Bolsonaro não convence ambientalistas sobre proteção da Amazônia

Nos bastidores, cogita-se a demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para apaziguar as inúmeras críticas ao setor

Desapropriar terras na Amazônia é nova saia-justa entre Bolsonaro e vice

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 25/07/2020 às 04:49 | Atualizado em: 24/07/2020 às 18:57

Por meio do vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, o governo Bolsonaro acena que mudará sua política ambiental para proteger a região do desmatamento e queimadas.

Nos bastidores, cogita-se a demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para apaziguar as inúmeras críticas ao setor.

Após reuniões com investidores internacionais, que juntos somam mais de R$ 20 trilhões, e diretores de empresas brasileiras do setor bancário, dos cosméticos e da carne, Mourão chegou a anunciar medidas emergenciais como a proibição de queimadas por 120 dias na Amazônia.

Para os ambientalistas, tanto a pressão quanto as medidas são ações positivas, mas pouco efeito terá diante da grave situação ambiental na região.

Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, o ambientalista Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, uma rede que reúne diversas organizações ambientais no país, avalia que falta credibilidade para o governo.

Ele foi cético: “Ninguém acredita mais neste governo sobre o meio ambiente. O que as pessoas querem ver são resultados concretos.”

Segundo ele, o governo Bolsonaro não tem uma política efetiva para o meio ambiente. “Após 18 meses de governo Bolsonaro, onde está o plano de combate ao desmatamento na Amazônia? Ele não existe”, diz.

Caso da pesquisadora do Inpe

Ao jornal francês, o ambientalista lembra da exoneração da pesquisadora do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) Lubias Vinhas que era responsável pelo trabalho de monitoramento da devastação florestal.

O afastamento de Vinhas se deu “na semana seguinte à divulgação de dados de desmatamento da Amazônia que contrariam as promessas do governo de Jair Bolsonaro aos empresários e fundos de investimento internacionais.”

Astrini diz que os dados no primeiro ano do governo são avassaladores. “O desmatamento aumentou em 30% e no primeiro trimestre deste ano volta a bater recordes atingindo de 3.000 km2, o que representa um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.”

De acordo com Inpe, somente mês de junho foram 1.000 km² foram desmatados. O jornal destacou a ação dos madeireiros na contaminação dos povos indígenas pela Covid-19.

Com informações da RFI

 

 

Foto: Marcos Corrêa/ PR

 

 

 

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