Caso Djidja: plano era criar vila da Pai, Mãe, Vida para uso da ketamina

Polícia Civil investiga família de Djidja Cardoso por tráfico de cetamina e criação de seita religiosa.

Djidja Cardoso: família usava de remédio bovino, diz polícia

Diamantino Junior

Publicado em: 21/06/2024 às 11:05 | Atualizado em: 21/06/2024 às 13:02

A família de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido encontrada morta em Manaus no fim de maio, planejava criar uma vila na Zona Norte da capital amazonense para ampliar o grupo religioso fundado por eles e fazer uso indiscriminado de cetamina ou ketamina. A informação foi divulgada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (20/6), após a conclusão do inquérito policial sobre o caso.

O laudo da necropsia aponta que a morte de Djidja foi causada por “depressão dos centros cardiorrespiratórios centrais bulbares; congestão e edema cerebral de causa indeterminada”. A polícia investiga se o quadro foi causado por overdose de cetamina, anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980 e só pode ser vendida com receita.

Criação de comunidade para uso de Cetamina

Segundo o delegado Cícero Túlio, as investigações revelaram que a família de Djidja queria criar um espaço para que pessoas viciadas em cetamina pudessem utilizar livremente a substância. “Eles almejavam a criação de uma comunidade, a partir da compra de um terreno na Região Norte aqui de Manaus, para criar uma espécie de vila onde as pessoas iriam ali residir naquele ambiente e fazer uso indiscriminado da cetamina, além de promover os cultos de forma criminosa”, explicou o delegado.

Indiciamentos

A mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso, e o irmão dela, Ademar Cardoso, foram indiciados por tortura com resultado de morte, tráfico de drogas e outros 12 crimes. Outras nove pessoas envolvidas no caso também foram indiciadas pela polícia. Após isso, o Ministério Público deve denunciá-los à justiça.

Envolvimento de outros membros

O grupo envolvia também o ex-namorado de Djidja, Bruno Rodrigues, Hatus Silveira, que se passava por personal trainer dela, além de funcionários de uma rede de salões de beleza administrada pela família da ex-sinhazinha, e de funcionários de um petshop, suspeitos de facilitarem a aquisição da substância.

Operação

Durante as investigações, foi identificado que Cleusimar Cardoso, Ademar Cardoso e Djidja Cardoso, com o auxílio do ex-namorado de Djidja, Bruno Rodrigues, e dos funcionários Claudiele Santos da Silva, Verônica da Costa Seixas e Marlisson Vasconcelos Dantas, operavam o esquema criminoso, promovendo a realização de cultos religiosos com a utilização de entorpecentes.

Montagem de clínica veterinária

Segundo o delegado, o grupo criminoso também pretendia montar uma clínica veterinária para facilitar o acesso e a compra de medicamentos de uso controlado com apoio dos donos de clínicas veterinárias, Sávio Pereira, José Máximo de Oliveira e Roberleno Fernandes. “A família também era auxiliada por Hatus Silveira, apontado como elo entre os autores e os fornecedores das substâncias”, relatou Cícero Túlio.

Prisões

A polícia representou, nesta semana, pela conversão da prisão temporária em preventiva de Bruno Rodrigues, ex-namorado de Djidja, com base nas provas coletadas em seu aparelho celular que indicam a participação do indiciado também na gestão da seita criminosa.

Os crimes

Os crimes atribuídos aos indiciados são:

Tráfico de drogas

Associação para o tráfico

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Falsificação, adulteração ou corrupção de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais

Aborto provocado sem consentimento da vítima

Estupro de vulnerável

Charlatanismo

Curandeirismo

Sequestro e cárcere privado

Constrangimento ilegal

Favorecimento pessoal

Favorecimento real

Exercício ilegal da medicina

Tortura com resultado morte

Presos na Operação

Além da mãe e irmão de Djidja, estão presos funcionários do salão de beleza da família, o ex-namorado da empresária, o coach e ex-personal trainer da família, além de dois funcionários de uma clínica veterinária suspeita de fornecer a cetamina para o grupo. A Justiça do Amazonas concedeu prisão domiciliar à maquiadora Claudiele Santos da Silva, ao maquiador Marlisson Vasconcelos Dantas e a um dos funcionários da clínica veterinária apontada como fornecedora de cetamina para a família de Djidja.

Confira abaixo quem são as pessoas que foram presas até o momento:

Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso.

Cleusimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja.

Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza Belle Femme.

Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro do mesmo salão.

Claudiele Santos da Silva, maquiadora do mesmo salão.

Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja.

Hatus Silveira, se identificava como personal trainer de Djidja.

Dois funcionários da clínica veterinária suspeita de fornecer cetamina para a família Cardoso.

José Máximo de Oliveira, dono da clínica veterinária suspeita de fornecer cetamina para a família Cardoso.

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Foto: reprodução