A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, determinou que o órgão investigue o suposto desvio de 19 toneladas de bisteca compradas no governo de Jair Bolsonaro (PL) para os povos indígenas do Vale do Javari, no Amazonas.
De acordo com o Estadão, o governo anterior adquiriu o produto por meio de um contrato de R$ 568,5 mil, que visava garantir a alimentação dos indígenas entre 2020 e 2022.
A reportagem do jornal investigou 5,5 mil compras de alimentos para terras indígenas em todo o país e constatou que, a pretexto da pandemia de covid-19, metade foi feita sem licitação.
“A reportagem cruzou dados das compras, de responsáveis pelas entregas e recepção das remessas e ouviu lideranças e famílias. Além de potencial irregularidade, os processos revelam, em comum, o desperdício de milhões de reais”, diz o texto.
A presidente da Funai determinou que a área técnica do órgão faça apuração sobre o contrato para saber o que aconteceu.
O problema, de acordo com especialistas, é que o governo Bolsonaro ignorou também hábitos alimentares dos ianomâmis e gastou R$ 4,4 milhões com sardinha e linguiça.
Leia mais
Eco no parlamento
O assunto repercutiu nesta segunda-feira (15) no parlamento. “São 19 toneladas de bisteca, R$ 4,4 milhões de linguiça e sardinha, que Bolsonaro dizia, eram para alimentar povos indígenas na Amazônia”, disse a líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ).
“Para além do tipo de alimentos, é preciso saber onde foram parar os produtos que nunca chegaram nas aldeias?”, afirmou a líder.
Na avaliação de Jandira, o caso pode revelar mais uma face desumana do governo anterior.
“Em meio à crise humanitária que viviam e à tragédia anunciada de morte e inanição, Bolsonaro mais uma vez deixou a digital na política cruel e criminosa imposta ao povo em seus quatro longos anos de governo”.
Foto: Divulgação