Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari expõe para o mundo a ausência do Estado na Amazônia. Acrescenta-se a isso os desastres e a devastação da floresta.
Após visita ao Amazonas, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu publicou hoje (12) um artigo no Poder360.
No estado, Dirceu visitou Itacoatiara, na região metropolitana de Manaus; Tefé, no médio Amazonas; e Manacaparu, na margem esquerda do Solimões.
Ele conta que no Amazonas viu pessoalmente o desastre que o garimpo ilegal e criminoso representa para o estado.
Por exemplo, esse desastre envenena os rios e as populações da região amazônica com mercúrio.
Por isso, inviabiliza, na prática, a pesca. Além de servir de canal para o crime organizado e lavagem de dinheiro, com o contrabando de peixes cuja pesca está proibida, de ouro, e o tráfico de drogas na região de fronteiras.
“À devastação da floresta, por meio do avanço da pecuária predatória e das queimadas, se somam o garimpo ilegal e a cobiça pelas riquezas minerais das terras indígenas por parte de grandes grupos econômicos e garimpeiros”, escreveu.
O ex-ministro destaca que ouviu de interlocutores na região que a Amazônia está às vésperas de um caminho sem volta.
Ele, portanto, credita tudo isso ao desmonte dos órgãos de fiscalização feito pelo governo.
“O que estamos assistindo na Amazônia é a negação do que estabelece a Constituição Federal. Nos últimos anos, o Estado, por meio do governo federal, tem sido o principal agente responsável pelo estímulo à garimpagem, mineração, pesca e extrativismo ilegais, seja por omissão ou mesmo pelo seu estímulo”.
Urgência
Além disso, outro ponto que ele apresenta é a urgência de o Estado brasileiro retomar seu papel na Amazônia e na relação com os países vizinhos.
“As causas de tantos e graves problemas, fáceis de se identificar, se agravaram nos últimos anos devido ao desmonte dos órgãos de fiscalização, à flexibilização da legislação e do controle, ao estímulo de agentes do Estado à garimpagem ilegal e ao roubo de nossas riquezas biológicas. Falta Estado na região para dar suporte e proteger as populações ribeirinhas (pescadores e agricultores) e as nações indígenas, relegadas à própria sorte”.
Então, ao expor toda essa situação de desastre e devastação da Amazônia, Dirceu aponta o resgate de planos que existiram no governo PT: Amazônia Sustentável; Plano BR- 163 Sustentável e Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento.
Assim, na próxima viagem que fará ao Amazonas, José Dirceu promete visitar Parintins, a capital do Folclore, e Maués, município da nação sateré-mawé.
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Foto: Agência Brasil