O Governo brasileiro quer que empresas, fundos de investimento e pessoas físicas, tanto do Brasil como dos outros países, contribuam com dinheiro para preservar a Amazônia.
Para isso, lançou na terça-feira uma iniciativa em busca de patrocinadores para as 120 reservas naturais criadas nas últimas décadas. E multinacional francesa foi a primeira a aderir ao plano.
As reservas abrangem 15% da superfície da maior floresta tropical do mundo em território brasileiro. São 63 milhões de hectares.
Segundo a reportagem do El País, o programa Adote um Parque foi apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.
Nesse sentido, o nome subestima a exuberância, a extensão e o valor ecológico dessas áreas, somadas têm o tamanho da França.
Os ambientalistas o consideram uma iniciativa meramente propagandística.
Patrocinadores
Então, a iniciativa está aberta a patrocinadores estrangeiros, embora, para Bolsonaro e boa parte dos brasileiros, o interesse externo no território amazônico esconda ameaças à sua soberania.
O preço difere. Os brasileiros podem adotar uma reserva ecológica por 50 reais (8 euros, 9 dólares) por hectare; os estrangeiros, por 10 euros (65 reais).
França
Por enquanto, a primeira, e única empresa que aceitou participar é a rede francesa de supermercados Carrefour.
Por outro lado, o presidente francês, Emmanuel Macron, é precisamente o mandatário que criticou mais duramente nos últimos dois anos o Governo de Bolsonaro por seu desinteresse em preservar a Amazônia.
Por exemplo, pelo crescimento do desmatamento a níveis recordes e pelo aumento das queimadas.
Brasil
O El País acrescenta que o ultradireitista, que em campanha criminalizou as ONGs e prometeu priorizar o desenvolvimento econômico da Amazônia sobre sua preservação, referiu-se à coincidência:
“O que podemos falar para aqueles que nos criticam é o seguinte: ‘Olha, não temos condições, por questões econômicas, de atender nessa área. Venham nos ajudar. E uma empresa francesa foi a primeira que apareceu”.
O Carrefour planeja, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, formalizar a adoção da reserva de Lago do Cuniã, de 75.000 hectares, localizada em Rondônia, na fronteira com a Bolívia.
Esse território, do tamanho de Caracas, tem um estatuto legal que permite a extração controlada de madeira ou a agricultura de subsistência.
Ainda mais, outras cinco empresas negociam patrocínios, disse o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, à agência Bloomberg.
Ativista
Ao Carrefour e a outras empresas que possam estar interessadas, a gestora florestal e ativista Cristiane Mazzeti pediu em um tuíte que parem de usar o meio ambiente para limpar sua reputação e “se apressem em cumprir suas promessas de desmatamento zero”.
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Foto: Imazon