Irmãos querem Amazonas Energia, mas não herdar dívida bilionária
A Âmbar recusou as condições da Aneel para comprar a Amazonas Energia devido a uma dívida de R$ 10 bilhões.
Diamantino Junior
Publicado em: 02/10/2024 às 11:57 | Atualizado em: 02/10/2024 às 11:58
A empresa Âmbar, pertencente ao grupo J&F, controlado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, demonstrou interesse em adquirir a Amazonas Energia, mas recusou as condições impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A principal razão é a exigência de assumir as dívidas bilionárias da concessionária, que, segundo a empresa, inviabilizaria a recuperação da distribuidora.
Processo de venda em impasse
Desde o fim de 2023, o governo federal busca um comprador para a Amazonas Energia, que enfrenta problemas financeiros e operacionais, afetando o fornecimento de energia a mais de 1 milhão de unidades em 62 municípios do estado.
A Âmbar surgiu como a principal candidata após adquirir usinas térmicas da Eletrobrás, que são essenciais para o abastecimento energético do Amazonas.
No entanto, o processo de venda só poderia ser concluído com a aprovação da Aneel, que analisou a proposta da empresa.
Na última sexta-feira (29/9), a reunião da Aneel terminou empatada, o que impediu uma decisão imediata.
Contudo, nesta terça-feira (1º/10), o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, mudou seu voto, formando a maioria necessária para aprovar a transferência da Amazonas Energia para a Âmbar, desde que a empresa aceitasse condições rigorosas.
Dívida bilionária e impacto no consumidor
Entre as exigências impostas pela Aneel estão o pagamento de R$ 10 bilhões em dívidas atrasadas da Amazonas Energia até o final de 2024 e a transferência de parte dos custos operacionais para os consumidores.
A Aneel propôs que o consumidor assumisse R$ 8 bilhões do custo de operação, enquanto a Âmbar sugeria que esse valor fosse de R$ 15,8 bilhões.
Esses valores envolvem perdas por furtos de energia, problemas operacionais e receitas irrecuperáveis da concessionária.
Âmbar recusa as condições
Após a votação da Aneel, a Âmbar divulgou uma nota oficial rejeitando as condições aprovadas. Segundo a empresa, a proposta da agência não garante a viabilidade de recuperação da Amazonas Energia, tornando o negócio insustentável nas condições atuais.
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A Âmbar anunciou que irá solicitar uma reconsideração da decisão, enquanto o processo também segue sendo discutido na Justiça.
Prazo se aproxima
A medida provisória que permitiu a negociação da Amazonas Energia pela Âmbar tem validade até 10 de outubro.
Após essa data, a empresa não poderá mais firmar o contrato com os benefícios oferecidos pelo governo, aumentando a pressão sobre a conclusão do negócio.
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Foto: reprodução