O desmatamento em alta da Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro teve forte concentração em terras públicas sob jurisdição federal, o que indica uma ausência de fiscalização e controle.
Segundo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), 80% de todo o desmatamento da Amazônia ocorreu em terras federais em 2022: foram 8.443 km², o que equivale a 5,5 vezes a área da cidade de São Paulo. O estudo utiliza satélites para detectar áreas desmatadas.
Além das áreas federais, o estudo leva em conta os territórios de tutela dos estados e sem jurisdição, que juntos responderam por 20% do desmatamento na Amazônia no ano passado.
O Imazon apresenta os dados a partir de 2012, durante o governo Dilma Rousseff. Os números apontam que o desmatamento explodiu no governo Bolsonaro. Na comparação entre 2013 e 2022, por exemplo, aumentou em quase 10 vezes a área destruída em terras federais.
São consideradas terras públicas da União as áreas remanescentes de sesmarias não colonizadas e transferidas ao governo em 1891. Também há as terras devolutas, que foram cedidas para uso particular, mas não foram usadas como se deveria e voltaram para o governo federal.
Segundo Bianca Costa, pesquisadora do Imazon, a alta de ataques às áreas de tutela do governo federal começou a ser percebida com grande velocidade a partir de 2018.
“Houve nesses últimos anos, além de um discurso estimulando o desmatamento, ações que acabaram por enfraquecer órgãos ambientais. Houve uma redução de ações de combate e controle.”
A pesquisadora cita que não foram demarcadas terras indígenas e nem criadas áreas de proteção. “Se eu tenho áreas [federais] que não foram destinadas, de uma forma ou outra elas acabam ficando mais suscetíveis a criminosos, especialmente grileiros que vão ocupar para depois regularizar.”
Em 2022, o Imazon apontou o quinto recorde anual consecutivo no desmatamento: foram 10,5 mil km², a maior destruição em 15 anos —desde quando o instituto começou a monitorar a região, em 2008. “Isso equivale à derrubada de quase 3 mil campos de futebol por dia de floresta.”
Nos quatro anos da gestão Bolsonaro, o desmatamento bateu 35,1 mil km², área superior ao tamanho de Alagoas, por exemplo, que tem 27 mil km².
Leia mais na coluna de Carlos Madeiro no UOL
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Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real