JudiciĂ¡rio resiste Ă PEC do ajuste fiscal: defesa de privilĂ©gios?
Tribunais criticam PEC que corta privilĂ©gios no JudiciĂ¡rio, apontando riscos Ă eficiĂªncia e custos adicionais. A proposta reacende o debate sobre privilĂ©gios no setor pĂºblico.

Publicado em: 08/12/2024 Ă s 10:43 | Atualizado em: 09/12/2024 Ă s 12:29
A reaĂ§Ă£o de tribunais como os de SĂ£o Paulo e Acre Ă Proposta de Emenda Ă ConstituiĂ§Ă£o (PEC ) do ajuste fiscal, que corta privilĂ©gios e super salĂ¡rios no funcionalismo pĂºblico, evidencia um conflito entre interesses institucionais e a busca por um Estado mais eficiente e equilibrado fiscalmente.
Enquanto o governo Lula apresenta a proposta como parte de um esforço para reduzir gastos pĂºblicos, representantes do JudiciĂ¡rio a interpretam como uma ameaça Ă estabilidade da instituiĂ§Ă£o e Ă qualidade da prestaĂ§Ă£o jurisdicional.
As crĂticas da presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargadora Regina Ferrari, refletem esse dilema.
Segundo ela, a aprovaĂ§Ă£o da PEC pode provocar uma onda de aposentadorias, com 40% dos magistrados do estado jĂ¡ aptos a se desligarem.
A necessidade de concursos para reposiĂ§Ă£o de quadros, segundo a magistrada, geraria um custo superior ao dos benefĂcios cortados, contradizendo o objetivo fiscal da medida.
AlĂ©m disso, Ferrari alerta para o impacto da evasĂ£o de magistrados na celeridade processual, o que poderia prejudicar o funcionamento do sistema judiciĂ¡rio e a confiança da sociedade na Justiça.
Embora tais argumentos tragam Ă tona preocupações relevantes, tambĂ©m levantam questionamentos sobre a manutenĂ§Ă£o de privilĂ©gios historicamente criticados no JudiciĂ¡rio.
BenefĂcios como auxĂlio-moradia e adicionais estĂ£o no centro das mudanças propostas pela PEC.
Para muitos, sĂ£o justamente essas regalias que descredibilizam a ideia de sacrifĂcio institucional, sobretudo em um cenĂ¡rio em que outros setores do funcionalismo tambĂ©m enfrentam cortes e ajustes.
A narrativa de que a PEC comprometerĂ¡ o acesso Ă Justiça e aumentarĂ¡ custos pode ser interpretada como uma tentativa de blindar vantagens corporativas em detrimento do bem comum.
É necessĂ¡rio, portanto, avaliar se as crĂticas sĂ£o pautadas em dados concretos ou se refletem uma resistĂªncia a mudanças que impactam uma elite do funcionalismo.
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O equilĂbrio entre a responsabilidade fiscal e a garantia de uma Justiça eficiente Ă© essencial.
No entanto, o debate nĂ£o pode ser refĂ©m de interesses corporativistas que travam avanços estruturais no paĂs.
A PEC, se aprovada, serĂ¡ um teste de atĂ© que ponto o JudiciĂ¡rio estĂ¡ disposto a compartilhar o esforço por um Brasil mais sustentĂ¡vel economicamente.
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Foto: Lula Marques/AgĂªncia Brasil