Por Flávio Lauria*
Há uma evolução da presença feminina na sociedade como um todo. Pouco, pode-se observar, se decidirmos analisar a presença das mulheres na política.
Na eleição de Manaus deste ano, temos uma candidata que pontua nas pesquisas, Maria do Carmo Seffair, isso se não ficar como vice de algum prefeiturável.
Apesar de alguns avanços notáveis, como o fato de hoje as mulheres poderem ocupar 30% das vagas destinadas aos partidos nas eleições – coisa que vigora para todo o país, diga-se de passagem –, é difícil imaginar quando as mulheres vão poder dividir com os homens os cargos públicos, na real proporção da participação feminina na sociedade – mais de 50% do eleitorado.
Basta recorrermos à ponta do lápis. Nas últimas eleições, as mulheres não conseguiram ocupar nenhuma das oito vagas de deputados federais do Amazonas. Temos apenas cinco mulheres na Assembleia Legislativa, de 24 vagas. E, analisando só o caso de Manaus, apenas quatro mulheres conseguiram se eleger vereadoras.
Em alguns casos experimentamos retrocesso. Nas eleições majoritárias, em relação ao sexo feminino, o Amazonas seguramente é o estado menos avançado do norte do país. Disputamos o último lugar com o Piauí.
Ao contrário de Bahia e Ceará, só para citar esses dois, nunca elegemos uma mulher prefeita de capital. Muito menos uma governadora, como o Rio Grande do Norte e o Maranhão.
Tivemos, sim, senadoras, como Eunice Michiles, Vanessa Grazziotin, mas são poucas as representações femininas.
Os quadros políticos no Brasil, e o Amazonas não é diferente, ainda se formam, em percentual elevado, no ambiente familiar.
E, dificilmente, um pai aposta em uma mulher na vida pública se tem um filho que possa lançar primeiro.
Seria o exagerado machismo o culpado por tudo isso?
Novamente, só um estudo sociológico para responder. Mas, sem sombra de dúvida, no dia em que a mulher depender menos do âmbito familiar para chegar à política, vai andar com muito mais celeridade e confiança.
Exemplos em outros estados já se tem de sobra, e no mundo eles se multiplicam a cada dia.
Na Alemanha, a primeira-ministra foi uma mulher, Ângela Merkel.
Elen Sirleaf foi eleita presidente da Libéria.
Michelle Bachelet comandou o Chile, pertinho de nós.
Na França, Marine Le Pen levou a extrema direita a obter a maioria no parlamento.
No passado tivemos Margaret Thatcher, na Inglaterra, e Indira Ghandi, na Índia.
E nas últimas eleições brasileiras, uma mulher, Simone Tebet, chegou a 4,2 das intenções de voto para a Presidência da República.
Com raras exceções, essas mulheres não aguardaram o reconhecimento familiar. Foram em frente, lutaram e venceram.
Do contrário, poderiam permanecer até hoje como ilustres desconhecidas.
*O autor é mestre e doutor em administração pública.
Foto: Rádio Rios de Notícia