Guardado o respeito com os alertas da ciência e a memória da tragédia vivida pelo Amazonas há exato dois anos, nas primeira e segunda onda da covid-19 , e a chegada da ômicron, mas o barulho que se ouve hoje, 12 de janeiro, não tem, neste momento, fundo de caixa capaz de produzir eco na mesma proporção. E louve-se o papel das vacinas nesse cenário.
Dessa forma, o leão que ruge agora morde como gatinho de madame. E o drama de hoje se mostra muito diferente dos de 2020 e 2021, este principalmente.
São números oficiais que mostram isso.
É verdade que os casos novos diários dispararam. Para não ir longe, eles saltaram de 229 no boletim do governo do dia 9 para 1.219 no de ontem, terça-feira.
Observando apenas esse dado que compõe o boletim da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), o número é alarmante. E, talvez, poderia sê-lo ainda mais se, de fato, os diagnósticos que estão sendo feitos fora da rede oficial estivessem sendo contados.
Pior seria também se houvesse a contagem daqueles casos de pessoas que estão preferindo se tratar com plantas e cascas medicinais da região.
Mas, o boletim também é constituído de outros dados. Esses podem provocar um outro olhar sobre a pandemia, inclusive das conquistas alcançadas na guerra com esse ser que se revela depois do ataque ao organismo humano.
Leia mais
Óbitos
Embora se lamente qualquer vida perdida nessa guerra que dura dois anos, os números oficiais mostram que o cenário atual é distante de tragédia.
Por exemplo, o número de vítimas fatais do coronavírus no Amazonas é muito distante do vivido na segunda onda. Foi logo no início de 2021, depois das eleições e das festas de fim de ano.
Situando essa comparação nos 11 primeiros dias deste ano com 2021 será possível perceber o quanto o estado, hoje, apresenta maior resistência nessa guerra.
Nos onze dias de 2022, o número de óbitos lançado pela FVS em seus boletins diários foi de 15 vítimas fatais. Entretanto, foram 471 no mesmo período do ano passado, com média diária de 43 vidas perdidas ao dia. Agora, 1,3.
Internações
Os números de internados nos hospitais das redes pública e privada também são importantes nessa avaliação comparativa a corroborar que o leão ruge, mas não morde forte.
Enquanto em 2021 havia 2.048 internadas nos 11 primeiros dias do ano, hoje são 98. A média diária, portanto, foi de 186 hospitalizações contra menos de dez neste momento.
Estrutura a postos
Ao que tudo indica, o Governo do Estado já percebeu esse movimento da pandemia, como se percebe nos dados da capacidade instalada para vítimas da covid.
Basta ver.
Em 2021, a rede pública tinha 1.291 leitos; hoje, só 200. Ou seja, 100% a mais do que o número de internados.
Desses leitos no ano passado, 345 eram de UTI; agora, 83. Nos de enfermaria, os chamados clínicos, eram 886 contra atuais 108.
Leia mais
Triunfo da vacina
Depois de dois anos de muito luto e cenas que vão entristecer muitos por muito tempo, o amazonense hoje pode dar um certo suspiro de alívio. Contudo, sem esquecer que é preciso manter a vigilância contra os muitos vírus respiratórios que circulam.
Afinal, foi graças a esse cuidado e o atendimento ao chamado para a vacinação que o Amazonas conseguiu conter as mortes pela covid. Em que pese ainda existir um alto universo de negacionistas da eficiência da ciência médica na luta contra o vírus, o estado entra 2022 com ânimo revigorado. Todavia, mais atento e precavido, sem menosprezar o poderio letal do vírus da covid e de outras síndromes respiratórias.
Além das mensagens diárias que as autoridades de saúde do Governo do Estado e da Prefeitura de Manaus fazem para que a população se proteja, as medidas de restrição são necessárias para dispersar aglomerações e evitar que o vírus continue se espalhando. E, mais do que isso, siga se fortalecendo em mutações cada vez mais contagiantes.
Como resultado, ao que tudo indica, o Amazonas pode colher bons frutos depois de dois anos de muito sofrimento. São avanços que devem ser destacados e creditados a todos que diariamente estão na trincheira lutando contra o vírus. É uma tropa de valor, formada pelo cidadão, pelos profissionais de saúde e pelas autoridades, que vai derrotar também o terrível vírus dos que agora desprezam a ciência.
Essa ciência, é bom que se ressalte, é a mesma que lá atrás livrou os antepassados e até mesmo os hoje negacionistas de inúmeras doenças.
Foto: Divulgação/Secom