AmazĂ´nia: garimpo em terras indĂgenas cresceu 361% de Temer a Bolsonaro
ConsequĂªncias: rios assoreados por excesso de sedimentos, morte de animais e a contaminaĂ§Ă£o da Ă¡gua e da vegetaĂ§Ă£o.

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 27/04/2024 Ă s 18:24 | Atualizado em: 27/04/2024 Ă s 18:26
Garimpos na AmazĂ´nia brasileira cresceram nas terras indĂgenas 361% entre 2016 e 2022, que afetou 78% dos povos originĂ¡rios. Esse perĂodo foi dos governos de Temer e Bolsonaro.
Ou seja, cerca de 241 mil hectares – uma Ă¡rea equivalente a duas vezes a cidade de BelĂ©m, capital do ParĂ¡ – é o tamanho das ocupações.
Segundo a AgĂªncia Brasil, desse total, 25 mil hectares sĂ£oÂ Ă¡reas de 17 terras indĂgenas. Os dados foram revelados ontem (26) por um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da AmazĂ´nia (Ipam).
Assim, a pesquisa analisou a atividade mineradora na regiĂ£o ao longo de 37 anos, entre 1985 e 2022.
O maior impacto observado ocorreu de 2016 e 2022, exatamente nas terras indĂgenas onde o garimpo cresceu 361%. Â
Em seis anos, enquanto o garimpo avançou 12 vezes em extensĂ£o da AmazĂ´nia, quando sĂ£o consideradas apenas as terras indĂgenas as Ă¡reas invadidas cresceram 16 vezes.
Com isso, esse resultado surpreendeu uma das pesquisadoras da equipe, Martha Fellows Dourado.Â
Em algumas terras indĂgenas o aumento foi muito expressivo. Por exemplo, a terra indĂgena KayapĂ³ teve um aumento de 1.339% nesse curto perĂodo. A gente jĂ¡ trabalhava com a hipĂ³tese de crescimento do garimpo nessas Ă¡reas, mas nĂ£o imaginava que iria ser tĂ£o agressivo, explica.
O impacto vai alĂ©m, quando a anĂ¡lise é feita nos rios que atravessam as reservas, e sĂ£o afetados pela atividade garimpeira.
De acordo com os pesquisadores, outras 122 terras indĂgenas foram alcançadas pelas Ă¡guas dos rios onde o garimpo utiliza substĂ¢ncias como o mercĂºrio. Esse material Ă© usado para separar o ouro de outros sedimentos.
Soma-se, portanto, 139 povos originĂ¡rios, que sentem as consequĂªncias de rios assoreados por excesso de sedimentos, da morte de animais e da contaminaĂ§Ă£o da Ă¡gua e da vegetaĂ§Ă£o.
Assim, para entender melhor o raio de impacto do garimpo nas Ă¡guas, Martha explica que a equipe se debruçou sobre outros trabalhos que revelam a dimensĂ£o do problema.
O garimpo tem impacto direto na saĂºde indĂgena, bem documentado em trabalho da Fiocruz [FundaĂ§Ă£o Oswaldo Cruz], que mostra a contaminaĂ§Ă£o pelo consumo de proteĂna dos peixes, pela Ă¡gua para consumo e preparo dos alimentos. Mas alĂ©m disso, outros estudos apontam que a Ă¡gua tambĂ©m contamina a vegetaĂ§Ă£o, que incorpora esse mercĂºrio e, com a incidĂªncia do fogo em perĂodos mais secos, o mercĂºrio vai para o ar e dependendo das correntes chega a Ă¡reas mais distantes ainda.
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Foto: PolĂcia Federal