vai entrar na disputa por uma vaga de deputado estadual.
Este ano, o risco existe: todos, exceto os vereadores e o senador Omar Aziz, podem ficar sem mandato e sem foro privilegiado.
Foto: Montagem/BNC AMAZONAS