MPE pede suspensão de showmício na cidade natal de Amazonino

Neuton Correa

Publicado em: 02/10/2018 às 10:27 | Atualizado em: 02/10/2018 às 10:27

Por Rosiene Carvalho, da Redação

 

O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu ao corregedor eleitoral Aristóteles Thury que determine a suspensão do show da cantora sertaneja Naiara Azevedo no Município de Eirunepé, cidade onde nasceu o governador e candidato à reeleição Amazonino Mendes (PDT).

A ação cautelar, apresentada nesta segunda-feira, dia 1, ainda não foi analisada.

A suspeita é que o evento, programado para a véspera da votação em primeiro turno, favoreça eleitoralmente Amazonino na disputa ao governo. Eirunepé tem 20.769 eleitores aptos ao voto.

“As informações prestadas pelo promotor eleitoral de Eirunepé destacam que é prática comum no município a realização de eventos com o intuito de camuflar pedidos de voto e apoio político ao atual governador Amazonino Mendes, candidato à reeleição, correligionário do prefeito e nascido naquela localidade”, afirma o procurador Rafael Rocha na ação cautelar.

Festa de padroeiro

O show estava marcado como parte dos festejos do novenário de São Francisco de Assis. A apresentação de Naiara Azevedo seria no dia 4 de outubro, quinta-feira. E amanhã, dia 3, havia o show da Banda 007. A cantora sertaneja, segundo o MPE, foi contratada aos custos aos cofres públicos de R$ 276.800 e a outra banda por R$ 38 mil.

“Não há como negar que o dispêndio de recursos públicos da ordem de R$314.800,00 (trezentos e quatorze mil e oitocentos reais) para a realização de dois shows, às vésperas do primeiro turno das eleições, aponta claramente para a prática de abuso de poder político e econômico, notadamente quando há precedentes de promoção de candidatos em eventos anteriores”, afirma o procurador na ação.

Na ação cautelar, o MPE indica que a suspensão tem como objetivo evitar o desequilíbrio da disputa ao Governo do Estado em favor do governador. O MPE pede, caso o show não seja suspenso, que políticos sejam proibidos de subir no palco e que os cantores sejam proibidos de falar nomes de candidatos durante o evento.

O MPE requer ainda que, se o corregedor acatar seu pedido, seja determinado multa de R$ 500 mil ao prefeito de Eirunepé, Raylan Barroso Alencar, e ao secretário de Eventos, Cipriano Garcia, e à empresa responsável pelos shows.

Há pedido de multa aos artistas também que descumprirem eventual decisão favorável ao MPE na questão. O pedido para os cantores é de R$ 100 mil.

O que está liberado

Rafael Rocha destaca que todos as demais atividades sobre os festejos do santo estão liberadas.

“Ressalte-se, desde logo, que o objetivo da presente tutela cautelar é tão somente impedir a realização dos dois shows, não havendo nenhum pedido relacionado às demais festividades de comemoração do novenário do santo e do aniversário do município”, informa na ação.

A ação cautelar é parte de uma ação de investigação judicial eleitoral (aije) que deve ser movida contra o governador por suspeita de abuso do poder político e econômico em Eirunepé.

 

Foto: Divulgação/Naiara Azevedo