Por Iram Alfaia , de Brasília
No contato com lideranças indígenas nesta quinta-feira, dia 25, em Manaus, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a defender a exploração mineral em terras indígenas. “O que eu quero para vocês é que vocês sejam iguais a nós. Têm que utilizar a terras de vocês como achar que tem que usar, com garimpo…”, disse ele antes de receber um cocar de um líder indígena.
Segundo a BBC News Brasil, a fala do presidente sobre o assunto tem contribuído com a expansão recente nos focos de garimpo ilegal em terras indígenas da Amazônia ocorrida desde janeiro passado.
Leia mais
Para justificar o que afirma, a empresa analisou Imagens da Planet Labs, empresa americana que mantém mais de cem satélites em órbita e fazem fotografias diárias de todo o globo.
“A atividade foi monitorada em três das terras indígenas brasileiras que mais sofrem com garimpos ilegais de ouro: a Kayapó, a Munduruku (ambas no Pará) e a Yanomami (em Roraima e no Amazonas). Somados, os três territórios ocupam uma área equivalente à do Estado de São Paulo e abrigam alguns dos trechos mais preservados da Amazônia brasileira”, diz o texto da reportagem de João Fellet e Camilla Costa.
Combate frouxo
A BBC afirmou que indígenas e ambientalistas atribuem o avanço do garimpo a declarações do presidente Jair Bolsonaro em “favor da exploração mineral em terras indígenas e ao que consideram um afrouxamento do combate a crimes ambientais pelo governo”.
“O crescimento dos focos de garimpo ocorre num momento em que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra uma alta nos índices de destruição na Amazônia e tem seu trabalho contestado pelo presidente, para quem a divulgação de dados de desmatamento pode prejudicar o país em negociações internacionais”, diz outro trecho da matéria.
Leia mais
A metodologia adota pela BBC foi a comparação de fotos nos três territórios monitorados. Pelo levantamento, houve um aumento das manchas que indicam a ação de garimpeiros. As fotos foram avaliadas por especialistas em imagens de satélite: o geólogo Carlos Souza Jr., do Imazon, e o geógrafo Marcos Reis Rosa, da Arcplan.
“Ambos confirmaram se tratar de focos de garimpo em expansão. Algumas frentes de garimpo retratadas ocupam áreas tão extensas quanto dezenas de campos de futebol”, atesta.
Foto: Alan Santos/PR