AmazĂ´nia em risco e governo exonera chefe de monitoramento do Inpe
Na sexta-feira (10), o Ă³rgĂ£o atualizou em seu site os dados referentes ao desmatamento da AmazĂ´nia em junho, apontando que o ritmo de alta se manteve

Publicado em: 13/07/2020 Ă s 14:37 | Atualizado em: 13/07/2020 Ă s 15:51
Em meio Ă s maiores taxas de alerta de desmatamento da AmazĂ´nia dos Ăºltimos cinco anos, foi exonerada, nesta segunda-feira (13), a pesquisadora responsĂ¡vel pelo trabalho de monitoramento da devastaĂ§Ă£o florestal no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Lubia Vinhas ocupava o cargo de coordenadora-geral de ObservaĂ§Ă£o da Terra do Inpe.
Esse departamento Ă© responsĂ¡vel pelos sistemas Deter e Prodes, que acompanham o desmatamento da AmazĂ´nia.
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A exoneraĂ§Ă£o foi publicada no DiĂ¡rio Oficial desta segunda, assinada pelo ministro Marcos Pontes, da CiĂªncia e Tecnologia, pasta Ă qual Ă© vinculada o Inpe.
O motivo ainda nĂ£o foi esclarecido.
A reportagem procurou o ministĂ©rio, mas ainda nĂ£o recebeu uma resposta.
Dados de sexta mostram desmatamento avançando
Na sexta-feira (10), o Ă³rgĂ£o atualizou em seu site os dados referentes ao desmatamento da AmazĂ´nia em junho, apontando que o ritmo de alta se manteve.
Mesmo com uma aĂ§Ă£o de militares na regiĂ£o desde maio e com a pressĂ£o que vem sendo feita por investidores estrangeiros para que o governo controle o problema.
Alertas feitos pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam a perda de 1.034,4 km² no mĂªs de junho, alta de 10,65% em relaĂ§Ă£o a junho do ano passado, quando os alertas apontaram desmate de 934,81 km².
Em apenas um mĂªs, foram derrubados na AmazĂ´nia o equivalente Ă Ă¡rea da cidade de BelĂ©m (ParĂ¡).
Recorde de devastaĂ§Ă£o
É o mĂªs de junho com maior devastaĂ§Ă£o dos Ăºltimos cinco anos.
JĂ¡ sĂ£o 14 meses consecutivos de alta no corte da floresta em relaĂ§Ă£o aos mesmos meses do ano anterior.
Em oito desses meses, as taxas bateram os recordes do registro desde 2015.
No acumulado desde agosto (quando se inicia o calendĂ¡rio anual para fins de detecĂ§Ă£o do que ocorre na floresta), o Deter indica a devastaĂ§Ă£o de 7.566 km², ante 4.589 km² no perĂodo de agosto de 2018 a junho de 2019.
O aumento para esse perĂodo Ă© de 65%.
Registros ruins
O valor atĂ© o momento jĂ¡ Ă© maior do que o acumulado de todos os alertas dos 12 meses entre agosto de 2018 e julho de 2019: 6.844 km².
Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram mais de 3 mil km² de florestas perdidos, o equivalente a duas vezes a Ă¡rea da cidade de SĂ£o Paulo.
Dados causaram primeira grande crise
No ano passado, quando alertas do Deter começaram a indicar que a Amazônia estava sendo devastada, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rejeitaram inicialmente os dados e chegaram a alegar que eles eram mentirosos.
O estresse acabou culminando, em agosto, na exoneraĂ§Ă£o do entĂ£o diretor do Inpe, Ricardo GalvĂ£o.
Alguns meses depois, quando foram divulgados os dados do sistema Prodes, que traz os dados oficiais de desmatamento na floresta, confirmou-se que a perda de vegetaĂ§Ă£o na AmazĂ´nia, entre agosto de 2018 e julho de 2019 havia sido a maior desde 2008.
Apesar dos nĂºmeros alarmantes, da cobrança de investidores estrangeiros e nacionais, das denĂºncias feitas por agentes ambientais, pesquisadores e ambientalistas, o problema nĂ£o cessa.
As taxas mensais de alertas do Deter continuaram em alta desde entĂ£o.
O governo enviou em maio deste ano uma nova operaĂ§Ă£o militar para a floresta, a Verde Brasil 2, mas no mesmo perĂodo, o desmatamento continuou subindo.
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Foto: BNC Amazonas