A educadora, poeta e escritora Ana Maria de Souza Peixoto faleceu hoje, aos 69 anos, no hospital Delphina Aziz, em Manaus (AM), vítima de Covid-19. Ela estava internada há 19 dias.
O quadro de saúde da escritora se agravou com pneumonia, depois com um AVC e paralisação dos rins, segundo informaram seus familiares por meio de redes sociais digitais (RSD).
Ana Peixoto era uma autora que ia ao encontro do leitor: fazia palestras, performances teatrais e muita roda de conversa com crianças e adolescentes, para as quais escreveu a maioria de seus livros.
Ultimamente, ela estava empenhada levar a sua produção literária às cidades do interior da Amazônia . E com ela viajava um trupe de bichos-bonecos e bichos-bonecas: onças, antas, araras, papagaios, cobras, jacarés, peixes-bois, curupira etc.
Todos esses bichos faziam parte da obra de Ana Peixoto.
“Meu propósito é tornar os bichos do Amazônia conhecidos entre as crianças amazônicas”, disse ela, no começo do ano, ao site amazonamazonia.com.br.
Ela queria que a criançada conhecesse os animais da floresta e dos rios da Amazônia, porque entendia da realidade da sala de aula, que é a de enfiar a literatura do imaginário europeu na grade curricular das escolas.
Assim, ela conquistou leitores e admiradores em Manaus, nas cidades do interior do Amazonas e da Amazônia. Também não perdia oportunidade para divulgar suas obras em outros estados, principalmente em feiras de livros.
O anúncio da sua morte, pela manhã, foi seguido de manifestações de reconhecimento ao seu legado, de pesares e conforto aos seus familiares.
Mensagens
A Secretaria e Estado de Cultura e Economia Criativa emitiu nota lamentando a morte da escritora e destacando a importância das suas obras e atuação como agitadora cultural.
A Editora Valer, por meio da qual veio ao público a maioria dos seus livros, foi enfática em sua nota: “Não gostaríamos de dar essa notícia”.
A Academia de Ciências, Letras e Artes do Amazonas (Alcear) e a Associação de Escritores do Amazonas (Asseam) lamentaram “essa perda inestimável para a nossa literatura […].
A Associação Brasileira de Escritores e Poetas da Pan-Amazônia (Abepa) enfatizou: “Obrigado Ana Peixoto por tudo o que o teu talento proporcionou para o crescimento da nossa Amazônia.
Além de grande e exuberante escritora, sempre estarás em nosso coração como uma amiga doce e cheia de luz. Para sempre te amaremos”.
O poeta Celso Braga despediu-se da amiga com um poema, do qual se destacam esses versos:
Adeus amiga querida
neste momento de dor
meu abraço de ternura
e na tua sepultura
um ramalhete de flor
De Parintins (AM), a coordenadora da Biblioteca Tonzinho Saunier, Fernanda Butel, escreveu: “Querida Ana, tenha a certeza que um dia ajudarei a realizar a sua tão sonhada feira literária na biblioteca Tonzinho Saunier”.
O pedagogo Ilmar de Souza Martins lembra do seu último encontro com a escritora: “Tive o privilégio de sua companhia em Parintins, no nosso último encontro, no qual estava compartilhando o seu projeto de leitura nas cidades do interior. Os bichos do meu quintal e as frutas do meu quintal sentirão sua falta, mas sua presença será constante por meio das suas obras”.
A escritora Leila Leong sublinhou: “A escritora Ana Maria Peixoto nos deixou hoje. Foi brincar no quintal do céu. Triste com sua partida”.
Guilherme Cordel agradeceu a Deus a oportunidade de tê-la como amiga e acentuou: “Hoje ela partiu para a eternidade, mas sempre estará presente em minha memória e em meu coração”.
As inúmeras manifestações nas redes só demonstram o quanto Ana Peixoto era querida e reconhecida por intermédio dos seus livros e militância cultural.
Perfil
Ana Maria de Souza Peixoto deixa cinco filhos, três biológicos e dois do coração, e sete netos.
Livros
Naturalmente Amazonas: Noções de Geografia (Lê, 1996)
Quintal: um lugar para ser feliz (Kintaw, 2004)
História de bichos da Amazônia (Valer , 2005)
Sapos no quintal (Valer, 2010)
Os animais de meu quintal (Valer, 2010)
As frutas do meu quintal (Valer, 2010).
A Ana do nosso quintal agora é a Ana das estrelas
Foto: Facebook