Por Neuton Corrêa , da Redação
O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), analisou, em tom ácido, a derrota nacional e no Amazonas do candidato de seu partido à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
“Ele, que é presidente do partido, que é dono do partido, e que, ainda por cima, é inimigo da Zona Franca de Manaus, recebeu aqui a votação que ele merecia no estado inteiro. Ele teve aqui [Manaus], 1,5% [dos votos]”, disse Arthur.
Os concorrentes do segundo turno das eleições presidenciais obtiveram 43,4% (Jair Bolsonaro) e 40,4% (Fernando Haddad). Alckmin acabou em sexto lugar na preferência do amazonense.
Representou esse resultado de Alckmin o pior do PSDB no Amazonas na história das eleições em 24 anos.
Arthur deu essa declaração à imprensa na manhã desta terça-feira, dia 9, ao participar, na zona norte de Manaus, da segunda edição da “Festa da Criança”, evento organizado pelo Fundo Manaus Solidária.
No início deste ano, ainda em janeiro, no calor da polêmica que travou no partido para que a sigla realizasse prévias para a corrida ao Planalto, como pré-candidato do partido o prefeito de Manaus vaticinou: “O Alckmin vai jogar a pá de cal no PSDB”.
Nove meses depois, Arthur diz:
“Eu avisei que o Geraldo Alckmin não ganhava, que ele não chegaria a dois dígitos, que ele não passava para o segundo turno, que ele não conseguiria unir os partidos que ele juntou”.
Apoio para concorrente de Alckmin
Para Arthur, o candidato tucano, que ele não apoiou no Amazonas e ainda declarou adesão à campanha da ex-ministra Marina Silva (Rede), não leu o pensamento do povo brasileiro.
“Ele juntou uma coligação ‘frankenstein’, juntou todo mundo que ele pôde, achando que tempo de televisão valia tudo. Ou seja, ele não leu o pensamento do eleitor brasileiro e resultado foi isso”.
História tucana no Amazonas
No estado, o desempenho de Alckmin com o PSDB, neste ano, foi o pior de todos na história das eleições em 24 anos.
Na primeira campanha presidencial tucana, por exemplo, em 1994, com Fernando Henrique Cardoso, os tucanos receberam dos amazonenses 60,5% (419.742) dos votos.
Na reeleição de FHC, com o apoio de Amazonino Mendes (hoje no PDT, à época do PFL), o PSDB repetiu a performance, obtendo 54,6%.
Em 2002, na disputa com Lula, o candidato do PSDB, o senador José Serra (SP), que tentava, no governo FHC, derrubar as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM), obteve o pior desempenho tucano até então, ficando em terceiro lugar do pleito, com 14,9% dos votos.
Depois, em 2006, o PSDB lançou Geraldo Alckmin, que também foi um fiasco, recebendo apenas 13% no segundo turno, contra 86% de Lula.
Em 2010, os tucanos continuaram caindo em votação no estado. Naquele ano, Serra era o candidato do PSDB e recebeu 8%, enquanto Dilma Rousseff tirou 64% da preferência dos amazonenses.
Em 2014, o PSDB reagiu recebendo, com Aécio Neves, 33,5% dos votos do Amazonas, mas perdendo para Dilma, que obteve no primeiro turno 41,5%.
As barreiras de Alckmin
No caso de Alckmin, a situação se agravou por fatores diversos, que vão do contexto nacional de mudança, passando pelo rompimento com Arthur Neto, mas refletindo a gestão dele como governador de São Paulo, na qual se demonstrou um franco inimigo da ZFM e seus benefícios fiscais.
O resultado disso foi que ele recebeu em todo o estado nas eleições 2018 apenas 1,57% dos votos e tendo votação menor em Manaus, 1,28% dos votos, votação que lhe deu o oitavo lugar na corrida na capital, sede da ZFM.
Foto: BNC Amazonas