Sem desmatamento, AmazĂ´nia Legal pode crescer mais
Manter a floresta em pĂ© e descarbonizar a economia podem impulsionar o desenvolvimento econĂ´mico e social da AmazĂ´nia e do Brasil, de acordo com o relatĂ³rio "Nova Economia da AmazĂ´nia"

Publicado em: 20/06/2023 Ă s 16:43 | Atualizado em: 21/06/2023 Ă s 16:06
Um estudo realizado pelo WRI Brasil e pela The New Climate Economy, em parceria com mais de 75 pesquisadores e organizações, aponta que a AmazĂ´nia Legal pode obter um crescimento econĂ´mico maior, mais inclusivo e sustentĂ¡vel atĂ© 2050, caso adote um modelo econĂ´mico baseado no desmatamento zero, na agropecuĂ¡ria de baixa emissĂ£o de carbono e na matriz energĂ©tica predominantemente solar.
BenefĂcios do modelo proposto
O relatĂ³rio sugere que a implementaĂ§Ă£o desse modelo traria benefĂcios significativos para a regiĂ£o. Em um horizonte de trĂªs dĂ©cadas, a economia da AmazĂ´nia Legal teria um saldo de 312 mil empregos adicionais e geraria um PIB regional de pelo menos R$ 40 bilhões a mais por ano a partir da metade do sĂ©culo. AlĂ©m disso, seriam acrescentados 81 milhões de hectares de florestas e o estoque de carbono seria 19% maior em comparaĂ§Ă£o com o atual modelo de desenvolvimento, que se baseia em atividades intensivas em desmatamento e emissões.
InclusĂ£o social e econĂ´mica
O estudo destaca a capacidade de inserĂ§Ă£o social e econĂ´mica de diferentes populações na regiĂ£o. O crescimento de setores como a bioeconomia e a restauraĂ§Ă£o florestal poderia gerar mais empregos e renda, especialmente para negros e indĂgenas. No cenĂ¡rio proposto, estima-se que, em 2050, haveria 18,7 milhões de postos de trabalho ocupados por esses grupos, o que representa um acrĂ©scimo de 345 mil vagas em relaĂ§Ă£o ao cenĂ¡rio de referĂªncia.
Rota de desenvolvimento e metas climĂ¡ticas
O relatĂ³rio descreve uma rota de desenvolvimento para a AmazĂ´nia Legal, destacando que a transiĂ§Ă£o para uma economia livre de desmatamento Ă© fundamental para o cumprimento das metas climĂ¡ticas estabelecidas no Acordo de Paris. A reestruturaĂ§Ă£o da economia proposta permitiria ao Brasil manter as emissões acumuladas lĂquidas entre 2020 e 2050 em 7,7 GtCO2, valor necessĂ¡rio para atender aos compromissos assumidos.
Leia mais
‘ConsĂ³rcio AmazĂ´nia Legal Ă© vitrine regional e espaço de negĂ³cios ambientais’, diz Lima
Investimentos necessĂ¡rios e recomendações
Os investimentos estimados para financiar a transiĂ§Ă£o para a Nova Economia da AmazĂ´nia correspondem a 1,8% do PIB nacional ao ano, sendo R$ 2,56 trilhões a mais em relaĂ§Ă£o Ă manutenĂ§Ă£o do crescimento baseado no modelo atual. O estudo destaca que Ă© necessĂ¡rio que o setor pĂºblico sinalize os rumos a serem tomados pela economia, zerando subsĂdios aos combustĂveis fĂ³sseis e redirecionando linhas de financiamento para atividades de baixa emissĂ£o de carbono. O setor privado tambĂ©m deve exercer seu papel de propulsor da nova economia, aumentando sua capacidade de inovaĂ§Ă£o e comprometendo-se com prĂ¡ticas sustentĂ¡veis.
A implementaĂ§Ă£o de um modelo econĂ´mico baseado no desmatamento zero, na agropecuĂ¡ria de baixa emissĂ£o de carbono e na matriz energĂ©tica solar pode impulsionar o crescimento econĂ´mico, a inclusĂ£o social e o cumprimento das metas climĂ¡ticas da AmazĂ´nia Legal.
Essa transiĂ§Ă£o requer investimentos significativos e ações coordenadas do setor pĂºblico e privado. A adoĂ§Ă£o desse novo modelo econĂ´mico representa a maior oportunidade de desenvolvimento econĂ´mico e social da regiĂ£o e do paĂs na atualidade.
Foto: Bruno Batista/VPR