Amazonas entre estados com mais queimadas em novembro

Amazônia ultrapassou o Cerrado e concentrou 81% do total queimado no mês passado. Lábrea (AM) é destaque entre os municípios devastadores

conselho, operacao, amazonia

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/12/2022 às 17:29 | Atualizado em: 19/12/2022 às 20:46

Os dados do “Monitor do Fogo”, do MapBiomas, confirmam a escalada da destruição ambiental nos últimos meses do governo Bolsonaro.

De acordo com levantamento, quase metade do fogo que se registrou entre janeiro e novembro no Brasil ocorreu na Amazônia, passando à frente do Cerrado que liderou esse posto nos últimos dois anos

Os estados líderes em extensão do fogo foram Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Os municípios de Querência (MT), Lábrea (AM), Pacajá (PA) e Porto Velho (RO) foram os que tiveram maior área queimada.

Com os números de novembro, o que foi queimado desde janeiro, no território brasileiro, é maior que a soma dos territórios da Escócia e da República Tcheca

Dessa forma, a área queimada no mês passado, em todo o território nacional – 775 mil hectares –, foi 89% superior ao registrado no mesmo mês de 2021. Desse total, 81% (627 mil hectares) foram queimados na Amazônia.

“Os dados do monitor do fogo, em novembro, só vêm confirmar o que já tínhamos visto com os focos de calor. Logo após o segundo turno das eleições, houve um aumento da área queimada em um mês que normalmente não teríamos muito fogo por conta das chuvas.

Trata-se claramente de uma reação à expectativa de políticas mais efetivas de combate ao desmatamento e queimadas por parte do novo governo”, analisa Ane Alencar, coordenadora do Mapbiomas Fogo e diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental a Amazônia).

Leia mais

Reservas e terras indígenas

O monitor do fogo, do MapBiomas, mostra ainda as áreas queimadas por unidades de conservação (UC) e terras indígenas. Segundo o levantamento, em novembro, as UC que mais queimaram foram as resex (reservas extrativistas) Chico Mendes, Rio Cajari e Verde para Sempre.

No caso das terras indígenas, o ranking passa pelas TI Parque Indígena do Xingu, TI Paresi e TI Capoto/Jarina.

“Vale destacar que nos últimos dois anos o Cerrado queimou mais que a Amazônia, porém nesse ano a Amazônia ultrapassou o Cerrado”, ressalta Ane Alencas, do Ipam.

Entre janeiro a novembro de 2022, as unidades de conservação que lideram o ranking de áreas queimada são: Parque Nacional do Araguaia, Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.

Por outro lado, as terras indígenas que mais queimaram no período são Parque Indígena do Araguaia, TI Raposa Serra do Sol e Parque Indígena do Xingu.

Leia mais

‘Estamos sós’, denunciam indígenas da Amazônia ante queimadas e invasões

Cerrado e Pantanal

  • Cerca de 7,3 Mha queimaram no Cerrado, entre janeiro e novembro de 2022, com aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior.
  • Os estados que mais queimaram no Cerrado foram Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, entre janeiro e novembro de 2022.
  • Apesar da área com destruição, em novembro, ter diminuído em relação aos meses anteriores, ainda assim foi 249% maior em comparação a novembro de 2021 (ou 83 mil ha a mais)
  • O Pantanal apresentou a menor área queimada, nos últimos quatro anos, com 86% de redução de 2022 para 2021 em relação à área queimada de janeiro a novembro.

Destaques demais biomas

No bioma Mata Atlântica, apesar da área queimada nos 11 primeiros meses de 2022 ter sido a menor nos últimos 4 anos, a área queimada em novembro foi de 6.695 hectares, 55% a mais que novembro de 2021 (ou 2.379 ha a mais)

Já no Pampa, foi registrada uma área recorde de queimadas, com 28.039 ha. Por outro lado, no período entre março e novembro a área queimada total foi de 1.260 ha, bem abaixo do que foi registrado para esse mesmo período nos três anos anteriores.

Por outro lado, a Caatinga vem seguindo o mesmo padrão do Pantanal, com áreas queimadas inferiores aos anos anteriores e com 18.589 hectares queimados em novembro de 2022.

Monitor do fogo

O monitor do fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o

Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente.

O sistema de monitoramento revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo. Acesse aqui o Monitor do Fogo.

Com informações do MapBiomas