O presidente emérito da Câmara de Gestão e Estudos Superiores do Instituto do Desenvolvimento da Mineração (IDM Brasil), Elton Rohnelt, disse que os garimpeiros que invadiram, com balsas e dragas, o rio Madeira, em Autazes, deveriam ser tratados como heróis.
Autazes é um dos 62 municípios amazonenses que fica a 113 quilômetros de Manaus.
Empresário com décadas de atuação no garimpo, Elton Rohnelt (na foto, o terceiro a partir da esquerda ) avisa que as atividades ilegais não vão parar com a repressão policial e destruição das dragas e balsas.
De acordo com ele, é muito ouro para ser explorado. “A Polícia Federal vai lá, queima máquina, dão porrada, no outro dia tá de novo. Pegam o ouro com a mão”, disse ele ao jornalista Maurício Angelo, do Observatório da Mineração.
“O garimpeiro não está fora da lei, quem está fora da lei é o estado brasileiro que não legisla, deixa o cara fora da lei pra levar porrada. Se o garimpeiro chegar com o ouro na cidade, é denunciado, a Federal prende, tira o ouro dele. O que ele prefere? Contrabandear”,
Para ele, os garimpeiros deveriam receber o mesmo tratamento dos mineradores em outros países. “Quem descobre ouro nos Estados Unidos ou Canadá vira herói e tem auxílio do governo.”
“Não interessa se é área indígena. Onde for, o governo vai ajudar. Quer o ouro para fortalecer o país. Aqui no Brasil não, prefere que vá tudo pro contrabando”, diz.
A IDM Brasil presta uma espécie de assessoria técnica para a Frente Parlamentar da Mineração no Congresso Nacional.
Ele se diz que amigo de Jair Bolsonaro e “gostaria de ajudá-lo mais”, porém o presidente prefere ficar com a turma do Planalto que “não sabe porra nenhuma.”
Em 1997, quando foi deputado federal por Roraima (1995 a 2003), ele viajou na companhia do também deputado Bolsonaro para São Gabriel da Cachoeira onde visitaram a região de Seis Lagos na Cabeça do Cachorro, considerada a maior reserva de nióbio do planeta.
Desde o final dos anos 80, ele possui dezenas de requerimentos para exploração mineral em terras indígenas, incluindo a TI Yanomami e na região da Cabeça do Cachorro.
Trajetória
Com 80 anos, o gaúcho está radicado na Amazônia há décadas. Na região, foi diretor de madeireira e dono de garimpo.
Ele é apontado pela Comissão Nacional da Verdade como o líder da invasão garimpeira na Terra Indígena Yanomami na década de 1980, quando ocorreu um genocídio.
Rohnelt ainda foi vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso e assessor direto de Michel Temer.
Na Câmara, o empresário relatou do Projeto de Lei n. 1610 de 1996, do ex-senador Romero Jucá, o primeiro a tratar sobre a exploração mineral em terras indígenas.
“A relatoria de Rohnelt foi simples: apoiou integralmente o projeto”, diz o Observatório.
Foto: Presidência da República