Nesta semana, o Governo do Amazonas apresentou um plano para a retomada gradual das atividades econômicas a partir de 14 de maio, mas esse processo está condicionado à análise da curva da pandemia de Covid-19 no estado, como ressaltou o governador Wilson Lima.
Coordenado pelos professores Samy Dana e Alexandre Simas, o estudo faz uma projeção das mortes pelo novo coronavírus e do pico da doença nos estados do Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro, além do Brasil de modo geral.
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No caso do Amazonas, o modelo mostra que o estado está atravessando o pico de casos neste momento, mas também prevê uma “grande exaustão” do sistema de saúde local, tanto público quanto privado.
“O Amazonas entrou no pico agora, faz alguns dias, e o pico não é um dia só. A projeção é que fique no pico. Estamos levantando agora o número de sepultamentos do sistema funerário e vendo a comparação da média histórica dos períodos dos outros anos. Estamos tentando melhorar a todo custo para cada dia ter um modelo melhor”, explicou o economista Samy Dana.
Segundo ele, as projeções têm confiabilidade de 95% e levam em conta que as condições atuais de isolamento social sejam mantidas.
“Estamos conversando com várias autoridades, inclusive aí do Amazonas, para que a gente tenha os dados diariamente e possa rodar e fornecer os resultados. Tem que ser um monitoramento diário”, acrescentou.
Por isso, o economista defende que a retomada das atividades e a flexibilização das medidas restritivas sejam feitas com cautela, levando em consideração o comportamento da curva de casos nos próximos dias.
“Enquanto não tivermos uma confiança em que o pico está baixando e que o sistema vai aguentar, por uma questão de responsabilidade não podemos recomendar o afrouxamento”, disse.
Modelo adaptativo
O estudo, que seguiu para publicação em revista científica, surgiu da necessidade de se ter um modelo de previsão para a Covid-19 mais flexível, adaptado ao perfil do Brasil e de suas regiões, que possuem realidades tão distintas.
“Não dá para tratar o Brasil como um todo por dois motivos. Primeiro porque se faltam leitos no Amazonas, não adianta ter leito sobrando em São Paulo. A pessoa não consegue chegar lá, e então é como se fosse outro país do ponto de vista de mobilidade de leitos”, acrescentou Samy Dana.
Para refinar melhor os resultados, a equipe usou um modelo epidemiológico adaptativo baseado no número de óbitos, que os especialistas acreditam ser o dado mais confiável hoje no Brasil.
Metodologia da pesquisa
Entre as variáveis usadas estão a quantidade e ocupação de leitos e a pirâmide etária, considerando que a letalidade da doença é menor entre os mais jovens.
O objetivo é projetar um cenário de estresse do sistema de saúde para auxiliar o poder público nas tomadas de decisão.
“Levamos em consideração a pirâmide etária, o número de leitos e, também, como não se sabe a proporção de infectados não detectados para infectados detectados, resolvemos trabalhar com número de leitos e número de mortos porque o número de mortos, ainda que possa ter a subnotificação, é muito menor do que a subnotificação de pessoas infectadas que não foram detectadas porque são assintomáticas”, justificou o economista.
Isolamento social
Para Samy Dana, os dados apresentados pelo estudo reforçam a importância do distanciamento social, que precisa ser levado a sério pela população.
Foto: Secom