Mais uma má notícia na área ambiental da Amazônia aprofunda a imagem negativa do país no exterior. A Rádio França Internacional divulgou que orçamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Especiais) está ameaçado.
Segundo a RFI, a proposta de 2021 do Orçamento da União para a AEB (Agência Espacial Brasileira) é tão insignificante que só será suficiente para manter o pessoal do Instituto.
Com base em informações do jornal Folha de S.Paulo, a RFI destaca que o Inpe recebe verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da AEB.
Os recursos dos dois órgãos serão cortados, mas a do AEB terá uma redução pela metade, passando de R$ 63,6 milhões para R$ 32,7 milhões em 2021.
Ou seja, pode não ter recursos para o trabalho de monitoramento por satélite sobre queimadas e desmatamento na Amazônia.
“A notícia cai mal, num momento em que os índices de desmatamento da Amazônia batem recorde atrás de recorde. O último deles aponta uma elevação de 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020”, alertou a RFI.
O Inpe é o órgão responsável por realizar o monitoramento por satélites mais confiável das queimadas das florestas brasileiras, ao acompanhar alterações da cobertura vegetal do país.
“Quando você analisa a história da luta contra o desmatamento no Brasil, você vê que a gente conseguiu um sucesso grande, principalmente no primeiro governo Lula, graças a essa expertise do Inpe, do seu monitoramento e a transparência desses dados”, explicou à emissora Alice Thuault.
Ela é coordenadora-adjunta do Instituto Centro de Vida, que atua no combate às queimadas ilegais na Amazônia há quase 30 anos.
“Todo mundo espera, mês a mês, por esses dados, e começar a colocar em xeque a possibilidade de produzi-los seria uma catástrofe”, completou.
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Cortes
Os cortes no Inpe são significativos se for considerado o ano de 2005 quando o órgão recebeu R$ 205 milhões. Para o próximo ano, a programa é de apenas R$ 79,7 milhões.
Em dezembro, o ex-diretor do organismo Ricardo Galvão se desligou do cargo por contestar publicamente o presidente Jair Bolsonaro a respeito do avanço das queimadas na Amazônia.
*Com informações da RFI
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil