O pesquisador Aiala Couto, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, estuda a hipótese da relação das atividades do narcotráfico com os crimes ambientais na Amazônia. O assunto foi debatido, este mês, em conferência virtual da entidade.
Aiala é professor do Departamento de Geografia da UEPA (Universidade do Estado do Pará). Como pesquisador em segurança pública, ele estuda junto ao fórum as dinâmicas do crime organizado na região.
“É preciso começar a estudar a hipótese da relação do narcotráfico com o contrabando de minérios e madeira em direção à Europa”, afirmou Aiala Couto à jornalista Renata Vilela, do site Reconta Aí.
De acordo com ele, outras atividades podem estar interconectadas com o narcotráfico. Entre as quais, o garimpo, mineração, tráfico de pessoas (exploração sexual) e lavagem de dinheiro.
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O professor diz que o narcotráfico brasileiro utiliza cidades, rios, portos, estradas e aeroportos no tráfico da cocaína.
“O rio Amazonas é a grande porta de entrada da cocaína de origem andina em território brasileiro”, explicou.
O rio Solimões, afirmou o professor, cumpre o principal papel de corredor de chegada da droga. Nesse contexto, o Amazonas é a porta de entrada e, o Pará, distribuidor.
“No Pará as drogas e contrabando, principalmente de minério, são distribuídos dentro e fora do país”.
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A ex-presidente do Ibama Suely Araújo concordou com as prováveis ligações entre crime organizado e ambiental.
De acordo com ela, o mapa dos crimes ambientais na Amazônia mostra que o arco do desmatamento circunda o mapa do narcotráfico.
“Inclui uma circunferência que abarca o Pará, o Mato Grosso e Rondônia, principalmente. Porém, ele é dinâmico e recentemente começou a incluir o sul do estado do Amazonas, chegando à área com violência e degradação ambiental partindo do Acre e Rondônia”, diz.
Além disso, ela destacou que é possível notar que as infrações estão conectadas, assim como o dinheiro que alimenta essas grandes operações ilegais.
“Por isso, a forma de combatê-las tem mais a ver com inteligência do que com força bruta. Apesar das forças de Segurança Pública terem um papel fundamental na parte final do processo, sobretudo em autuações”.
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Com informações do Reconta Aí
Foto: divulgação/PF