Quase uma centena de entidades, personalidades públicas, cidadãos brasileiros e estrangeiros já assinaram a “Carta Amazônia e Mudanças Climáticas” e o mutirão de coleta de assinaturas individuais, associativas e institucionais ainda continua para quem quiser fazer parte dela.
O manifesto público foi aprovado no Encontro de Saberes, realizado entre 20 e 23 de outubro em Belém/Pará. A carta será lida e entregue no dia 9 de novembro deste ano, na Assembleia Mundial pela Amazônia, na Cúpula dos Povos, em Glasgow, Escócia.
O evento é paralelo à 26ª Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima (COP-26) que acontece na cidade escocesa, entre os dias 1 a 12 de novembro de 2021.
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“Em poucos dias, a atenção do mundo estará voltada para uma terra de montanhas, chamada Escócia, onde se reunirão vontades e esperanças de deter uma catástrofe que já acontece em todo mundo”, diz a introdução do documento.
Destinada aos governantes e aos povos da terra, a “Carta Amazônia e Mudanças Climáticas faz um alerta sobre o aquecimento do planeta, que vem derretendo a neve da Cordilheira dos Andes, descongelando o Ártico, provocando inundações e secas de grande intensidade na floresta amazônica.
“Por sua capacidade de absorver carbono da atmosfera, regular as chuvas e a temperatura, a floresta amazônica é vital para o equilíbrio climático da terra. Ataques contra a floresta são, na prática, ataques contra a humanidade”, afirmam os signatários da carta endereçada aos participantes da Cúpula dos Povos.
Constatações científicas
Dessa forma e de acordo com a constatação de estudos científicos, há provas de que nas áreas devastadas, no sul e sudeste da Amazônia brasileira, a antiga floresta, exatamente pelo sacrifício de suas árvores, está emitindo mais gás carbônico do que absorvendo.
Outras investigações comprovam também que se aproxima o ponto de não retorno, quando a floresta não terá mais capacidade de se recuperar. Em todo continente latino-americano os efeitos da destruição da floresta já são sentidos. Do Pacífico ao Caribe, da Cordilheira dos Andes aos Pampas. Os signatários da Carta destacam ainda:
a campanha da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica para que chegar a 2025 com 80% da cobertura florestal da Amazônia de pé, garantindo que o ponto do não retorno não será alcançado. a necessidade de interromper, em escala internacional, o consumo dos produtos ligados ao desmatamento da Amazônia, como os derivados do agronegócio predador. a demarcação e proteção de todas as terras indígenas e das comunidades tradicionais, cessando imediatamente as invasões e os ataques. exigir o cumprimento da Convenção 169 da OIT, que garante consulta livre e bem-informada aos povos e populações tradicionais, no caso de projetos que afetam nossos territórios e nosso modo de vida. cessar com os custos sociais, ambientais e culturais impostos por megaprojetos hidrelétricos, de infraestrutura e monoculturas de soja, dendê, eucalipto, acácia que em nada beneficiam a vida e são ameaças concretas à existência do planeta.
Como deter a catástrofe climática
“Quando esta carta chegar às vossas mãos, governantes do mundo, é possível que estejam discutindo sobre como destinar os recursos previstos para deter a catástrofe climática. Deixem-nos dizer sinceramente, que nenhum centavo deve ser destinado para quem, através de ataques abertos ou falsas soluções ambientais, promove a destruição da natureza e sua transformação de ente vivo em coisa morta”, afirmam os assinantes do documento.
Na opinião dos signatários, os recursos do mundo para defender a floresta devem ser destinados aos que derramam seu sangue, afrontam a violência e mesmo assim são os mais comprometidos defensores da natureza.
Por isso, para eles é justo que os envolvidos nesse processo recebam diretamente os recursos destinados para salvar a floresta. “Desta forma, poderemos potencializar e expandir nossa ação, beneficiando toda humanidade”, escrevem.
Troca de conhecimentos e percepções
Os apelos são feitos por indígenas, quilombolas, pescadores, moradores das cidades amazônicas, cientistas de várias áreas que, reunidos por quatro dias em Belém, Pará, trocaram conhecimentos, percepções e chegaram a essas conclusões descritas na “Carta do Encontro de Saberes: Amazônia e Mudanças Climáticas”
“Não há como salvar o clima do planeta sem deter os ataques contra a Amazônia e nossa gente. Acreditamos que a força dos povos do mundo será capaz de mudar esta história. Uma Amazônia preservada e vitoriosa será o trampolim de uma nova humanidade”, diz o documento em seu encerramento.
Para ler a íntegra da “Carta do Encontro de Saberes: Amazônia e Mudanças Climáticas e assinar, basta clicar no linka seguir : https://www.forosocialpanamazonico.com/cartaencontrodesaberes/ .
Foto: Reprodução