A escola do Amazonas que há mais de 40 anos atua com surdos

O Governo do Amazonas mantém há 42 anos uma escola em Manaus especializada na educação de surdos.

Neste Dia Nacional da Educação de Surdos (23), a escola estadual Augusto Carneiro dos Santos tem sua atuação destacada pela Seduc (Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar).

A unidade, de ensino bilíngue, tem na língua brasileira de sinais (libras) a principal forma de comunicação com os mais de 60 alunos, do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, matriculados na escola.

Apesar de trabalhar todo o conteúdo programático de uma escola regular, o enfoque na libras é essencial para o desenvolvimento dos estudantes, segundo a diretora Haydeê Carneiro.

“Aqui se desenvolve a língua do surdo e isso é essencial para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. É a base linguística desses estudantes, o que introduz eles para o mundo da educação”.

Ela é gestora da escola há 39 anos.

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Atividades extras

A escola tem no calendário anual série de atividades de interação entre professores e estudantes e suas famílias. Por exemplo, feiras, cursos, competições esportivas e projetos científicos.

Entre elas, uma se destaca por desenvolver a paixão pela literatura nos estudantes.

A feira “Literatura surda” trabalha, entre as suas competências, o aprimoramento da leitura, da compreensão da língua portuguesa e do desenvolvimento lúdico dos estudantes, segundo a Seduc.

Desde a apresentação das histórias, até o ensaio para as apresentações culturais, o aluno é muito envolvido, afirmou a professora Maria Tereza Uchôa, que coordena a atividade.

Alfabetizar um aluno surdo é um desafio diferente. Trabalhar a literatura é importante nesse processo. Trabalhamos as histórias, o vocabulário e pretendemos também, neste ano, confeccionar um livro com as histórias dos estudantes.

A Augusto Carneiro dos Santos também se destaca pelas ações de iniciação científica.

Seis projetos foram aprovados no Programa Ciência na Escola.

Já no ramo esportivo, a unidade realiza, há mais de 20 anos, os Jogos da Escola Augusto Carneiro dos Santos (Jeacs), em parceria com a Vila Olímpica de Manaus.

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Referência

Com mais de quatro décadas de existência, a escola tem histórias de sucesso e gratidão dos estudantes para contar.

Entre esses há aqueles que retornam para a escola para devolver a formação que receberam. É o caso, por exemplo, do pedagogo e professor de libras Raimundo Macedo.

O professor é nascido na comunidade Nova Olinda, no município de Novo Airão (distante 115 quilômetros de Manaus).

Raimundo contou que, quando perdeu a audição, por volta dos quatro anos, a família dele o trouxe para Manaus com o objetivo de encontrar uma escola para estudar.

“Em um primeiro momento, tentei me adaptar em uma escola regular, mas não foi possível. A Augusto Carneiro foi onde percebi que poderia ser quem eu sou, e me fez não desistir dos estudos”.

Ele cursou todo o ensino fundamental na escola e fez o ensino médio também na rede estadual, no Instituto de Educação do Amazonas (IEA).

Agora formado, Raimundo é inspiração na Augusto Carneiro dos Santos.

“Eu sou reconhecido. Tenho muita gratidão por esse lugar, por ter me permitido trilhar o caminho da educação”.

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Família

Nesta terça-feira, a escola recebe os responsáveis pelos estudantes para um dia de atendimentos estéticos e administrativos, em alusão ao Dia Nacional da Família na Escola, nesta quarta-feira (24).

Contudo, a Augusto Carneiro vai além e também oferece, durante o ano letivo, um curso básico de libras, para os responsáveis pelos alunos interessados em se comunicar melhor com suas crianças e adolescentes.

A escola, segundo a Seduc, está em tratativas para fechar uma parceria com a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) e poder emitir certificação pelo curso, que conta com aproximadamente 20 familiares matriculados e acontece às quintas-feiras.

Muitos alunos surdos são filhos de pais ouvintes e, às vezes, a comunicação entre responsável e aluno é prejudicada. O curso básico vem para isso, para que o responsável seja capaz de se comunicar, ajudar em um dever de casa, aproximá-lo da criança, disse a diretora Haydeê Carneiro.

Na capital, a escola Augusto Carneiro dos Santos é uma das quatro unidades de ensino da rede pública estadual que oferecem, exclusivamente, a modalidade da educação especial aos alunos com deficiência.

Entretanto, todas as escolas da rede estão aptas para receber os alunos, conforme o governo.

Neste ano, a Seduc disse ter mais de 7,2 mil alunos com deficiência matriculados.

Foto: Eduardo Queiroz/ Secom