Por 3 votos a 2, TRE breca decisĂ£o de corregedor e libera Amazonino

Publicado em: 20/09/2018 Ă s 17:05 | Atualizado em: 20/09/2018 Ă s 18:22
Por Rosiene Carvalho, da RedaĂ§Ă£o
O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), por trĂªs votos a dois, acatou o mandado de segurança do governador Amazonino Armando Mendes (PDT) contra o corregedor eleitoral, desembargador AristĂ³teles Thury.
O magistrado havia imposto rĂ©deas curtas ao candidato Ă reeleiĂ§Ă£o proibindo-o de visitar obras, divulgar suas ações em redes sociais e estendendo a proibiĂ§Ă£o a funcionĂ¡rios pĂºblicos e perfis de prefeituras do interior.
Nesta quinta-feira, dia 20, os juĂzes Victor Liuzzi, Abraham Campos Peixoto e JosĂ© Fernandes JĂºnior votaram pela derrubada da liminar do corregedor numa aĂ§Ă£o de investigaĂ§Ă£o judicial eleitoral (aije) e acataram integralmente todos os pedidos da defesa feita pelo advogado Yuri Dantas Barroso.
Ou seja, Amazonino pode visitar as obras, divulgĂ¡-las em redes sociais pessoais e secretĂ¡rios e funcionĂ¡rios do governo pode fazer o mesmo. Os perfis oficiais de prefeituras do interior, tambĂ©m.
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As ações, brecadas ao extremo pelo corregedor e liberadas por maioria, em decisĂ£o colegiada no TRE-AM, sĂ£o alvo de uma investigaĂ§Ă£o proposta pelo candidato e presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), deputado David Almeida (PSB).
A suspeita da investigaĂ§Ă£o feita, sob a relatoria do corregedor AristĂ³teles Thury, Ă© que as ações do governador sĂ£o conduta vedada, desequilibram o pleito em favor da reeleiĂ§Ă£o e podem virar alvo de cassaĂ§Ă£o do registro e inelegibilidade do envolvidos.
Dois votos restritivos
A juĂza federal Ana Paula Serizawa e o jurista Luiz Felipe Avelino deram votos mais restritivos, embora tambĂ©m atendessem ao pedido da defesa. Para os dois magistrados, Amazonino deveria ser impedido apenas de divulgar a presença e os feitos do momento presente da campanha e dos trĂªs meses anteriores da mesma.
“A divulgaĂ§Ă£o de imagens em real time fazem pender a favor do seu divulgador a balança, uma vez que todos os concorrentes usam imagens de feitos passados”, disse.
Ana Paula deu voto neste sentido também, liberando Amazonino para falar dos feitos passados como fazem os demais candidatos.
Paridade de armas
Para o juiz Victor Liuzzi, autor do voto divergente da relatora Ana Paula e que foi seguido pela maioria, impedir Amazonino de falar e divulgar o tempo presente Ă© desequilibrar o pleito em favor dos adversĂ¡rios.
“Proibir o candidato de falar de seus feitos, enquanto seus concorrentes o criticam seria deixĂ¡-lo sem defesa”, argumentou o juiz Victor Liuzzi.
Ele tambĂ©m liberou os perfis oficiais das prefeituras do interior de divulgar as ações que façam, mesmo que em parceria com o Estado, considerando que os cargos do executivo municipal nĂ£o estĂ£o em disputa em 2018 e por isso nĂ£o seriam alcançados pelas regras da conduta vedada.
Neste ponto, Luiz Felipe e Ana Paula Serizawa discordaram da maioria e consideram que essa divulgaĂ§Ă£o massiva desequilibra o pleito em favor de Amazonino.
Corregedores
Os corregedores eleitorais sĂ£o os membros dos tribunais regionais com maior poder de influĂªncia e limitações de possĂveis irregularidades em eleições gerais, sobretudo no que diz respeito ao abuso eleitoral da mĂ¡quina estadual. A atuaĂ§Ă£o destacada deste membros da corte em relaĂ§Ă£o aos demais membros nĂ£o Ă© novidade.
Nas Eleições 2014, coube ao entĂ£o corregedor eleitoral Mauro Bessa impor limites ao Governo JosĂ© Melo nas denĂºncias de uso da mĂ¡quina naquela campanha por meio da PolĂcia Militar do Amazonas (PM-AM). Mediante instauraĂ§Ă£o de investigaĂ§Ă£o sobre a conduta e suspeita de desequilĂbrio do pleito, o corregedor determinou imediata troca no comando da PM-AM.
Nas Eleições 2017, o entĂ£o corregedor eleitoral e hoje presidente do TRE-AM, JoĂ£o Simões, tambĂ©m atuou com mĂ£o pesada sobre os que detinham a posse da caneta do Estado. JoĂ£o Simões proibiu o entĂ£o governador interino David Almeida (PSB) de demitir qualquer funcionĂ¡rio atĂ© o final do pleito.
A suspeita Ă© que funcionĂ¡rios pĂºblicos estavam sofrendo ameças de demissĂ£o para aderirem Ă campanha de Rebecca Garcia (PP), naquele momento apoiada por David e hoje vice de Amazonino Mendes.
Nem a denĂºncia de 2014 e nem a de 2017 foram julgadas pelo TRE-AM atĂ© hoje. As duas foram propostas pelo MinistĂ©rio PĂºblico Eleitoral.
Foto: Rosiene Carvalho