O coordenador-geral de ciências da terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilvan Sampaio, disse que o sudoeste da Amazônia voltará a receber chuva a partir de novembro. Contudo, a precipitação ficará abaixo da média e, possivelmente, a recuperação será lenta.
“O déficit de chuvas foi muito grande, ainda terá reflexos em novembro e vai recuperando pouco a pouco”, afirmou.
Por influência do El Niño, de acordo com ele, as chuvas ficarão acima da média no sul do país e, combinado com a anomalia de temperatura do oceano Atlântico norte, os volumes de precipitação ficarão abaixo da média na região Norte do Brasil nos próximos meses.
Conforme Sampaio, para o estado de Rondônia a perspectiva é de manter chuvas abaixo da média. “É nesta área que está a bacia do rio Madeira, que tem contribuição importante para rio Amazonas”.
O Madeira é o principal afluente do rio Amazonas. As vazões naturais em Porto Velho (RO) apresentam no mês valores 51% abaixo da média.
Os dados estão nos mapas do boletim conjunto do Inpe, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Funceme .
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Extensão do problema
Na última sexta-feira (27), o diretor-geral do Inpe, Clézio De Nardin, explicou a situação aos senadores em uma sessão dedicada a debater os efeitos sobre os fenômenos climáticos como, por exemplo, o El Niño.
“Há uma seca gravíssima no oeste da Amazônia e se estenderá para o leste. Hoje em Manaus e vai para o Pará. É grave”.
De acordo com De Nardin, os dados indicam que a região Nordeste sofrerá com a seca a partir de fevereiro, até abril.
“Preparem-se! O Nordeste vai sofrer com chuvas muito abaixo da média. Isso já motiva os órgãos a tomarem as ações adequadas de prevenção, principalmente social”.
Os dados do Inpe indicam o maior aumento de temperatura já registrado no Atlântico norte, o que inibe o crescimento da transpiração na Amazônia.
O ciclo de crescimento da temperatura do Atlântico norte leva as correntes e, quando chega em cima da Amazônia, elas forçam a corrente de ar para baixo, evitando a formação de nuvens, evitando as chuvas e isso causa as secas .
Soma-se a isso as correntes do El Niño. Com parte do oceano Pacífico aquecido, os ventos que seguem na direção leste-oeste, sobre a cordilheira dos Andes, formam uma espécie de barreira sobre o território brasileiro, fazendo com que as frentes frias trafeguem com mais lentidão sobre a região Sul.
“As correntes frias entram muito devagar na região Sul, causando chuvas extremas e muito abaixo da média no resto do país”, afirmou.
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Inpe renovado
O diretor destacou investimento de cerca de R$ 200 milhões do governo Lula, via Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, na renovação da infraestrutura de supercomputação do Inpe.
Portanto, tudo isso para receber informações de satélites, dados de radares e de outros sistemas de medição para realizar as previsões de tempo, do comportamento dos oceanos, dos ventos, entre outros.
Com informações do ministério .
Foto: BNC Amazonas